Nota de editor:
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texto, foram tomadas várias decisões quanto à
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mantida de acordo com o original. No final deste livro
encontrará a lista de erros corrigidos.
Rita
Farinha (Março 2012)
BIBLIOTECA DE PEDOLOGIA NACIONAL
Dr. ALVES DOS SANTOS
Professor da Universidade de Coimbra
EDUCAÇÃO NOVA
AS BASES
I
O CORPO DA CRIANÇA
(Com 32 figuras, no texto)
Livrarias Aillaud e Bertrand
PARIS—LISBOA
Livraria Chardron |
| |
Livraria Francisco Alves |
PÔRTO |
| |
RIO DE JANEIRO |
1919
Educação Nova
DO AUTOR:
1)
Estatística (numérica e gráfica)
das
escolas da 2.ª circunscrição escolar, Lisboa, 1906, ed. oficial, 1 vol.
2)
A nossa escola primária (o que tem sido; o que
deve ser), Pôrto,
1910, 1 vol.
3)
Psicologia e pedologia (uma missão scientífica,
no estrangeiro),
Coímbra, 1913, 1 fasc.
4)
O ensino primário em portugal (nas suas
relações com a história
geral da Nação), Pôrto, 1913, 1 vol.
5)
O crescimento da criança portuguesa (subsidios
para a constituição
de uma pedologia nacional), Coímbra, 1915, 1 vol.
6)
Elementos de filosofia scientífica, Coímbra,
1915; 2.ª ed., Lisboa,
1918, 1 vol.
7)
Educação nova (As bases)—
O corpo da
criança—Lisboa,
1919, 1 vol.
EM PREPARAÇÃO:
8)
Educação nova (As bases)—
A
mentalidade da criança—1 vol.
BIBLIOTECA DE PEDOLOGIA NACIONAL
Dr. ALVES DOS SANTOS
Professor da Universidade de Coimbra
EDUCAÇÃO NOVA
AS BASES
I
O CORPO DA CRIANÇA
(Com 32 figuras, no texto)
Livrarias Aillaud e Bertrand
PARIS—LISBOA
Livraria Chardron |
| |
Livraria Francisco Alves |
PÔRTO |
| |
RIO DE JANEIRO |
1919
Todos os exemplares desta edição teem a rubrica
autógrafa do autor
Educação Nova: As Bases
«Oh! le bruit des petits pieds de l'enfant!
ce bruit léger et doux des générations qui
arrivent, indécis, incertain comme l'avenir.
L'avenir, c'est nous qui le déciderons peut-être,
par la manière dont nous aurons élevé
les générations nouvelles».
Preface de l'Education et hérédité, I, de
M. Guyau
Mero
subsídio para a constituìção de uma
pedologia nacional,
não tem outras pretensões o presente livro que,
no pensamento do seu autor, se destina, tam sómente, por
agora, a desbravar um terreno, a monte ainda quási, nos
domínios da nossa pedagogia.
Os
elementos, de que nos servimos, longe de serem
respigados em
obras estrangeiras, como é de uso
corrente,
entre nós, derivam de
observações e experiências,
feitas sobre crianças da nossa terra.
Assim, se irá organizando uma
pedologia portuguesa,
tam necessária à nossa
educação.
Neste primeiro volume, ocupar-nos hemos do
corpo da
criança, com o fim de investigar as
leis do
crescimento,
em Portugal; no segundo
[1], estudaremos a
mentalidade
da criança, para conhecer as
energias
psíquicas, que são
características do nosso
agrupamento étnico.
Importa ponderar que, em o nosso país, sem desprimor
para ninguêm, em vez de
sciência, tem-se feito
literatura
pedagógica...
Há excepções, bem o sei; mas, de tal guisa, fica confirmada...
a
regra.
¿Não terá soado ainda a hora de enveredar pelo caminho
das nações cultas?...
Introdução
«On ne connoît point l'enfance:... Commencez
donc par mieux étudier vos élèves
car très-assurément, vous ne les connoissez
point.»
Preface d'Emile, III, de
J. J. Rousseau.
INTRODUÇÃO
I
A criança; sua concepção bio-psíquica e social
1.—Como
organismo vivo que é, a
criança, do mesmo
modo que as
plantas e os
animais,
está sujeita às
leis físico-químicas
e
biológicas, que regulam a
actividade de
todos os
sêres vivos, que existem à superfície da
terra.
Mas, alêm da
vida vegetativa, que pertence às
plantas,
e da
vida sensitiva, que é própria dos
animais superiores,
possue ainda a
criança a
vida
intelectual, apenas partilhada
com o
homem, do qual incessantemente se aproxima,
desde o início da sua
evolução.
2.—Por virtude da
vida vegetativa, a criança
«
cresce»,
isto é,
aumenta de volume e de densidade, à medida
que
se afasta do
nascimento, de conformidade com as
leis específicas,
que determinam o
ritmo e as outras
características
dêsse «
crescimento».
Sob êste aspecto, a
criança não tem outra
função senão
a de «
crescer», isto é, de adquirir um
desenvolvimento
somático, cujo termo, em
circunstâncias
normais, só à
hereditariedade
pertence estabelecer e fixar.
3.—Mercê da
vida sensitiva que, no sentido rigoroso
do têrmo, é apanágio exclusivo dos sêres dotados dum
sistema nervoso, a
criança
aprende, cada vez com maior
eficácia e precisão, a manter com o
meio, em que tem
de
viver, o
equilíbrio, de que carece, para a conservação da
sua
vida, isto é, a
adaptar-se.
[12]
Seja qual fôr o conceito que se fizer da
sensação,
como
expressão mais simples, e elemento irredutível da
consciência;
mas, tendo em vista o
processo evolutivo da
diferenciação
e da
complexidade orgânica, não padece dúvida
que o
fenómeno da irritabilidade, que já se encontra
no
mundo vegetal, de par com os
tropismos das
plantas, pode
ajudar a esclarecer o
mistério da
sensibilidade geral, que
os
animais superiores tambêm usufruem, e por cuja
virtude
a
criança se torna capaz de tirar o máximo proveito
das suas
experiências, em relação ao
mundo
externo[2].
4.—Finalmente, pela
vida do pensamento, que se
manifesta
sempre em perfeita correlação com o
desenvolvimento
cerebral, a criança adquire a
capacidade de
reagir,
por um
dinamismo progressivo, à
acção das
influências
cosmo-telúricas, subtraíndo-se a essas e a outras
influências,
ou atenuando-as, em proveito da sua
individualidade.
Manifestações desta
vida (tambêm chamada
de
relação),
alêm da
espontaneidade, que torna possível a
resistência
ao
automatismo dos instintos e dos
hábitos
orgânicos,
são a
reflexão, que prepara o advento e a
consolidação
da
personalidade, e a tendência de
integração no
meio social, como uma das bases essenciais do
carácter[3].
5.—Importa, porêm, advertir que, apesar desta tríplice
existência funcional, a
vida da
criança, como a do
homem,
não se scinde, nem sofre
soluções de continuidade,
antes constitue uma
unidade orgânica, e uma
concentração
de energias, que não divergem entre si, senão pelo
mecanismo, a que dão origem, e pelas
tendências e
impulsividades,
que despertam
[4].
[13]
6.—Vê-se, pois, que a
criança, na integral
complexidade
dos
elementos que a constituem, e na plenitude das
fôrças que a caracterizam, é um
organismo, cuja
estrutura
e
actividade dependem, não sómente das
energias físico-químicas,
a que todo o
Universo está sujeito, como tambêm
sofrem a influência de tôdas as
leis biológicas e
psíquicas,
que interveem, tanto na formação da
consciência
reflexa do homem adulto, como na
dinamogenia dos
instintos,
que engendram a
vida social[5].
II
Sciências da Criança: Pedologia, Psico-pedagogia
Pedagogia
experimental; outros ramos da Pedagogia
1.—A
pedagogia moderna, aceitando a proposta do
professor Blum, de Lyon
[6], emprega a palavra
pedologia
para designar a
sciência natural da criança[7].
Mas a
criança pode ser estudada
em si
mesma, sem
outro intuito que não seja o de a
conhecermos, do
mesmo
modo que o botanista estuda as
plantas, ou o
entomólogo,
os
costumes dos animais. Neste caso, o
estudo da criança
será
desinteressado; e, para ser profícuo, não
poderá deixar
de submeter-se às
regras do método, que a sciência
preconiza para a
investigação de não importa que
fenómenos
da natureza. Teremos, então, a
pedologia
pura que,
sendo o
estudo integral da criança, compreende:
1) a
biologia infantil (conhecimento da
natureza física
da criança, em todos os
estádios da sua
evolução);
2) a
psicologia infantil (estudo da
mentalidade da
criança); e
3) a
sociologia infantil (estudo da
sociabilidade da
criança).
Pelo seu lado, cada um dêstes
ramos da
pedologia
subdivide-se ainda em diferentes
capítulos,
consoante as
necessidades da
especialização scientífica.
Assim, a
biologia infantil ou
fisio-pedologia inclue o
[15]
estudo da
anatomia e da
fisiologia do
embrião; do
recêm-nascido;
e da
criança, em tôdas as
idades do
«crescimento»[8].
A
psicologia infantil ou
psico-pedologia, consoante descreve
os
processos mentais da criança, ou procura explicar
a
sua origem e evolução, assim se denomina
estrutural
ou
estática, e
funcional ou
dinâmica[9].
A
psico-pedologia estrutural deve os seus mais
assinalados
progressos aos
trabalhos de Tiedemann, Sigismund,
Kussmaul, Preyer, etc.
[10]
Quanto à
psico-pedologia dinâmica, importa ainda
distinguir
o estudo dos
processos mentais da criança, na sua
continuidade vital (genética), ou no seu
funcionamento
orgânico (cinemática), como fizeram, alêm doutros psicólogos
notáveis, John Dewey, de Chicago, e o seu discípulo
Irving King
[11].
2.—Considerando, porêm, a
criança, sob um
aspecto
utilitário, isto é, estudando-a com
determinados
intuitos,
ou para
determinado fim, é da
pedologia
aplicada que temos
de nos socorrer, ou da
pedotecnia, como agora se
diz.
Esta tambêm sofre divisões, conforme incide sobre a
criança doente, que importa
curar
(pediatria), ou sobre a
criança delinqùente, que é necessário
regenerar (pedotecnia
judiciária), ou ainda sobre a
criança, que
nos propomos
educar (pedagogia experimental).
A
pediatria compreende a
higiene
infantil, a
clínica
infantil e a
psiquiatria infantil; e a
pedotecnia judiciária
subdivide-se em
criminologia infantil, e
profiláctica
pedológica.
Resta a
pedagogia experimental, que se desdobra na
[16]
psico-pedagogia (
psicologia
infantil aplicada à
pedagogia),
na
higiene escolar, e na
ortofrenia (estudo das
crianças
mentalmente anormais).
O
esquêma que, a seguir, publicamos condensa e
mostra
as relações que as
sciências pedológicas manteem,
entre si.
Como se observa, nêsse
quadro, pelo lugar que nêle
ocupa, a
pedagogia experimental é a sciência que
aplica
ao estudo da
criança normal os
princípios da
pedologia
teórica ou pura, no intuito de a
educar.
3.—Há, porêm, outros
ramos da pedagogia que, embora
na aparência independentes, todavia, não derivam
doutra
fonte que não seja da
pedologia:
sciência comum
e geral da criança. São os seguintes:
1) a
pedagogia filosófica, que estuda as
questões gerais
da pedagogia e da pedologia (
conceito e natureza da
educação;
fins a que tende;
leis que a
regulam;
possibilidade
e necessidade da educação;
factores da
educação; e seus
agentes;
princípios gerais e
fundamentais da pedagogia[12];
2) a
pedagogia histórica, que estuda os
sistemas de educação,
na vida da humanidade,
através da
história[13];
3) a
pedagogia propedêutica, ou
arte de
educar (aprendizagem
da
técnica do ensino);
4) a
pedagogia escolar, que se ocupa da
organização
material e pedagógica das escolas[14];
5) e, finalmente, a
pedagogia administrativa, que
trata
da
administração e do govêrno do ensino[15].
[17]
|
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anatomia infantil. |
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Bio-pedologia (Somática) |
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fisiologia infantil. |
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estrutural. |
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Geral ou pura
(Desinteressada) |
Psico-pedologia
(Psíquica) |
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genética. |
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funcional |
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cinemática. |
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Sócio-pedologia.
(Social) |
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higiene infantil. |
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pedologia
(Sciência
natural da
criança).[16] |
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Pediatria
(a criança doente ou anormal) |
clinica infantil. |
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psiquiatria infantil. |
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|
criminologia infantil. |
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Aplicada ou Pedotecnia
(Intencional) |
Pedotecnia Judiciária
(a criança delinqùente) |
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profiláctica pedológica. |
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psico-diagnóstica. |
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psico-pedagogia |
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psico-técnica. |
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Pedagogia experimental
(a criança sã e normal) |
higiene escolar. |
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ortofrenia. |
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[18]
III
A vida da criança; fases que atravessa durante o «crescimento»,
ou idades da evolução do organismo humano
1.—A
vida da criança, tanto sob o ponto de vista
somático,
como em relação à sua
actividade psíquica, varia com
a
idade e com o
sexo; e difere,
não só
em quantidade, como
tambêm e principalmente
em qualidade, da vida do
adulto
[17].
A existência incontestável desta
diferenciação estrutural
e dinâmica das crianças entre si, e da
criança com o
adulto, levanta o problema dos
factores do
desenvolvimento,
e o da
progressão funcional das energias
bio-psíquicas,
que nêle interveem.
¿Em que medida é que a
hereditariedade e o
meio influem
na
evolução da criança; e porque é que o
aparecimento
e a
acção dos processos psíquicos estão sujeitos à
lei do
progresso contínuo?
Dum modo mais geral, pode preguntar-se, se existe alguma
relação entre o
desenvolvimento bio-psíquico da
criança e o da
espécie humana, através das
idades geológicas;
ou se, pelo contrário, a
doutrina da recapitulação
carece de
apoio sólido, em que se firme
[18].
[19]
Nós, remetendo o leitor para os
estudos
especializados,
que se referem à
interpretação genética das energias
orgânicas do crescimento, e à
apreciação das
influências
mesológicas, que sôbre elas agem
[19], passamos à enumeração
das
fases da vida das crianças, de conformidade
com o
critério fisiológico da dentição, combinado
com o da maturidade sexual[20].
2.—São seis as
idades da evolução do organismo
humano,
desde o início da
vida extra-uterina, até à
idade adulta:
1)
recêm-nascença (até ao fim do
primeiro
mês, depois
do
nascimento);
2)
infância (desde o fim do
primeiro
mês, até aos
três anos);
3)
puerícia (desde os
três anos,
até aos
sete);
4)
adolescência (desde os
sete,
até à idade que oscila,
para os rapazes,
entre os doze e os catorze anos;
para as
raparigas,
entre os onze e os treze);
5)
puberdade (desde o
fim da
adolescência, até a
uma
época que, segundo as circunstâncias, tambêm varia, em
relação a cada
sexo; não indo, porêm, entre nós, em
regra,
alêm dos
dezasseis anos, para os rapazes, e dos
quinze
para as raparigas);
6)
nubilidade (desde os
quinze ou
dezasseis anos, até
aos
vinte)
[21].
3.—A
recêm-nascença inicia-se pela
crise, resultante
[20]
da passagem da
vida intra-uterina do
feto para a
vida
extra-uterina; e assinala-se, no
recêm-nascido, pela existência
de
características, que importam o mais absoluto
automatismo[22].
À
criança que vem de nascer, chamou Virchow
«
um
ser espinhal», para significar, sem dúvida, que é como
um
anencéfalo, que ela se comporta, em todos os seus
movimentos.
Efectivamente, o
recêm-nascido é uma pura
máquina
de reflexas, que a
necessidade de adaptação ao
meio exclusivamente
acciona,
sob risco de morte. A
espontaneidade
só virá com o
funcionamento sensorial que, nesta
curtíssima
idade, só muito imperfeitamente se
manifesta
[23].
4.—A
infância é a época, em que se completa a
primeira
dentição (os vinte
dentes do leite)
[24]; e
em que, ao
ser fisiológico, que era a
criança, se ajunta agora um
ser
intelectual[25].
Compreende duas
fases principais, indo a
primeira,
desde o início do
segundo mês, até aos
catorze ou dezasseis
[21]
meses; e a
segunda, desde
aí, até aos
três anos completos.
Infância, quer dizer:
idade em que se não
fala (de
infans,
antis); todavia, a partir dos
doze ou trêze
mêses, a
criança principia já a emitir
sons articulados; e,
desde os
dezoito até aos
vinte e quatro,
mostra-se possuidora da
linguagem pròpriamente dita[26].
Alêm desta aquisição, tambêm pertence à
segunda fase
da infância a
auto-locomoção ou a
marcha, que entra de
ensaiar-se, em regra, nos rapazes, entre os
doze e os
dezasseis mêses; e, nas raparigas, entre os
dez e os
quinze[27].
5.—À terceira
idade do «crescimento» chamou (e com
muita propriedade) o nosso Garrett
puerícia (de
puer,
ĕris). É a
segunda infância, dos franceses, que se compreende
entre os
três anos e os
sete (início da
segunda
dentição, que apenas se completará, aos
vinte
anos)
[28].
Como, em seu lugar, veremos, as
tendências
dominantes desta
idade são os
jogos; a
imitação activa; a
sugestibilidade;
e os
interesses, que predominam, ligam-se ao
desenvolvimento da vida mental.
6.—A
fase peri-pubertária costuma designar-se pela
palavra
adolescência (de
adolĕscens,
ĕntis).
Alunos do Colégio Moderno
fase pubertária
|
|
14 anos |
15 anos |
[24]
Nesta
idade, como veremos, «a
criança principia a
emancipar-se;
a sua
personalidade desenha-se, esboça-se»
[29];
numa palavra, a
natureza, neste
estádio da
evolução, cuida de preparar o
individuo para a grande
transformação orgânica
e psíquica, que vai ser realizada, na idade seguinte.
7.—Essa
idade é a
puberdade.
Segundo Paul Godin, a
fase pubertária é «o momento
do desenvolvimento humano, em que o
poder germinal
orienta tôdas as fôrças do organismo para a
função da
reprodução»
[30].
Outros chamam-lhe a
idade crítica; o
eixo
do crescimento;
e todos são concordes em atribuir os
desequilibrios
biológicos e psíquicos, em que é fertil, à
convulsão
orgânica,
produzida pelo
despertar do gérmen vivo, que
dormitava
na criança, desde o dia do
nascimento.
A
puberdade, cuja aparição, entre nós, eu tenho
estudado
[31],
alêm dos
efeitos pilares do púbis e das axilas,
da
mudança da voz e, no sexo feminino, do
aparecimento
do
fluxo menstrual, manifesta-se tambêm pelo aumento
do
tecido conjuntivo, pelo engrossamento dos
ossos, pelo
robustecimento dos
músculos, e pelo máximo de
volume e
densidade do cérebro[32].
8.—A última
fase da evolução é a
nubilidade, que
muitos identificam já com a
idade adulta.
O
indivíduo, perdendo as
características
infantis, diferenciou-se,
segundo a
lei dos sexos; e tornou-se definitivamente
apto para
viver sobre si, e para assegurar a
persistência
da espécie.
IV
Elementos e subsídios, de que podemos dispor,
para a constituição de uma pedologia nacional
1.—De modo análogo ao que sucede em países estrangeiros,
tambêm, entre nós, se há procurado obter (embora
com fortuna vária)
factos em primeira mão, que
possam
esclarecer os
problemas relativos ao «crescimento» da
criança portuguesa.
Podem considerar-se como
centros de investigação
pedológica
os seguintes
institutos:
1) a
Escola-oficina n.º 1, de Lisboa, que é uma
escola
de ensino integral e de preparação profissional, destinada
a
adolescentes (dos 7 aos 14 anos)
[33];
2) o
Instituto médico-pedagógico da Casa Pia, de
Lisboa,
dirigido pelo ilustre pedagogista, Dr. Costa Ferreira,
que é autor de
publicações interessantes sobre
pedologia;
3) a
Tutoria do Pôrto, onde teem sido feitos
exames
e observações antropométricas e psiquiátricas em menores
delinqùentes, pelo distinto antropologista, Dr. Mendes
Corrêa;
4) a
Tutoria de Lisboa, de que foi
juiz
presidente o
Dr. Pedro de Castro
[34];
[26]
5) a
Sociedade de estudos pedagógicos[35];
6) a
Escola preparatória Rodrigues Sampaio, de que
foi director o consideradíssimo professor e eminente pedagogista,
Dr. Adolfo Coelho;
7) a
Escola Central de Reforma, de Caxias, dirigida
pelo P.
e António d'Oliveira;
8) o
Laboratório de psicologia experimental da Faculdade
de Letras da Universidade de Coímbra, que nós
fundámos e dirigimos, por deliberação desta
Faculdade,
que, em 1912, nos mandou à França e à Suíça, a fim de
estudarmos a organização dos
laboratórios
psicológicos, e
de adquirirmos os
utensílios e
aparelhos
necessários para
o funcionamento de um, em Coímbra
[36].
2.—Algumas das
investigações, realizadas nestes
Institutos,
tanto sobre
pedometria, como sobre
psico-física
dos órgãos dos sentidos, e outros
processos
psicométricos,
foram divulgadas pela
imprensa; mas o maior número
das
observações e
experiências
pedológicas, de que felizmente
podemos dispor, tem-se conservado
inédito, mercê de
várias
causas, entre as quais avulta aquela que se refere à
carência de
recursos pecuniários, para ocorrer às
despesas
a efectuar com a sua publicação, dada a criminosa
indiferença
do Estado por esta
ordem de serviços, que
tem
reputado de
somenos importância, visto que ainda se
não
resolveu a votar as
verbas necessárias para a sua
organização,
como
base essencial de todo o
sistema de
ensino
público e de tôda a
obra de educação
nacional.
No
laboratório de psicologia da Universidade de
Coímbra,
desde 1912, que se não cessa de
observar e
experimentar
sobre
crianças e
adultos, no
intuito de esclarecer
[28]
alguns dos mais importantes
problemas da
psico-física, da
psico-fisiologia e da
pedologia,
sendo considerável já o
dossier dos
trabalhos realizados,
principalmente na parte
que se refere à
acuidade sensorial;
função
mnésica;
tempos
de reacção;
ergografia;
sugestibilidade;
psico-patologia
da atenção, da imaginação, da inteligência;
sentido
cromático;
doenças oculares;
psicologia do testemunho;
dinamogenia dos sentimentos; etc.; etc.
Universidade de Coímbra:
Laboratório de Psicologia Experimental
Sala de conferências
Sala do laboratório
Os
resultados de tôdas estas
experiências serão devidamente
considerados, no presente trabalho (principalmente,
no 2.º volume), de par com as
observações e estudos
análogos
feitos nos outros
estabelecimentos que indicamos.
V
Bibliografia portuguesa de assuntos relativos à psicologia
e à pedologia
1.—
Questões gerais de pedagogia e pedologia:
1) Almeida Garrett,
Da Educação, 1.ª ed. Londres,
1829;
2) Dr. Adolfo Coelho,
Os elementos tradicionais da
educação,
Pôrto, 1883;
3) Idem,
Questões pedagógicas (os exercícios
militares
na escola), separata do
Instituto, Coímbra, 1911;
4) Idem,
A pedagogia do povo português, apud
Portugalia,
V. I, fasc. I;
5) Idem,
O estudo da criança, apud "
A
Tutoria" (revista
mensal defensora da infância), n.
os correspondentes
aos anos de 1912 e 1913, Lisboa;
6) Idem,
Educação e Pedagogia, apud
Boletim
da Direcção
Geral de Instrução Pública, Lisboa, 1902, fasc. I-V;
7) Dr. Alves dos Santos,
A nossa escola primária,
Pôrto, 1910;
8) Idem,
O ensino primário em Portugal (nas suas
relações com a história geral da Nação), Pôrto, 1913;
9) Agostinho de Campos,
Educação e Ensino, Pôrto,
1911;
10) Idem,
Casa de pais, escola de filhos, 3.ª ed.,
Lisboa,
1917;
11) D. Virgínia de Castro e Almeida,
Como devemos
criar e educar os nossos filhos, Lisboa, 1908;
12) Idem,
Como devo governar a minha casa, Lisboa,
1916;
[30]
13) Carneiro de Moura,
A instrução educativa e a organização
geral do Estado, Lisboa, 1909;
14) Faria de Vasconcelos,
Lições de Pedologia e Pedagogia
experimental, Lisboa;
15) Mário Fortes,
Manual de educação fisica, Viseu,
1906;
16) F. Palyart Pinto Ferreira,
Algumas notas
pedagógicas,
Lisboa, 1916;
17) António Sérgio,
Educação Cívica, Pôrto;
18) Luísa Sérgio,
O Método Montessori, Pôrto;
19) Dr. Mendes Corrêa,
Crianças delinqùentes,
Coímbra,
1915;
20) P.
e António d'Oliveira,
Criminalidade-Educação,
Lisboa, 1918;
21) J. Augusto Coelho,
Manual Prático de Pedagogia,
Pôrto.
2.—
Assuntos especiais, e monografias sobre pedometria e
pedotecnia:
1) Dr. Alves dos Santos,
Psicologia e Pedologia,
Coímbra,
1913;
2) Idem,
O Crescimento da criança portuguesa,
Coímbra,
1917;
3) J. Freire de Matos,
Medida da atenção, por meio dos
tempos de reacção, apud
Revista da Universidade de
Coímbra,
vol. IV, n.
os 2 e 3;
4) A. C. Barroso da Silveira,
Determinação do valor físico
do adulto (memento das mensurações mais importantes
do corpo humano), Lisboa, 1917;
5) Dr. Costa Ferreira,
O pêso do corpo da criança,
apud
Archivo de Anatomia e anthropologia, Lisboa,
1915,
vol. 3.º, n.º 2;
6) Idem,
Sobre psicologia e pedagogia do gesto,
Lisboa,
1916;
7) Idem,
Sobre umas provas de exame da atenção voluntária
visual, Coímbra, 1916;
8) Idem,
Agudeza visual e auditiva das crianças,
Lisboa,
1916;
[31]
9) Idem,
A visão das côres, Coímbra, 1916;
10) Idem,
Auxanometria Militar, Lisboa, 1917;
11) Idem,
Sobre a pigmentação da íris nalguns escolares
portugueses, Coímbra, 1918;
12) A. Pires de Lima,
Jogos e canções infantis,
Pôrto,
1916;
13) António Alfredo Alves,
Jogos infantis, apud
Revista
de Educação (boletim da S. E. P.), Lisboa, 1912, n.º 4;
14) Alberto Pessoa,
A prova testemunhal, Coímbra,
1913;
15) Costa Sacadura,
A escrita direita e a escrita
inclinada
(sua influência na função respiratória), Lisboa,
1907;
16) Eugénio de Castro Rodrigues,
Méthodes d'enseignement
dans les écoles primaires, Lisboa, 1900;
17) Salvador Marques,
Algumas palavras em defesa
da criança, Lisboa, 1918;
18) Novais e Sousa,
Assistência e Maternidade,
Coímbra,
1915;
19) Costa Ferreira e José Pontes,
Wounded of the war
at the Institute of S.ta Isabel, Lisboa, 1918;
20) A. M. de Lima Carvalho,
A reeducação da fala
dos gagos e tatibitátes (tratado de ortofonia), Coímbra,
1918;
21) Costa Santos,
Higiene ocular, Lisboa, 1914;
22) A. Aurélio da Costa Ferreira,
Dois sphygmogramas
de gagos, Lisboa, 1918.
Pedologia Somática
«La nature a, pour fortifier le corps et le
faire croître, des moyens qu'on ne doit jamais
contrarier».
Livre II, 99, d'Emile, de
J. J. Rousseau
Pedologia Somática
(O Corpo da Criança)
CAPITULO I
Fases da vida dos organismos. «Crescimento»; suas espécies;
e modos de o estudar.
Leis do «crescimento»; e factores que o modificam.
1.—Existem na
vida dos sêres organizados (cada vez
mais acentuadamente, à medida que da
planta se passa
ao
animal e dêste ao
homem) tres
fases ou
períodos (de desigual
extensão) que, por suas
características essenciais,
se tornam
dissemelhantes e
irredutíveis uns aos outros:
1)
um tempo de crescimento (anabolia), que se
efectua,
por virtude dum
predomínio da assimilação funcional
sobre a
desassimilação orgânica;
2)
uma fase de decadência ou
decrescimento (catabolia)
determinada, de modo inverso, pela
preponderância da
desassimilação sobre a assimilação;
3)
um período de relativa estabilidade ou
equilíbrio
biológico (probolia), durante o qual o
organismo se
reproduz.
Temos, pois, uma
época construtiva, de
integração orgânica
que, depois da
fase êmbrio-fetal, se realiza durante
um têrço aproximadamente da
vida humana (desde a
nascença
até à
nubilidade); um
período
destrutivo, de
desintegração
biológica, que prepara e acompanha a
velhice e
conduz à
morte; e, finalmente, uma
época
intermediária,
que subsiste, durante a
juventude e a
maturidade.
2.—A
Pedologia, considerando apenas a primeira fase
[36]
do
metabolismo humano, distingue entre o
«crescimento»
normal e o
«crescimento» anormal; e,
em ambos, atende
tanto à
morfologia (desenvolvimento estrutural),
como à
fisiologia (desenvolvimento funcional).
Abandonando o estudo do
«crescimento» anormal à
pediatria
e à
psiquiatria; e, reenviando o leitor, em matéria
de
«crescimento» normal, na parte relativa à
vida intra-uterina,
para os tratadistas da
embriologia, restringiremos
o nosso trabalho à análise da
ontogénese do organismo
humano,
desde o
nascimento até à
idade
adulta.
Sob o
aspecto estrutural, o
corpo da
criança, através
das
idades de evolução, varia,
em função do
tempo:
1) nas
dimensões
2) na
forma
3) nas
proporções
4) nos
elementos, de que se compõe.
E, quanto ao
desenvolvimento fisiológico, todos sabem
que as
funções orgânicas divergem com a idade, e que
há certos
fenómenos, cuja manifestação se verifica
apenas
em
fases já avançadas do «crescimento».
A
criança transforma-se, pois; isto é, adquire as
características
da
idade adulta, por uma série de
transformações
contínuas, cuja
sucessão é determinada, e
cujo
aparecimento e
limites são
função do tempo[37].
A
isto se chama «
crescimento»
que, como veremos,
pode ser
absoluto ou
relativo,
consoante se referir ao
ritmo
da evolução, ou às
proporções do corpo,
nas diferentes
idades desta.
3.—Para estudar a
dinâmica do «crescimento»,
servem-se
as
sciências pedológicas da
pedolexia (observação
da criança) e da
pedometria (mensuração da criança).
A
análise incide, tanto sobre os
órgãos e os
sistemas,
como sobre as
funções; e as
medidas
somáticas devem
ser
individuais,
periódicas e
polimétricas, isto é, devem
abranger todos os
segmentos do organismo.
[37]
É o que se designa pela expressão de
método
auxanológico.
Reduzindo a
esquêma esta
processologia, temos:
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Estrutural
(exame dos órgãos) |
|
|
Pedolexia
(Observação da criança) |
|
|
|
Funcional
(exame das funções)
|
|
|
|
|
Investigação
do
«crescimento»
|
|
|
|
|
|
|
craniométrica |
|
|
toracométrica
|
|
Pedometria
(Mensuração da criança) |
braquiométrica
|
|
|
|
cruriométrica
|
|
|
|
pelvimétrica
|
4—Em o nosso país, as
observações e
mensurações,
realizadas no intuito de conhecer as
leis do
«crescimento»,
são pouco numerosas; todavia, algumas existem; e, na
verdade, em quantidade bastante, pelo que respeita ao
«crescimento» absoluto, cujo
ritmo, como adiante se verá,
reputamos, em relação ao sexo masculino, suficientemente
estabelecido e
determinado.
Mas, em matéria de
leis do «crescimento», importa
separar
aquelas que, por sua natureza mesma, se tornam extensivas
a
tôdas as crianças, seja qual fôr o
meio em que
vivam, e as
raízes antropológicas, donde procedam; e
aquelas que pertencem exclusivamente às
crianças de cada
agregado social, e não abrangem senão os indivíduos que
participam dum
género de vida análogo, e promanam
de uma mesma
origem étnica.
Enumeraremos, entre as primeiras, como mais importantes:
1) a
lei de Buffon (a que chamaremos
de
contraste),
em virtude da qual o
feto cresce,
cada vez
mais, à medida
que se aproxima do
nascimento, ao passo que a
criança
cresce,
cada vez menos, à medida que se
avizinha da
puberdade;
2) a
lei da periodicidade, que regula a
sucessão de esfôrço
e repouso (relativo), na
dinâmica do
crescimento;
3) a
lei da alternância, por cuja virtude os
membros
[38]
do corpo (sobretudo, as
pernas)
crescem principalmente
antes e durante a
puberdade, e o
busto, depois;
4) a
lei das compensações, que se revela na
aceleração
do crescimento de certos
órgãos, em
relação a outros
mais
desenvolvidos[38].
À segunda categoria pertence, alêm da
lei do ritmo
(modalidade ou manifestação da
lei da
periodicidade), a
lei das proporções, que preside a tôda a
dinâmica do
crescimento
relativo.
5.—Estas
leis, como
resumo e
expressão, que são, das
relações entre os
fenómenos
considerados, incluem, tambêm
no caso presente, o
conceito das
causas ou dos
factores
que agem sôbre o «
crescimento».
Indicaremos:
1) entre os
determinantes fisiológicos: a
raça, a
gestação,
o
sexo, a
consanguinidade e a
alimentação;
2) dos
factores mesológicos: o
meio
cosmo-telúrico
(
clima,
estações,
ar
livre,
claustração, etc.) e
social (
vida
citadina, e
de campo,
profissões e
ocupações sociais,
etc.);
3) dentre os
agentes patológicos: as
doenças (crónicas,
ou agudas), o
raquitismo, a
insuficiência tiroidiana, os
estados neuropáticos, etc.;
4) finalmente, das
causas pedagógicas: os
exercicios físicos,
a
gimnástica, os
jogos, etc.
Cada um dêstes
factores age, a seu modo, sobre o
mecanismo
do «crescimento», robustecendo ou embaraçando,
consoante as circunstâncias, a
energia
intra-orgânica, que
é a
causa primordial de tudo, naquele
mecanismo[39].
CAPITULO II
«Crescimento» absoluto; sua determinação, em relação
à criança portuguesa; tabelas de médias, e respectivas curvas.
O ritmo do crescimento em Portugal
1.—Como noutro lugar dissemos
[40], o
«crescimento»
absoluto (determinável pelas
medidas
sintéticas: altura,
pêso, perímetro torácico) denuncia o
ritmo da
evolução,
que é diferente, segundo a
procedência étnica, e
varia com
o
meio, tanto
físico, como
social.
Para o estudo dêste «
crescimento», entre nós, e
organização
das respectivas
tabelas de médias, dispomos de
elementos antropométricos, mais do que suficientes,
em
quantidade, e óptimos,
em qualidade.
Êsses
elementos, já por nós seriados
[41], são os
seguintes:
1)
mensurações e
pesagens
efectuadas, durante um período
de seis anos, duas vezes em cada ano (novembro e
julho), sobre um total de 1.385 indivíduos, do sexo masculino,
de idades compreendidas entre os dez e os dezoito
anos, no antigo
Colégio Militar, pelo médico João
Carlos
Mascarenhas de Melo
[42];
2)
mensurações e
pesagens, de
Pedro Ferreira, no extinto
[40]
Colégio de Campolide, durante quatro anos
seguidos
(1905-1909) sobre 1227 crianças, do sexo masculino,
de idades que variam, desde os seis até aos vinte
anos
[43];
3)
mensurações e
pesagens do dr.
Morais Manchego,
realizadas em
escolas primárias, do sul do País,
sobre
1.829 crianças, do sexo masculino, desde os seis até aos
dezanove anos de idade
[44];
4)
mensurações e
pesagens
efectuadas, na
Maternidade
de Lisboa, sob a direcção do falecido professor Alfredo da
Costa, desde 1899 a 1904, sobre mais de 2.800 crianças, de
ambos os sexos, logo em seguida ao
nascimento[45];
5)
pesagens de crianças tuteladas pela
Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa, em número de mais de 100.000,
de idades compreendidas entre o
nascimento e os doze
mêses, desde 1907 até 1913
[46].
6)
mensurações e
pesagens do dr.
Samuel Maia, realizadas
em Lisboa, no ano de 1908, sobre 5.912 crianças,
de ambos os sexos, de 0 aos 10 anos de idade;
7)
mensurações e
pesagens
efectuadas, no
liceu de
Coímbra, durante doze anos (1905-1916), sobre um total
de 1.180 alunos, do sexo masculino, de idades variáveis
entre os dez e os vinte anos;
8)
mensurações e
pesagens,
realizadas, no
Instituto Feminino
de Educação e Trabalho, de Odivelas, sob a direcção
da médica D. Adelaide Cabete, durante dois anos consecutivos
(1914-1916), sobre 157 alunas;
9)
mensurações e
pesagens,
empreendidas, na
Escola
[41]
de Alunos Marinheiros do norte (Leça de Palmeira)
desde
1913 a 1916, sobre 241 alunos, do sexo masculino;
10) finalmente,
mensurações e
pesagens, realizadas,
desde 1912, no
laboratório psicológico da Faculdade
de
Letras, de Coímbra, sobre crianças de diferentes idades e
procedências, como meio de iniciação dos alunos da
Escola
Normal Superior na prática da
mensuração
antropométrica, pelo emprêgo do
método auxanológico[47].
2.—De tôdas estas
medidas, aproveitando aquelas
que,
por suas
características, se tornam
comparáveis, organizamos
os seguintes
quadros de médias do
crescimento
absoluto, normal, da criança portuguesa, desde o nascimento
até à idade adulta:
3.—O
quadro n.º 1 (Alturas) baseia-se num total de
vinte
e uma mil e seiscentas mensurações, assim distribuídas:
1)
Maternidade de Lisboa (ambos os sexos), 2.877;
2)
Samuel Maia (ambos os sexos), 8.685;
3)
Colégio de Campolide (sexo masculino), 1.221;
4)
Colégio Militar (sexo masculino), 1.385;
5)
Morais Manchego (sexo masculino), 1.829;
6)
Liceu de Coimbra (sexo masculino), 4.731;
7)
Instituto, de Odivelas (sexo feminino), 631;
8)
Escola de alunos marinheiros, do norte (sexo
masculino), 241.
[42]
Idades |
Maternidade
de Lisboa
|
Samuel
Maia
|
Pedro
Ferreira
|
Colégio
Militar
|
Morais
Manchego
|
Liceu
de Coímbra
|
Instituto
feminino
de Odivelas
|
Alunos
Marinheiros
|
Médias
gerais
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
Recêm-nascido
|
Nascimento
|
50,24
|
49,55
|
—
|
—
|
—
|
—
|
— |
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
50,24
|
49,55
|
0-1
|
—
|
—
|
66
|
63
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
66
|
63
|
Infância
|
1-2
|
—
|
—
|
74
|
72
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
74
|
72
|
2-3
|
—
|
—
|
83
|
81
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
83
|
81
|
Puerícia
|
3-4
|
—
|
—
|
89
|
88
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
89
|
88
|
4-5
|
—
|
—
|
96
|
94
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
96
|
94
|
5-6
|
—
|
—
|
109
|
104
|
113,5
|
—
|
—
|
—
|
108
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
110
|
104
|
6-7
|
—
|
—
|
110
|
106
|
119,5
|
—
|
—
|
—
|
114
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
114,5
|
106
|
7-8
|
—
|
—
|
111
|
110
|
124
|
—
|
—
|
—
|
119
|
—
|
—
|
—
|
—
|
117
|
—
|
—
|
118
|
113,5
|
Adolescência
|
8-9
|
—
|
—
|
116
|
115
|
129
|
—
|
—
|
—
|
124
|
—
|
—
|
—
|
—
|
120,5
|
—
|
—
|
123
|
117,7
|
9-10
|
—
|
—
|
123
|
122
|
133
|
—
|
132
|
—
|
127
|
—
|
—
|
—
|
—
|
125
|
—
|
—
|
128,7
|
123,5
|
10-11
|
—
|
—
|
—
|
—
|
138
|
—
|
135
|
—
|
131
|
—
|
132
|
—
|
—
|
129
|
—
|
—
|
134
|
129
|
11-12
|
—
|
—
|
—
|
—
|
144
|
—
|
139
|
—
|
135
|
—
|
136
|
—
|
—
|
134,5
|
—
|
—
|
138,5
|
134,5
|
12-13
|
—
|
—
|
—
|
—
|
148
|
—
|
143
|
—
|
139
|
—
|
139
|
—
|
—
|
141,5
|
—
|
—
|
142
|
141,5
|
Puberdade
|
13-14
|
—
|
—
|
—
|
—
|
154,5
|
—
|
150
|
—
|
147
|
—
|
143
|
—
|
—
|
148
|
—
|
—
|
148,6
|
148
|
14-15
|
—
|
—
|
—
|
—
|
160,5
|
—
|
157
|
—
|
149
|
—
|
153
|
—
|
—
|
152
|
—
|
—
|
154,8
|
152
|
15-16
|
—
|
—
|
—
|
—
|
165
|
—
|
162
|
—
|
156
|
—
|
159
|
—
|
—
|
152,8
|
—
|
—
|
160,5
|
152,8
|
16-17
|
—
|
—
|
—
|
—
|
165,5
|
—
|
163
|
—
|
161
|
—
|
164
|
—
|
—-
|
154
|
161
|
—
|
162,9
|
154
|
Nubilidade
|
17-18
|
—
|
—
|
—
|
—
|
166
|
—
|
165
|
—
|
163
|
—
|
165
|
—
|
—
|
153,7
|
161,2
|
—
|
164
|
153,7
|
18-19
|
—
|
—
|
—
|
—
|
169
|
—
|
169
|
—
|
165
|
—
|
166
|
—
|
—
|
151
|
161,3
|
—
|
166
|
151
|
19-20
|
—
|
—
|
—
|
—
|
171
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
168
|
—
|
—
|
154
|
161,5
|
—
|
166,8
|
154
|
[43]
O
quadro n.º 2 (Pêso) foi elaborado, em presença
dos
documentos que acusam o elevado número de
cento e dezassete
mil e dez pesagens, efectuadas nos seguintes
Institutos:
1)
Maternidade de Lisboa (ambos os sexos), 2.549
pesagens;
2)
Misericórdia de Lisboa (ambos os sexos), 100.824;
3)
Colégio Militar (sexo masculino), 3.034;
4)
Colégio de Campolide (sexo masculino), 1.214;
5)
Morais Manchego (sexo masculino), 1.271;
6)
Liceu de Coimbra (sexo masculino), 2.370;
7)
Samuel Maia (ambos os sexos), 4.878;
8)
Instituto Feminino, de Odivelas (sexo feminino),
633;
9)
Escola de alunos marinheiros (sexo masculino),
237.
Idades
|
Maternidade
de Lisboa
|
Misericórdia
de Lisboa
|
Colégio
Militar
|
Colégio de
Campolide
|
Morais
Manchego
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
Nascimento
|
3.236
|
3.103
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
0-1
|
—
|
—
|
7.500?
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
1-2
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
2-3
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
3-4
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
4-5
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
5-6
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
6-7
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
20.400 |
—
|
—
|
—
|
7-8
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
23.400
|
—
|
—
|
—
|
8-9
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
25.200
|
—
|
—
|
—
|
9-10
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
27.500
|
—
|
—
|
—
|
10-11
|
—
|
—
|
—
|
—
|
29.000
|
—
|
29.600
|
—
|
26.260
|
—
|
11-12
|
—
|
—
|
—
|
—
|
30.500
|
—
|
31.600
|
—
|
28.390
|
—
|
12-13
|
—
|
—
|
—
|
—
|
33.000
|
—
|
35.200
|
—
|
30.880
|
—
|
13-14
|
—
|
—
|
—
|
—
|
36.500
|
—
|
39.000
|
—
|
32.350
|
—
|
14-15
|
—
|
—
|
—
|
—
|
42.000
|
—
|
44.600
|
—
|
35.630
|
—
|
15-16
|
—
|
—
|
—
|
—
|
47.000
|
—
|
50.300
|
—
|
39.580
|
—
|
16-17
|
—
|
—
|
—
|
—
|
51.500
|
—
|
55.200
|
—
|
46.430
|
—
|
17-18
|
—
|
—
|
—
|
—
|
53.000
|
—
|
56.300
|
—
|
50.000
|
—
|
18-19
|
—
|
—
|
—
|
—
|
55.500
|
—
|
59.100
|
—
|
52.910
|
—
|
19-20
|
—
|
—
|
—
|
—
|
58.500
|
—
|
60.500
|
—
|
54.500
|
—
|
20-21
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
60.500
|
—
|
—
|
—
|
[44]
QUADRO N.º 2 (Continuação)
Idades
|
Samuel
Maia
|
Liceu de
Coímbra
|
Instituto feminino
de Odivelas
|
Alunos
Marinheiros
|
Médias
gerais
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
Nascimento
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
3.236
|
3.103
|
0-1
|
7.500
|
7.000
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
7.500
|
7.000
|
1-2
|
7.000
|
8.700
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
7.900
|
8.700
|
2-3
|
11.700
|
11.250
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
11.700
|
11.250
|
3-4
|
13.600
|
14.550
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
13.600
|
14.550
|
4-5
|
12.900
|
14.290
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
12.900
|
14.260
|
5-6
|
13.800
|
15.700
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
13.800
|
15.700
|
6-7
|
17.450
|
16.450
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
18.900
|
16.450
|
7-8
|
19.500
|
18.140
|
—
|
—
|
—
|
21.687
|
—
|
—
|
21.450
|
16.913
|
8-9
|
20.700
|
20.950
|
—
|
—
|
—
|
23.225
|
—
|
—
|
22.950
|
22.087
|
9-10
|
22.900
|
23.250
|
—
|
—
|
—
|
24.480
|
—
|
—
|
25.200
|
23.865
|
10-11
|
—
|
—
|
28.000
|
—
|
—
|
26.573
|
—
|
—
|
28.200
|
26.573
|
11-12
|
—
|
—
|
30.000
|
—
|
—
|
30.170
|
—
|
—
|
30.100
|
30.170
|
12-13
|
—
|
—
|
33.000
|
—
|
—
|
36.302
|
—
|
—
|
33.000
|
36.302
|
13-14
|
—
|
—
|
37.000
|
—
|
—
|
42.239
|
—
|
—
|
36.200
|
42.239
|
14-15
|
—
|
—
|
42.000
|
—
|
—
|
46.510
|
—
|
—
|
41.050
|
46.510
|
15-16
|
—
|
—
|
48.500
|
—
|
—
|
49.435
|
—
|
—
|
46.300
|
49.435
|
16-17
|
—
|
—
|
53.000
|
—
|
—
|
50.402
|
52.500
|
—
|
52.000
|
50.402
|
17-18
|
—
|
—
|
55.000
|
—
|
—
|
51.100
|
53.500
|
—
|
53.500
|
51.100
|
18-19
|
—
|
—
|
57.500
|
—
|
—
|
51.372
|
54.000
|
—
|
55.125
|
51.372
|
19-20
|
—
|
—
|
60.000
|
—
|
—
|
50.000
|
55.000
|
—
|
56.675
|
50.000
|
20-21
|
—
|
—
|
60.500
|
—
|
—
|
—
|
—
|
—
|
60.500
|
—
|
[45]
Finalmente, para a elaboração do
quadro n.º 3
(Perímetro
torácico), cujas médias são a
expressão sintética de
sete mil
mensurações, contribuíram os seguintes
estabelecimentos:
1)
Colégio Militar (sexo masculino), com 1.385;
2)
Colégio de Campolide (sexo masculino), com 1.223;
3)
Liceu de Coímbra (sexo masculino), com 2.225;
4)
Escola de alunos marinheiros
(sexo masculino),
com 2.167.
Idades
|
Colégio
Militar
|
Colégio de
Campolide
|
Liceu de
Coimbra
|
Escola de
Alunos
Marinheiros
|
Médias
gerais
|
6-7
|
—
|
57,3
|
—
|
—
|
57,3
|
7-8
|
—
|
59,3
|
—
|
—
|
59,3
|
8-9
|
—
|
59,3
|
—
|
—
|
59,3
|
9-10
|
—
|
60,7
|
—
|
—
|
60,7
|
10-11
|
62,5
|
61,9
|
61,4
|
—
|
61,9
|
11-12
|
64
|
63,6
|
63
|
—
|
63,5
|
12-13
|
66
|
65,5
|
65,1
|
—
|
65,5
|
13-14
|
69
|
67,8
|
66,9
|
—
|
67,9
|
14-15
|
72
|
71,2
|
67,1
|
—
|
70,1
|
15-16
|
75,5
|
74,7
|
67,8
|
—
|
72,6
|
16-17
|
78,5
|
77,8
|
79,1
|
83
|
79,6
|
17-18
|
80
|
79,3
|
80,3
|
85
|
81,1
|
18-19
|
81,5
|
80,8
|
81,2
|
85
|
82,1
|
19-20
|
82,5
|
81,8
|
82,7
|
85
|
83
|
20-21
|
—
|
82
|
82,6
|
—
|
82,3
|
[46]
4.—As condições em que foram
mensuradas tôdas as
crianças, a que estes
quadros se referem, assim como
a
técnica adoptada nas
mensurações,
e ainda os
gráficos que
exprimem as respectivas
médias; tudo isso se pode
ver,
pormenorizadamente exposto, descrito e apreciado, em a
nossa
monografia, já citada, sobre o
«crescimento» da
criança portuguesa.
5.—Mas, alêm dos
elementos enumerados, podemos
acrescentar
outros, que daqueles não divergem
sensivelmente,
e são provenientes do
liceu Pedro Nunes, e do
Colégio Moderno, de Coímbra, onde presentemente, com
o
auxílio dos alunos da
Escola Normal Superior, nos
entregamos
a
estudos de pedometria, no intuito de conhecer
e determinar, com precisão, as
leis do crescimento,
em
Portugal.
A seguinte
tabela inscreve as médias das
mensurações
realizadas, no referido
liceu, no ano lectivo de
1914-1915:
Idades
|
N.º de alunos
|
Altura
|
Pêso
|
Ampl. torácica
|
9
|
12
|
1m,327
|
30k,5
|
51mm
|
10
|
50
|
1m,342
|
29,k57
|
63mm
|
11
|
89
|
1m,390
|
32k,21
|
73mm
|
12
|
99
|
1m,431
|
34k,97
|
70mm
|
13
|
97
|
1m,467
|
37k,96
|
71mm
|
14
|
133
|
1m,526
|
41k46
|
74mm
|
15
|
102
|
1m,576
|
43k39
|
82mm
|
16
|
82
|
1m,629
|
50k34
|
77mm
|
17
|
46
|
1m,698
|
58k19
|
87mm
|
18
|
23
|
1m,689
|
55k,17
|
76mm,5
|
19
|
10
|
1m,671
|
59k,11
|
84mm
|
20
|
1
|
1m,599
|
56k
|
110mm
|
21
|
1
|
1m,683
|
47k,6
|
80mm
|
No capítulo imediato, a propósito do
crescimento
relativo,
interpretaremos as
notações, referentes ao
Colégio
Moderno, que incidem sobre
cento e vinte
crianças, de
diferentes idades, tôdas do sexo masculino,
observadas
e mensuradas, segundo as prescrições do
método
auxanológico.
[47]
6.—A
seriação de todos os
elementos considerados,
assim como o
apuramento das respectivas médias,
realizado de modo a fazer corresponder, tanto quanto
possível, à
realidade os resultados do cálculo,
tornaram
possível o traçado dos seguintes
gráficos, que
revelam,
com suficiente clareza, o
ritmo do «crescimento»,
entre
nós.
O primeiro dêstes
gráficos (
figura n.º 1) inscreve
as
curvas do crescimento normal, médio, em altura, da
criança portuguesa (uma para cada sexo), baseadas, como
dissemos, sôbre um total de
vinte e uma mil e seiscentas
mensurações.
São
curvas, estas, denominadas
de
grandeza, que
acusam as
variações da altura, em
função do
tempo[48].
A linha horizontal do
diagrama (eixo das abcissas)
marca o
tempo (série das
idades);
a vertical (eixo das ordenadas)
inscreve o
espaço (variações métricas da
estatura).
A simples inspecção do
gráfico convence
imediatamente
de que, como nas
observações de Quetelet, em relação
à Bélgica
[49], as crianças portuguesas do sexo masculino
excedem, em
altura, durante todo o percurso da
sua evolução, as do sexo feminino.
É certo que o número de
dados antropométricos, em
que se baseia a
curva do «crescimento» das
raparigas,
orçando apenas por um sexto daquele que fundamenta a
curva dos
rapazes, não pode
reputar-se suficiente, em
ordem a
conclusões definitivas; mas as
mensurações (aos
milhares) do dr. Ferraz de Macedo, para o apuramento da
estatura média em Portugal, acusam, em média, na
idade
adulta, em favor do sexo masculino, um excedente que
[49]
chega a atingir a quantidade apreciável de dez centímetros
[50].
As
diferenças sexuais, de resto, assim reveladas na
fisionomia geral das
curvas, pelo
paralelismo que nelas se mantêm, até aos catorze anos, essas diferenças, dizemos,
acentuam-se, de modo análogo, em cada
estádio
particular e concreto da
evolução.
Assim, logo
à nascença, por exemplo, a
estatura dos
rapazes ultrapassa, em média, em um centímetro,
aproximadamente,
a das
raparigas; e, a partir dos catorze anos,
a disparidade das
alturas adquire tais proporções,
que
nós aconselhamos os estudiosos a que usem de uma prudente
reserva, relativamente a estas
medidas.
Como
elemento de confronto, para elucidação completa
do assunto, aqui deixamos consignadas, no presente quadrículo,
[50]
as
notações que se devem aos pedologistas
Variot
e Chaumet, em relação à
criança francesa:
Idades
|
Alturas em centímetros
|
Rapazes
|
Raparigas
|
1-2
|
74,2
|
Difer.
|
73,6
|
Difer.
|
2-3
|
82,7
|
8,5
|
81,8
|
8,2
|
3-4
|
89,1
|
6,4
|
88,4
|
6,6
|
4-5
|
96,8
|
7,6
|
95,8
|
7,4
|
5-6
|
103,3
|
6,5
|
101,9
|
6,1
|
6-7
|
109,9
|
6,6
|
108,9
|
7,0
|
7-8
|
114,4
|
4,5
|
113,8
|
4,9
|
8-9
|
119,7
|
5,3
|
119,5
|
5,7
|
9-10
|
125,0
|
5,3
|
124,7
|
4,8
|
10-11
|
130,3
|
5,3
|
129,5
|
5,2
|
11-12
|
133,6
|
3,3
|
134,4
|
4,9
|
12-13
|
137,6
|
4,0
|
141,5
|
7,1
|
13-14
|
148,1
|
7,5
|
148,6
|
7,1
|
14-15
|
153,8
|
8,7
|
152,9
|
4,3
|
15-16
|
159,6
|
5,8
|
154,2
|
1,3
|
São nada menos de quatro os
máximos que, nas
curvas
apresentadas, se observam, através das
idades de
evolução:
um,
absoluto ou
primário, aos
dezasseis anos (para
o sexo masculino) e aos catorze (para o sexo feminino); e
três,
relativos ou
secundários: o
primeiro (para ambos os
sexos) ao cabo dos doze meses, depois do
nascimento;
o
segundo (tambêm para ambos os sexos), aos seis anos; e
o terceiro, aos dez anos (para o sexo masculino) e aos oito
(para o sexo feminino).
Estes
máximos denotam ou marcam, como é óbvio, no
ritmo do «crescimento», os períodos mais agudos
dêste,
ou as
fases mais intensivas da
energia
intra-orgânica,
que o determina.
Ponderando tudo, vê-se:
1) que a criança portuguesa (d'ambos os sexos) se
desenvolve
[51]
enormemente, durante o primeiro ano de
vida extra-uterina;
2) que a
marcha, em seguida, do seu «crescimento»
(ainda que
progressiva)
se
atenua, desde aí, até aos cinco
anos, para, de novo (embora por pouco tempo),
se
intensificar,
a partir desta
idade;
3) que se produz, depois, nessa mesma
marcha, um
relativo
afrouxamento (mais pronunciado, no sexo
feminino),
cujo
mínimo se verifica, aos oito anos (para os
rapazes)
e aos sete (para as
raparigas);
4) que o «crescimento»
aumenta, em seguida, com
moderação,
desde esta época, até aos doze anos (nos
rapazes)
e até aos treze (nas
raparigas), para, logo
imediatamente
depois, cair (sobretudo em relação ao sexo masculino)
num
abatimento brusco e momentâneo que, em
breve, cessará;
5) finalmente, que, em seguida a esta relativa
quietude
fisiológica, o «crescimento»
se acelera,
ainda uma vez mais,
com
forte intensidade, até aos dezasseis anos (para
os
rapazes) e até aos catorze (para as
raparigas), sucedendo-se,
depois, uma definitiva
acalmia, durante a qual a
criança continuará, sem dúvida, a
crescer, até ao termo
da sua
evolução (dos vinte aos vinte e cinco anos),
mas
insensivelmente, de modo muito lento e gradual.
CURVAS DO CRESCIMENTO NORMAL,
MÉDIO, EM DENSIDADE (PÊSO),
DA CRIANÇA PORTUGUESA
(117.010 PESAGENS)
Para concluirmos a
análise de todos os
elementos, de
que podemos dispor, e cuja
síntese se encontra nas
curvas,
que temos considerado, relativamente à
estatura da criança
portuguesa, nos diferentes
estádios do seu
«crescimento»,
resta ainda (para clara inteligência dos
problemas
antropométricos,
cuja solução nos interessa) referir os
factos
adquiridos aos seus
antecedentes naturais,
e procurar
interpretá-los,
de conformidade com as
leis da lógica e os
princípios da sciência.
A
criança, quando
nasce, sofre,
pela mudança de
meio,
a rutura dum
equilíbrío
orgânico, que lhe põe a vida em
risco, pelas
perturbações, a que dá origem, no
funcionamento
de todos os
órgãos.
[52]
«Il faut, diz Ruyssen, sous peine de mort, que l'enfant
s'accommode au milieu»
[51].
Esta
adaptação a novas
condições de
existência, agravada,
quási sempre, pela
crise genital do recêm-nascido
(puberdade transitória), gera uma
luta, que
determina, pela
dinâmica da acção, o
desenvolvimento bio-psíquico da
criança, tanto mais
intenso e
forte, quanto maior é a
impulsão
natural para um
novo equilíbrio que, em
ordem à
consolidação das
aquisições realizadas, substitua
aquele
que foi comprometido, pela transição brusca e violenta da
vida parasitária para a
existência
independente.
Não é, por isso, de admirar que, durante a
infância
(princípio do segundo ano), as
energias do
crescimento sofram
uma
depressão, que lhes atenue o
poder
ascensional,
de que são dotadas; e que se estabeleça êsse
novo equilíbrio
provisório que, por sua vez, ao cabo de quatro anos
(então já em plena
puerícia), do mesmo modo, será
sacrificado,
em holocausto àquelas mesmas energias, que exigem,
no
ser que lhes está subordinado, novas
combinações somáticas, e diferentes
proporções dos segmentos do
seu organismo.
Realizadas, porêm, que sejam essas
combinações, e
atenuada a
crise de expansão, que as provoca, não há
dúvida que, consoante se depreende dos
factos
examinados,
mais um
equilíbrio (o terceiro, segundo a
ordem
cronológica) se produzirá, agora com
estabilidade menos
precária, do que os anteriores, visto que deverá subsistir,
até ao fim da
adolescência (aos treze anos, para os
rapazes;
e aos doze, para as
raparigas), e só desaparecerá,
com a
crise pubertária (de tôdas a mais
enérgica e
fecunda
em
transformações físicas e mentais), que sobrevirá,
por essa ocasião, na
vida instável e agitada da
criança.
Esta
crise durará três anos, e será a última do
«crescimento»,
seguindo-se-lhe o
equilíbrio orgânico definitivo,
[53]
que só a
doença poderá
comprometer, e a
morte
logrará destruir.
7.—O segundo dos
gráficos indicados [(agora
aqui presente) (
figura
n.º 2)] representa,
nas respectivas
curvas
(uma para cada sexo),
a
marcha do «crescimento»
normal, médio,
em
densidade (pêso) na
criança portuguesa.
Observando estas
curvas, reconhece-se,
desde logo, que a
fisionomia
delas é sensivelmente
diferente da que
oferecem as das
estaturas,
que temos examinado.
As
raparigas (contràriamente
ao que sucede,
em relação à
altura)
apenas são inferiores
(em pêso) aos
rapazes, no primeiro
ano; desde os seis aos
doze anos; e depois dos
dezassete anos. Em tôdas
as outras
idades,
manteem sobre êles
uma superioridade, que
chega a ser surpreendente,
pelos catorze anos.
Mas as
inflexões recíprocas
das duas
curvas,
[54]
que se cruzam e mutuamente se penetram, não
são
sem
simile, em países estrangeiros.
Veja-se, por exemplo, a seguinte tabela de Variot e
Chaumet, relativa à França:
Idades
|
Pêso em quilogramas
|
Rapazes
|
Raparigas
|
1-2
|
9,500
|
Difer.
|
9,300
|
Difer.
|
2-3
|
11,700
|
2,2
|
11,400
|
2,1
|
3-4
|
13,000
|
1,3
|
12,500
|
1,1
|
4-5
|
14,300
|
1,3
|
13,900
|
1,4
|
5-6
|
15,900
|
1,6
|
15,200
|
1,3
|
6-7
|
17,500
|
1,6
|
17,400
|
2,1
|
7-8
|
19,100
|
1,5
|
19,000
|
1,6
|
8-9
|
21,100
|
2,1
|
21,200
|
2,2
|
9-10
|
23,800
|
2,7
|
23,900
|
2,7
|
10-11
|
25,500
|
1,8
|
26,600
|
2,7
|
11-12
|
27,700
|
2,1
|
29,000
|
2,4
|
12-13
|
30,100
|
2,4
|
33,800
|
3,8
|
13-14
|
35,700
|
5,6
|
38,300
|
4,5
|
14-15
|
41,900
|
6,2
|
43,200
|
4,0
|
15-16
|
47,500
|
5,6
|
46,00
|
2,8
|
Todavia, as assinaladas
diferenças sexuais, e
outras,
que omitimos, não impedem que, dum modo geral, tanto
rapazes, como
raparigas, obedeçam
às mesmas
leis, e
sofram influências análogas. Há só uma reserva a fazer,
e é que, em regra, o «crescimento» das
raparigas é
menos
irregular nos acidentes (comparem-se as duas
curvas)
e quási sempre
mais precoce, do que o dos
rapazes.
Foi êste facto, que sugeriu ao Dr. Claparède a idea
de comparar a um
match de corrida o «crescimento»
dos
dois sexos: «la croissance comparée des filles
et des
garçons, diz êle, ressemble à un match de course; garçons
et filles partent ensemble, mais celles-ci, un instant devancées,
prennent bientôt les devans, puis leurs concurrents
les ratrapent et les dépassent, mais elles les dépassent de
[55]
nouveau jusqu'à ce que, enfin, les garçons l'emportent
définitivement»
[52].
Examinem-se as nossas
curvas, e ver-se há que, com
leves e acidentais modificações, é precisamente o que se
verifica na
dinâmica do «crescimento» português.
Nota-se assim que, nesta
dinâmica, são três as
principais
fases do
«crescimento» enérgico,
máximo, em
densidade:
1) durante o primeiro ano (em ambos os sexos);
2) pelos seis anos (para os
rapazes) e pelos oito
(para
as
raparigas);
3) pelos quinze, aproximadamente (nos
rapazes), e
pelos
doze (nas
raparigas).
A primeira
crise (e talvez a segunda) constituem, na
opinião de Camerer, uma «continuação da excessiva
energia
fetal do «crescimento»; quanto à última, a sua
explicação
adequada encontra-se no
advento e na
instalação
da
Puberdade[53].
8.—Para conclusão desta primeira parte do nosso estudo
(«crescimento»
absoluto da criança portuguesa),
resta
apresentar o
gráfico da
curva,
relativa ao
perímetro torácico,
que é o que, a seguir, na página imediata (
fig. n.º 3),
publicamos.
Esta
curva pertence ao
sexo
masculino; não abrange
a série tôda das
idades infantis; e apenas se baseia
num
total de sete mil
mensurações; contudo, não deixamos
de
reputar
suficiente êsse número para, sobre êle,
estabelecer
alguns
princípios, e formular determinadas
conclusões.
[56]
Como geralmente se sabe, o
perímetro torácico
(
medida
sintética da
espessura e da
largura do tórax) é
[57]
maior ou menor, consoante a
criança já entrou na
puberdade,
ou ainda permanece nas
fases inferiores da
evolução[54].
Ora, as
notações, que constituem a presente
curva,
não fazem excepção àquela
regra; alêm disso, como
veremos,
em lugar próprio, as outras
dimensões somáticas,
que lhes correspondem, acham-se na
razão inversa das
projecções verticais, com que coincidem.
Êste
facto e outros análogos, que estabeleceremos,
servirão
para demonstrar a absoluta veracidade destas palavras
de Pierre Mendousse: «Chacun sait qu'entre le corps
d'un petit enfant et celui d'un adulte il y a des différences
non seulement dans la grandeur totale, mais aussi dans les
proportions des diverses parties. Depuis le moment de la
naissance, chacune de celles-ci semble croître sinon pour
son propre compte, du moins suivant un rythme plus ou
moins accéléré, d'où résulte pour chaque âge un canon
spécial de la forme humaine, variable d'ailleurs dans une
certaine mesure suivant la race, l'état de santé, la nourriture,
etc. Dans ce progrès continu, l'avènement de la puberté
détermine non seulement un accroissement de vitesse,
mais sourtout des variations plus rapides qu'auparavant
dans les proportions extérieures et plus encore
dans le volume et le poids des organes, dont les uns
semblent s'hypertrophier, pendant que les autres se développent
moins vite ou s'atrophient, de sorte que l'état
cénesthésique de l'adolescent subit de profondes modifications,
parfois douloureuses j'usqu'à la défaillance, en
particulier lorsque, vers les dix-huit ans, la croissance
s'étant ralentie, un nouvel état d'équilibre s'établit entre
les systèmes organiques devenus adultes».
Para
confronto elucidativo, aqui reproduzimos a
tabela
[58]
de Pagliani[55], com as suas duas séries de medidas,
relativas
à
capacidade vital e à
circunferência
torácica:
Idades
|
Capacidade vital
|
Circunferência torácica
|
10
|
1660
|
61
|
11
|
1700
|
61,2
|
12
|
1860
|
62,8
|
13
|
2045
|
65,2
|
14
|
2100
|
66,4
|
15
|
2445
|
69,5
|
16
|
2485
|
70,3
|
17
|
2660
|
71,6
|
18
|
3115
|
72,6
|
Observando, agora, a
fisionomia geral da
evolução torácica,
tal como se esboça, em o nosso
gráfico, a partir do
plano horizontal, existente entre os oito e os nove
anos,
nota-se, desde logo, uma pronunciada
ascensão da
curva,
que adquire gradual e progressiva intensidade, à medida
que a
criança se vai aproximando do
fim
natural, para
que tende.
Logo, porêm, que êste
movimento ascensional atinge
os quinze anos (
fase pubertária), a sua
aceleração torna-se
tam
brusca e
rápida, que quási se
confunde com a
vertical o fragmento de
curva,
que a exprime.
Chega, depois, o
máximo (aos dezassete anos); e,
conquanto
(até à
idade adulta) o tórax continue sempre a
crescer mais, do que a
estatura[56], todavia, daí por diante,
nenhuma
variação dêsse
crescimento igualará jamais aquelas
que, até lá, se produziram.
CAPITULO III
Insuficiência do estudo do «crescimento» absoluto para a solução
de todos os problemas antropométricos. «Crescimento»
relativo ou segmentar; sua determinação, tanto sintética,
como analítica, pelo confronto dos respectivos elementos.
1.—A determinação do
ritmo do crescimento não
basta em
Pedologia, porque, como vimos, há
outras leis
que as
medidas sintéticas não revelam.
A
estatura, como síntese que é das
alturas
segmentares do corpo acima do solo,
valerá o que valêrem estas;
por si só, essa
medida apenas significa que tal
pessoa é
grande ou
pequena, o que é de
importância mínima, em
pedometria; e, às vezes, até de
valor
negativo, como sucederá,
por exemplo, nos casos de
gigantismo com
infantilismo,
em que a
estatura cresce, à custa doutras dimensões
essenciais (largura, grossura, espessura)
do sólido
humano[57].
Pelo seu lado, o
pêso nem sempre deve ser
considerado,
como exprimindo um
valor activo nos fenómenos do
«crescimento», pois pode suceder que, em vez de uma
densidade
muscular, acuse uma
densidade adiposa, a
qual,
como é óbvio, não passa de uma
reserva e, às vezes,
até
dum
obstáculo à seqùência normal daqueles
fenómenos.
Não há dúvida que a
medida do pêso, em circunstâncias
normais e, sobretudo,
a da sua evolução, constituem
um meio excelente de avaliar da
saúde e do
estado de nutrição
[60]
da criança; a verdade, porêm, é que não é
êsse o
único
problema métrico a esclarecer: outros há que o
pêso, só por si, não resolve.
Fig. 4Finalmente,
o
perímetro torácico (medida de valor apreciável,
quando relacionada com
outras medidas)
presta-se tambêm
a
interpretações
erróneas,
por isso mesmo
que pode representar,
sob a
máscara
da gordura,
um
falso volume
do organismo.
A conclusão
impõe-se, em relação
a
cada uma
das mensurações
indicadas, considerada
de per si;
mas há casos, em
que nem
tôdas
juntas inspirarão
maior confiança.
Examine-se,
por exemplo, êste
retardatário (
figura n.º 4), de
quinze anos
e meio de idade, o qual, a julgar pela
altura (quási
de adulto),
pelo
pêso (relativamente enorme), e pelo
perímetro torácico
(considerável), se deveria reputar em
óptimas condições de
crescimento; ¡e, todavia, não se trata senão de uma
pobre
criança que, à hora das suas mensurações, não havia ainda
feito a
puberdade, nem talvez jamais a chegasse a
fazer!...
[58].
[61]
É um caso típico de
infantilismo total, tanto
somático,
como psíquico.
A investigação scientífica do «crescimento» descobriu
que uma das
leis mais importantes
dêste é a das
proporções.
O vigor do
organismo humano e o seu desenvolvimento
normal, através das
idades de evolução (infância,
puerícia,
adolescência, puberdade, nubilidade) não dependem sòmente
do aumento, em
altura,
grossura,
e
densidade; mas
tambêm e principalmente das
dimensões relativas de
todos
os
segmentos, que constituem êsse organismo.
Não é possível elaborar, acertadamente, um
quadro de
médias, considerando apenas as
medidas
enumeradas; o
que importa é
pesquizar a fórmula específica do
nosso
crescimento, construir o
cânon
antropométrico da criança
portuguesa,
em tôdas as idades, e de ambos os sexos.
Achado êsse
padrão, por êle será aferido o
«crescimento»,
sendo então fácil
definí-lo e
julgá-lo, com absoluta
segurança.
2.—Os
antigos falaram, por vezes, das
proporções do
corpo humano, nas diferentes
fases da sua
evolução; a
verdade, porêm, é que só a
sciência contemporânea
logrou
resolver o problema
[59].
Sem querermos aprofundar agora êste assunto, basta
ponderar que, depois dos
trabalhos definitivos de
Manouvrier
[60],
não é possível continuar a crêr nas
curiosas
ficções de Stratz que, havendo adoptado o
critério de Vitrúvio,
afirmava incluir-se, oito vezes, a
cabeça, na
estatura
do
adulto; sete, na do
púbere;
seis, na do
adolescente;
cinco, na do
infante; e quatro, na do
recêm-nascido[61].
Não há de ser um
segmento do corpo humano a
medida
[62]
comum das
dimensões reaes dêste;
mas uma
unidade métrica
exterior: o
milímetro, como se acha
estabelecido,
em
pedometria.
Seguindo na
esteira desta orientação, e
estabelecendo,
desde já, o confronto das
medidas sintéticas, de que
dispomos,
não padece dúvida, que o
crescimento relativo da
criança portuguesa denuncia, na sua
marcha
progressiva,
uma clara influência da
lei da alternância, e não se
afasta
sensivelmente das
normas, a que se atende, em
pedologia.
Comparando, por exemplo, a
curva da
altura com as
curvas do
pêso (
figura n.º 5) e
do
perímetro torácico (
figura
n.º 6), reconhece-se, desde logo, que, em relação ao sexo
masculino, tanto a
densidade, como a
grossura do organismo,
só ultrapassam a
altura, depois dos quinze anos,
que é a época, em que as
dimensões horizontais
entram
de contribuir mais, do que as
verticais para o
crescimento
do
sólido humano.
Pelo que temos observado, ininterruptamente, a partir
de 1903, a
puberdade masculina faz-se, em regra,
entre
nós, desde os catorze até aos dezasseis anos, e a
feminina,
desde os doze até aos catorze
[62].
Normalmente, os
primeiros sinais da puberdade (P.
1)
aparecem, no
sexo masculino, pelos treze ou treze
anos e
meio; no
sexo feminino, pelos onze ou onze e meio; e
a
sua
instalação definitiva (P.
3 A.
1),
respectivamente, pelos catorze
e doze anos. Alêm disso, importa notar que o
encerramento
da fase pubertária (P.
5 A.
3, 4 ou 5) se realiza sempre,
ao cabo de dois anos, volvidos sôbre aquela
instalação[63].
[63]
Examinando o
gráfico da figura 5, vê-se que
efectivamente
o
aumento progressivo do pêso se intensifica,
a partir dos catorze anos; e que é precisamente
[64]
aos dezasseis (P.
5 A.
5) que a respectiva
curva
adquire
sôbre a da
estatura uma
ascendência, que jamais cessará
[64].
Mas é natural; porque, como se depreende do
gráfico
n.º 6, a
criança, principiando a
engrossar, em
progressão
intensiva, dos quinze para os dezasseis anos
(
instalação
definitiva, ou já
encerramento da
puberdade), claro está
que aumentará de
densidade; donde resulta o
paralelismo,
ou a
semelhança fisionómica das duas
curvas (
pêso e
perímetro
torácico).
Em contraprova, examine-se ainda o
gráfico da
figura
n.º 7, que inscreve (para confronto) as
curvas do
pêso e do
perímetro torácico.
Depois dos nove ou dez anos, essas
curvas caminham
quási paralelamente (como não podia deixar de ser); e, só
depois dos dezassete anos, em que é atingido o
máximo
absoluto comum, é que surgem
inflexões,
cuja
natureza
importa à
pediatria explicar.
Em os nossos
exemplares de observação e estudo,
há um (do sexo feminino), em que se realizam, com
notável precisão, as
leis, a que nos temos referido.
O
crescimento, em
altura, como se
pode verificar, em face
do
gráfico da
figura n.º 8, acusa, pelos treze
anos, um
aumento considerável, que teve o seu
início, por ocasião
do
aparecimento e
instalação da
puberdade; e podemos
acrescentar que essa
progressão não afrouxou ainda,
até a êste momento
[65].
Mas não constituem os
factos aduzidos todo o
material, de que seja possível dispor, para a
organização scientífica dos
cânones antropométricos das
idades evolutivas
da criança portuguesa.
[65]
[66]
[67]
[68]
Temos
medidas segmentares, que podem aproveitar a
êsse fim; e vamos apreciá-las, no capítulo imediato.
CAPÍTULO IV
Medidas segmentares
para avaliação do crescimento relativo,
ou das proporções do corpo, nas idades de evolução.
Cânones antropométricos da criança portuguesa.
1.—O estudo das
proporções métricas do corpo humano,
desde o nascimento, até à idade adulta, exige que
se considerem
três ordens de segmentos:
1)
projecções verticais;
2)
diâmetros;
3)
perímetros ou circunferências.
Dos
elementos da primeira categoria, interessam-nos,
de modo especial, em relação ao
eixo do corpo, as
alturas
da cabeça e do tronco; e, em relação aos
apêndices, as
dimensões (no seu conjunto) do
membro
torácico e do
membro abdominal.
Como, em o nosso país, não existem (que nós saibamos)
mensurações das referidas
alturas, procuramos, ao
presente, obtê-las, em
quantidade e
qualidade suficiente,
sobre alunos do
Colégio Moderno[66].
Á segunda categoria pertencem os
diâmetros, tanto
cranianos, como
torácicos, e
pélvicos; mas de tôdas estas
dimensões horizontais algumas
medidas possuímos, em
condições de serem utilizadas; podendo dizer-se o mesmo,
em relação aos
elementos da última classe:
perímetros,
quer
cranianos, quer
torácicos, e
ainda
pélvicos.
[70]
As
tabelas que, a seguir, publicamos consubstanciam
todos êsses
elementos:
Número de mensurações
|
Diâmetros cranianos
|
Perímetros cranianos
|
S. M.
|
S. F.
|
O F[68]
|
B P[68]
|
S O F[68]
|
1491
|
1386
|
11,58
|
9,35
|
32,78
|
Estas
mensurações (
tabela n.º 1) foram feitas
imediatamente
depois do nascimento, sobre crianças que satisfaziam
às
condições seguintes:
1) «d'être nés vivants»;
2) «d'être nés par le sommet»;
3) «d'avoir été dégagés en O P.»;
4) «d'être des enfants à terme».
Quanto ao seu
valor antropológico, não são essas
medidas
cefálicas de natureza a inspirar-nos uma
grande
confiança, porquanto, como o próprio autor diz: "la prise
des mesures céphaliques est encore plus difficile que celle
des longueurs. D'abord, il est impossible qu'elles soient,
toutes, prises par la même personne, quand on opère sur
un grand nombre d'enfants, comme nous le faisons; puis,
il faut compter avec la difficulté inhérente à l'opération,
quand il s'agit d'un enfant vivant, comme c'est notre cas,
la difficulté d'employer un instrument de précision, et encore
la difficulté de bien établir, pour tous les cas, les
[71]
mêmes points de repère, en les marquant toujours d'une
manière identique et irréprochable.
Aussi, nos mesures ne
prétendent guère à la rigueur d'une étude anthropométrique.
Nous avons tout simplement cherché à établir quelle serait,
à peu près, la grandeur de la tête foetale, tout de suite après
la naissance, pour obtenir, autant que possible, une idée de
la grandeur des diamètres de l'ovoide céphalique du foetus,
à l'occasion de sa descente par la filière génitale»
[69].
Nem é para admirar que assim seja, por isso mesmo
que a iniciativa das duas mil oitocentas e setenta e sete
mensurações, cujas
médias a
mencionada
tabela exprime,
não tinha um
fim antropológico, mas tam sòmente
obstétrico.
Todavia, não são para rejeitar,
in limine, tam
numerosas
observações; antes supomos muito conveniente a sua
seriação, como subsídio para a avaliação indirecta da
capacidade craniana do recêm-nascido; e, portanto, do volume
e pêso do seu cérebro[70].
Número de mensurações
|
Diàmetros cranianos
|
Perímetros cranianos
|
S. M.
|
S. F.
|
O F
|
B P
|
S O F
|
256
|
273
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
11,22
|
10,96
|
8,92
|
8,87
|
32,51
|
32,33
|
Médias
sem distinção
de sexo
|
11,09
|
8,89
|
32,42
|
[72]
As
médias da
tabela n.º 2 resultam de cálculos
efectuados
sobre quinhentas e vinte e nove
mensurações de
diâmetros
e
perímetros cranianos de
recêm-nascidos, vivos,
d'ambos os sexos, na
Maternidade de Lisboa, em 1904,
pelo chefe de clínica dêsse estabelecimento, dr. Costa
Sacadura.
Essas
mensurações, de rigor absoluto, quanto ao
processo
técnico, tambêm foram feitas logo à nascença, como
as da
tabela n.º 1; e, conquanto se destinassem a servir
intuitos exclusivamente clínicos, todavia, nada
obsta a que
as aproveitemos (pelo menos
O F,
B
P e
S O F, para o
nosso
fim antropológico:
determinação do
índice cefálico
do recêm-nascido português.
É certo que, pela
ocasião em que foram tomadas,
essas medidas exprimem
dimensões de uma cabeça, que
pode ter sido deformada pelo trabalho do parto; mas
tambêm não padece dúvida, que êsse facto carece de eficácia
para invalidar aquela
determinação, porquanto, em
matéria de cèfalometria do recêm-nascido, não se
pode
contar com
certezas; mas tam sòmente com
aproximações[72].
Como se depreende da presente tabela (
n.º 3), as
médias
das respectivas
dimensões cefálicas, derivam de 49
observações, realizadas no
hospital geral
de Santo António,
do Pôrto, pelo dr. Manuel Álvares Pereira Carneiro
Leal.
[73]
TABELA N.º 3 (Observações de Manuel Carneiro
Leal)[73]
Número de mensurações
|
Diàmetros cranianos
|
Perímetros cranianos
|
S. M.
|
S. F.
|
O F
|
B P
|
S O F
|
23
|
25
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
S. M.
|
S. F.
|
11,6
|
11,2
|
9,2
|
9,1
|
32,9
|
32,2
|
Médias
sem distinção
de sexo
|
11,4
|
9,1
|
32,5
|
Dessas
mensurações, excluem-se as que se referem a
nados-mortos; mas consideram-se as que pertencem a
recêm-nascidos
de fraca viabilidade[74].
Aproximando agora as
médias de tôdas as
dimensões,
que os três
mapas apresentados consubstanciam,
podemos
organizar o
quadro geral (
n.º 4) das
medidas cefálicas
do
recêm-nascido português, baseado em três mil quatrocentas
e cinqùenta mensurações, absolutamente comparáveis,
porquanto, a-pesar-de realizadas por
várias pessoas,
todavia, nem deixou de ser a mesma a
técnica empregada,
nem foram diferentes as
circunstâncias, em que
se operou.
QUADRO N.º 4 (Diâmetro e Perímetro craniano
do recêm-nascido português)
Número de observações |
Nomes
dos observadores |
Diàmetros cranianos
|
Perímetros cranianos
|
O F
|
B P
|
S O F
|
2877
|
Alfredo da
Costa
|
11.58
|
9,35
|
32,78
|
529
|
Costa Sacadura
|
11,09
|
8,89
|
32,42
|
48
|
Carneiro Leal
|
11,40
|
9,10
|
32,50
|
Médias
gerais (centímetros)
|
11,35
|
9,11
|
32,56
|
[74]
O
índice cefálico médio dos portugueses, segundo as
observações de Ferraz de Macedo
[75], Costa
Ferreira
[76],
Álvaro Basto
[77], Sant'Ana Marques
[78] e Fonseca Cardoso
[79],
é de 76,4, no
vivo, e de 74,5, no
crânio.
Mas êste
índice (apenas variável entre 78,7 e 75,2,
nos
17
distritos) é o do
adulto[80].
Que saibamos, não existem, em o nosso país, quaisquer
trabalhos sobre o
índice cefálico da
criança portuguesa,
nas diferentes idades da sua evolução, a começar
no
recêm-nascido; crêmos, todavia, que os
elementos, constantes
do
quadro n.º 4, não poderão deixar de reputar-se
suficientes para legitimarem a adopção (ao menos,
a título
provisório) da
expressão 80,2, como
valor médio do referido
índice, em relação ao
recêm-nascido[81].
[75]
2.—Prosseguindo, apresentamos agora a seguinte
tabela
(
n.º 4), que condensa os
resultados (absolutamente
inéditos) das
observações feitas no
Liceu
de Coímbra, nas
circunstâncias que já indicámos, a propósito da
estatura.
A
média do
índice cefálico,
correspondente a cada uma
das
idades consideradas, figura numa coluna desta
tabela.
[76]
TABELA N.º 4 (Diâmetros cranianos, de alunos do Liceu de
Coimbra)
Idades |
Antero-posterior máximo
|
Média |
Transverso máximo
|
Média
|
Índice cefálico
|
12-15
|
16-19
|
20-23
|
24-27
|
28-31
|
12-14
|
15-17
|
18-20
|
21-23
|
24-26
|
10-11
|
—
|
60
|
3
|
—
|
—
|
17,6
|
50
|
17
|
—
|
—
|
—
|
13,7
|
77,8
|
11-12
|
—
|
120
|
13
|
—
|
—
|
17,8
|
102
|
31
|
—
|
—
|
—
|
13,6
|
76,2
|
12-13
|
—
|
163
|
10
|
—
|
—
|
17,7
|
123
|
50
|
—
|
—
|
—
|
13,8
|
77,9
|
13-14
|
—
|
144
|
13
|
—
|
—
|
17,8
|
102
|
55
|
—
|
—
|
—
|
14
|
78,7
|
14-15
|
—
|
128
|
20
|
—
|
—
|
18
|
86
|
58
|
4
|
—
|
—
|
14,3
|
79,4
|
15-16
|
—
|
101
|
39
|
—
|
—
|
18,6
|
52
|
88
|
—
|
—
|
—
|
14,8
|
79
|
16-17
|
—
|
96
|
60
|
—
|
—
|
19
|
60
|
96
|
—
|
—
|
—
|
14,8
|
77,8
|
17-18
|
—
|
80
|
62
|
1
|
—
|
19,2
|
50
|
93
|
—
|
—
|
—
|
14,9
|
77,6
|
18-19
|
—
|
59
|
61
|
—
|
—
|
19,5
|
36
|
84
|
—
|
—
|
—
|
15
|
76,9
|
19-20
|
—
|
31
|
38
|
—
|
—
|
19,5
|
20
|
49
|
—
|
—
|
—
|
15,1
|
77,5
|
20-21
|
—
|
20
|
23
|
—
|
—
|
19,6
|
14
|
29
|
—
|
—
|
—
|
15
|
76,5
|
[77]
Consoante se
depreende dos
valores
expressos na
tabela n.º 4, a
forma
craniana que
subsiste nos alunos
do liceu de
Coímbra,
em tôdas
as idades da sua
evolução, a partir
dos dez anos, é a
mesaticéfala, segundo
a nomenclatura
de Topinard
[82].
De facto, basta
reparar no
gráfico
da
figura n.º 9 para,
desde logo, reconhecer
que os
valores extremos,
registados (76,2—79,4),
não deixam
de pertencer
à mesma
classe de
índices, que ocupa
a
posição média
entre a
dolicocefalia
e a
braquicefalia.
Êste
facto, que
é fecundo em conseqùências,
para o
estudo ântropo-sociológico
do nosso
[78]
grupo étnico[83], acha-se plenamente confirmado pelas
observações realizadas na
Escola de alunos
marinheiros
do Norte.
Essas
observações constam do
mapa
ou
tabela n.º 5
que, a seguir, publicamos:
Idades
|
Diâmetros cranianos
|
Índice
cefálico
|
Anos 1913-1914
|
Anos 1914-1915
|
Antero-posterior
|
Transverso
|
Antero-posterior
|
Transverso
|
16-17
|
18,3
|
14,5
|
19,1
|
14,7
|
78
|
17-18
|
19,2
|
14,7
|
19,2
|
14,6
|
76
|
18-19
|
19
|
14,5
|
19,3
|
14,5
|
75,5
|
19-20
|
—
|
—
|
20
|
15
|
75
|
Confrontando os
índices cefálicos desta
tabela (
n.º 5)
com aqueles que lhes correspondem, na
tabela n.º 4
(liceu
de Coímbra), notam-se, sem dúvida,
diferenças
consideráveis;
mas importa ponderar, que
essas diferenças não são
tamanhas, como à primeira vista poderia parecer, visto
que elas não importam nos adolescentes a que se referem,
uma mudança de classe, quanto à forma craniana, que
se mantêm mesaticéfala.
Com relação a
medidas cefálicas, devemos registar
ainda o
perimetro craniano, medido, na
Escola de alunos
marinheiros, durante dois anos consecutivos, em mais de
cento e cinqùenta rapazes.
A seguinte
tabela (
n.º 6) condensa as respectivas
mensurações.
E, da mesma
procedência, podemos ainda mencionar
(em matéria de
dimensões horizontais) as
notações, que
se referem ao
perímetro e aos
diâmetros da
bacia dos
[79]
alunos considerados, as quais se acham sintetizadas nas
médias das
tabelas (n.
os 7 e
8) que, a seguir, publicamos:
Idades
|
Perímetro cranino
|
Médias
|
Ano 1913-1914
|
Ano 1914-1915
|
16-17
|
55
|
55,5
|
55,2
|
17-18
|
54,9
|
55,3
|
55,1
|
18-19
|
54,6
|
55,7
|
55,1
|
19-20
|
56
|
—
|
56
|
Idades
|
Perímetro pélvico
|
Ano 1914-1915
|
16-17
|
78,5
|
17-18
|
79,3
|
18-19
|
80,2
|
19-20
|
83
|
Idades
|
Diâmetros pélvicos
|
Índice
pélvico
|
Anos 1913-1914
|
Anos 1914-1915
|
Antero-posterior[84]
|
Transverso
|
Antero-posterior
|
Transverso
|
16-17
|
17,7
|
25,2
|
18,8
|
26,4
|
70,7
|
17-18
|
18,5
|
25,9
|
19,3
|
26,5
|
72,1
|
18-19
|
20,5
|
26,3
|
20
|
26,8
|
76,2
|
19-20
|
20,6
|
26,6
|
20,3
|
27
|
76,2
|
[80]
3.—Um dos
elementos mais importantes para a
avaliação
das
proporções do corpo humano é aquele que deriva
das
mensurações diametrais do tronco, isto é, dos
diâmetros pélvicos (já considerados), e dos
diâmetros torácicos[85].
As
tabelas n.
os 9,
10 e
11 que, a seguir,
publicamos,
resumem as
mensurações comparáveis dos
diâmetros torácicos
de
crianças, pertencentes ao
liceu de
Coímbra, ao
extinto
colégio de Campolide, e à
escola de
alunos marinheiros
do norte[86].
[81]
TABELA N.º 9 (Liceu de Coimbra) (Diâmetros
torácicos)
Idades
|
Diâmetro ântero-posterior
|
Médias |
Diâmetro transverso
|
Médias |
Índice torácico (sem fracções)
|
13-15
|
16-19
|
20-23
|
24-27
|
28-31
|
12-14
|
15-17
|
18-20
|
21-23
|
24-26
|
27-29
|
30-32
|
33-35
|
10-11
|
133
|
8
|
1
|
—
|
—
|
13,7
|
—
|
—
|
120
|
22
|
—
|
—
|
—
|
—
|
19,4
|
141
|
11-12
|
141
|
34
|
—
|
—
|
—
|
13,9
|
—
|
—
|
126
|
43
|
6
|
—
|
—
|
—
|
19,9
|
143
|
12-13
|
100
|
46
|
—
|
—
|
—
|
14,7
|
—
|
—
|
100
|
20
|
26
|
—
|
—
|
—
|
20,4
|
138
|
13-14
|
65
|
80
|
3
|
—
|
—
|
15,8
|
—
|
3
|
3
|
132
|
10
|
—
|
—
|
—
|
22
|
139
|
14-15
|
20
|
85
|
—
|
—
|
—
|
16,7
|
—
|
—
|
7
|
72
|
26
|
—
|
—
|
—
|
22,5
|
134
|
15-16
|
10
|
100
|
90
|
—
|
—
|
19,1
|
—
|
—
|
—
|
15
|
113
|
60
|
12
|
—
|
26
|
136
|
16-17
|
8
|
80
|
100
|
47
|
—
|
20,6
|
—
|
—
|
2
|
9
|
60
|
103
|
61
|
—
|
27,2
|
136
|
17-18
|
5
|
40
|
100
|
30
|
—
|
21
|
—
|
—
|
—
|
—
|
44
|
124
|
7
|
-
|
27,3
|
134
|
18-19
|
—
|
37
|
98
|
35
|
—
|
21,4
|
—
|
—
|
—
|
2
|
12
|
130
|
26
|
—
|
28
|
130
|
19-20
|
—
|
5
|
70
|
20
|
—
|
22,1
|
—
|
—
|
—
|
—
|
11
|
70
|
14
|
—
|
29
|
131
|
20-21
|
—
|
—
|
60
|
17
|
15
|
22,5
|
—
|
—
|
—-
|
—
|
8
|
50
|
34
|
—
|
29,8
|
132
|
[82]
TABELA N.º 10 (Colégio de Campolide) (Diâmetros
torácicos)
Idades
|
Diâmetro ântero-posterior
(médias)
|
Diâmetro transverso
(médias)
|
Índice torácico
(sem fracções)
|
6-7
|
14,4
|
20
|
138
|
7-8
|
15,4
|
19,5
|
126
|
8-9
|
15,2
|
19,5
|
128
|
9-10
|
15,7
|
19,7
|
125
|
10-11
|
15,7
|
20,5
|
130
|
11-12
|
16
|
21,1
|
132
|
12-13
|
16,6
|
21,6
|
130
|
13-14
|
17
|
22,4
|
132
|
14-15
|
17,6
|
23,4
|
132
|
15-16
|
18,4
|
24,7
|
134
|
16-17
|
18,9
|
25,6
|
146
|
17-18
|
19,4
|
26
|
134
|
18-19
|
19,4
|
26,4
|
136
|
19-20
|
20
|
26,5
|
132
|
20-21
|
18,4
|
27
|
146
|
TABELA N.º 11 (Alunos marinheiros) (Diâmetros
torácicos)
Idades
|
Diâmetro ântero-posterior
|
Diâmetro transverso
|
Ant. post.
|
Transv.
|
Índices torácicos
(sem fracções)
|
Anos 1913-1914
|
Anos 1914-1915
|
Anos 1913-1914
|
Anos 1914-1915
|
Médias
|
16-17
|
19,5
|
19,7
|
25
|
25,8
|
19,6
|
25,4
|
129
|
17-18
|
20,2
|
19,7
|
26,1
|
26,3
|
19,9
|
26,2
|
131
|
18-19
|
19,3
|
20
|
26,4
|
26,6
|
19,6
|
26,5
|
135
|
19-20
|
19
|
20
|
27
|
26,5
|
19,5
|
26,7
|
136
|
De cada uma destas três
tabelas (n.
os 9,
10 e
11)
extraímos
as
notações, com que organizámos o
quadro
n.º 5,
no intuito de aproximar todos os
elementos
considerados,
e obter
médias gerais, não sòmente das respectivas
mensurações,
como dos
índices, a que elas dão origem
[87].
[83]
A
técnica, adoptada nas
observações, foi análoga para
todos os
observadores:
compasso de
espessura de Broca,
com as
pontas apoiadas, respectivamente, à
altura da
extremidade inferior do esterno, e sobre a
saliência
óssea
posterior, do mesmo plano horizontal (
diâmetro
ântero-posterior);
e, no mesmo
plano xifo-esternal, sobre as
convexidades
costais (
diâmetro transverso)
[88].
Idades
|
Diâmetro ântero-posterior
|
Diâmetro transverso
|
Índice torácico
|
Liceu de
Coimbra
|
Colégio de
Campolide
|
Alunos
marinheiros
|
Liceu de
Coimbra
|
Colégio de
Campolide
|
Alunos
marinheiros
|
6-7
|
—
|
14,4
|
—
|
—
|
20
|
—
|
138
|
7-8
|
—
|
15,4
|
—
|
—
|
19,5
|
—
|
126
|
8-9
|
—
|
15,2
|
—
|
—
|
19,5
|
—
|
128
|
9-10
|
—
|
15,7
|
—
|
—
|
19,7
|
—
|
125
|
10-11
|
13,7
|
15,7
|
—
|
19,4
|
20,5
|
—
|
135
|
11-12
|
13,9
|
16
|
—
|
19,9
|
21,1
|
—
|
137
|
12-13
|
14,7
|
16,6
|
—
|
20,4
|
21,6
|
—
|
134
|
13-14
|
15,8
|
17
|
—
|
22
|
22,4
|
—
|
135
|
14-15
|
16,7
|
17,6
|
—
|
22,5
|
23,4
|
—
|
133
|
15-16
|
19,1
|
18,4
|
—
|
26
|
24,7
|
—
|
135
|
16-17
|
20,6
|
18,9
|
19,6
|
27,2
|
25,6
|
25,4
|
137
|
17-18
|
21
|
19,4
|
19,9
|
27,3
|
26
|
26,2
|
133
|
18-19
|
21,4
|
19,4
|
19,6
|
28
|
26,4
|
26,5
|
133
|
19-20
|
22,1
|
20
|
19,5
|
29
|
26,5
|
26,7
|
133
|
20-21
|
22,5
|
18,4
|
—
|
29,8
|
27
|
—
|
139
|
Para boa inteligência dos
valores métricos,
constantes
do
quadro n.º 5, e sua legítima interpretação,
construímos
o presente
gráfico (
figura n.º 10), pelo qual se vê
(se o
confrontarmos com os
gráficos das figuras n.
os 1
e
2), que
os 15-16 anos constituem, como que o
eixo da
evolução
[84]
somática, por isso mesmo que assinalam uma
profunda
modificação no
sistema ou no
ritmo dessa
evolução.
De facto, antes
dessa
idade (coincidente
com a
instalação
da puberdade),
o que mais
aumenta no organismo
são as
dimensões
verticais
(
alturas), ao passo
que, depois, o que
sobretudo concorre
para o
crescimento
são as
dimensões
horizontais (
larguras,
espessuras,
grossuras).
Fica, assim, mais
uma vez demonstrado,
pelos
factos, que
a
lei da alternância
(como expressão da
lei das proporções)
é efectivamente o
grande princípio
regulador de tôda
a
energética do crescimento[89].
[85]
4.—Com os
elementos enumerados e sumàriamente
descritos, nas páginas precedentes, podemos agora organizar
os
cânones antropométricos da criança portuguesa,
em
tôdas as idades da sua evolução somática: 1)
nascença;
2)
infância; 3)
puerícia; 4)
adolescência; 5)
puberdade; e
6)
nubilidade ou
idade adulta.
As
percentagens dêstes
cânones,
assim como os seus
valores numéricos absolutos (expressos em
centímetros)
são sempre calculados sobre as
médias das
respectivas
mensurações.
Na falta destas (infelizmente, freqùente), recorre-se a
valores de
tabelas estrangeiras,
organizadas com
elementos colhidos
em
meios, tanto quanto possível, assimiláveis ao
nosso.
[86]
1)
Cânon antropométrico da Idade adulta
A
Projecções verticais (
altura dos
segmentos)
[90]
Partes do corpo
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Percentagem
|
Valor métrico
absoluto[91]
|
Percentagem
|
Valor métrico
absoluto |
I. Busto
|
|
1) Cabeça[92] |
|
13,3%
|
22cm,18
|
|
53,5%
|
|
82cm,39
|
2) Pescoço[93]
|
|
4,2%
|
7cm,10
|
3) Tórax[94]
|
|
35%
|
58cm,38
|
4) Ventre[95] |
5) Bacia[96] |
|
II. Membros
|
|
Superior
(torácico)[97] |
|
1) Espádua
|
|
19,5%
|
32cm,53
|
|
—-
|
|
69cm |
2) Braço
|
3) Cotovêlo
|
4) Antebraço
|
|
14%
|
23cm,45
|
5) Punho
|
6) Mão
|
|
11,5%
|
19cm,19
|
|
Inferior
(abdominal)[98] |
|
1) Anca
|
|
20%
|
33cm,36
|
|
46,5%
|
|
71cm,61
|
2) Côxa
|
3) Joelho
|
4) Perna
|
|
23% |
38cm,36
|
5) Tornozêlo
|
6) Pé
|
|
4,5%
|
7cm,61
|
[87]
B
Perímetros (grossura dos
segmentos)
Partes do corpo
|
Valores métricos absolutos
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
I. Cabeça[99] |
56cm |
53cm |
II. Tronco[100] |
83cm |
85cm |
III. Braço[101] |
31cm |
—
|
IV. Antebraço[102] |
27cm |
—
|
V. Côxa[103] |
53cm,5 |
—
|
VI. Perna[104] |
39cm |
—
|
C
Diâmetros (espessura e
largura dos segmentos)
Partes do corpo
|
Valores métricos absolutos
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
I. Cabeça
|
|
ântero-posterior[105]
|
19cm,7 |
18cm,6 |
transverso[106]
|
15cm |
14cm,7 |
|
|
|
|
|
II. Tronco
|
|
ântero-posterior[107]
|
20cm,4 |
18cm,5 |
transverso[108]
|
28cm,4 |
24cm,8 |
|
|
|
|
|
III. Bacia
|
|
ântero-posterior[109]
|
20cm,5 |
20cm |
transverso[110]
|
26cm |
27cm |
[88]
D
Outras medidas
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Densidade (pêso)
|
|
de todo o corpo
|
66 quil.
|
52 quil.
|
do cérebro
|
1 quil., 360
|
1 quil., 200
|
do cérebro, em relação ao corpo
|
2%
|
|
|
Índice
cefálico |
76,4 |
75,7
|
Índices
torácicos
|
|
1.º
|
139
|
133
|
2.º
|
50
|
55
|
Índice
pélvico[111]
|
78
|
74
|
A presente
síntese gráfica
(
figura n.º 11) representa o
corpo humano, na
idade adulta,
segundo as
proporções do
antropologista Topinard
[112]; e as
figuras seguintes
(n.
os 12,
13,
14 e
15) resumem (de conformidade com os
elementos
considerados) as
proporções do corpo da criança portuguesa,
nas diferentes idades da sua evolução.
São
expressões gráficas dos
cânones
antropométricos
(em parte, conjecturais) que elaboramos, sob
forma
numérica[113].
Resta agora, para complemento do nosso
estudo,
determinar
as
características mentais e morais de cada
uma daquelas
idades, em ordem a fazer corresponder
aos
cânones somáticos que as exprimem, os
cânones
psíquicos, por que se revelam.
[89]
A
psicologia do homem português tem sido estudada,
com fortuna vária,
por nacionais e estrangeiros
[114].
Nós, remetendo
o leitor para
as
obras especiais,
apenas observaremos
que o
adulto
lusitano é (e sempre
foi) o que se
pode chamar um
tipo equilibrado:
inteligente, afável,
laborioso, sóbrio;
mas, ao mesmo
tempo, pouco tenaz
nas suas
iniciativas,
e um tanto
supersticioso e
fatalista.
Para explicar a
época de
Quatrocentos,
falou-se do
afêrro ao solo do
homem do Norte,
do mesmo modo
que, para interpretar
[90]
Quinhentos, se invocou o
urbanismo, a versatilidade
e o
espírito de aventura do
homem do Sul[115];
a verdade,
porêm, é que, nem mesmo em relação ao
Passado, essa
distinção pode subsistir, porquanto, não só o
Brasil
é um
produto do
Norte, como até, na própria
emprêsa da Índia,
a participação dêste é insofismável.
Sem a
superstição das origens, embora com respeito
absoluto pela
hereditariedade, entendemos que é do
Presente
que importa curar; e, desde então, ninguêm contestará
que a qualidade primacial da
gens lusa é a
maleabilidade,
ou seja êsse admirável
poder ou capacidade de
adaptação, que torna os portugueses
cosmopolitas, e os
habilita a assimilar, com proveito e facilidade, os produtos
da
civilização.
[91]
2)
Cânon antropométrico do Recêm-nascido
(Durante o
primeiro mês)
A
Projecções verticais (
altura
dos
segmentos)
[116]
Partes do corpo
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Percentagem
|
Valor métrico
absoluto
|
Percentagem
|
Valor métrico
absoluto |
I. Busto
|
|
1) Cabeça
|
|
23%[117]
|
11cm,5
|
—
|
—
|
2) Pescôço
|
|
43%[118]
|
21cm,5
|
—
|
—
|
3) Tronco
|
—
|
—
|
|
II. Membros
|
|
Superior
(torácico)[119] |
|
34%
|
17cm |
—
|
—
|
Inferior
(abdominal)[120] |
|
34%
|
17cm |
—
|
—
|
B
Perímetros (grossura dos
segmentos)
Partes
do corpo
|
Valores
métricos absolutos
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
I. Cabeça (Perímtro
craniano)
|
32cm,56
|
—
|
II. Tronco (Perímetro
torácico)
|
33cm
|
—
|
[92]
C
Diâmetros (espessura e largura dos
segmentos)
Partes
do corpo
|
Valores
métricos absolutos
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Cabeça
|
|
ântero-posterior máximo |
11cm,35 |
—
|
transverso |
9cm,11 |
—
|
D
Outras medidas:
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Densidade
(pêso)
|
|
de todo o corpo
|
3quil., 234
|
3quil., 103 |
do cérebro
|
350gr.
|
290gr.
|
do cérebro em relação ao corpo
|
11%
|
—
|
Índice
cefálico
|
80,2
|
—
|
Índices
torácicos
|
|
1.º[121]
|
100
|
—
|
2.º[122]
|
66
|
—
|
Conformação geral do recêm-nascido[123]:
1)
Cabeça volumosa. (Na
cabeça, o
que mais avulta é o
crânio;
a
face é pouco desenvolvida);
2)
Tronco cilindrico. (Os diâmetros do
tórax são iguais);
3)
Pernas curtas.
[93]
À
criança que vem de nascer, chamou Virchow
um ser
espinhal; e com
razão, porque, embora
ela possua um
cérebro, já bastante
desenvolvido
[124],
todavia, em tôda a
dinâmica da sua
vida, não existe
acto, que possa furtar-se
ao mais completo
e perfeito
automatismo[125].
Se fôsse lícito
falar de uma
psicologia
do
recêm-nascido,
seria para lhe
reduzir a
consciência
embrionária à
cenestesia (sensações
viscerais) e ao
instinto de nutrição[126].
De facto, à
hora
da nascença, a
[94]
criança (como os
anencéfalos) não
passa dum
reactivo
(sem
espontaneidade) às excitações do
mundo
externo; e,
por muito tempo ainda, ficará uma perfeita
máquina de
absorpção, destinada a servir, quási exclusivamente, as
necessidades da
vida vegetativa[127].
Não se torna, portanto, muito difícil descobrir a
fórmula
psíquica do recêm-nascido: «
une bouche qui vagit et
qui absorbe», como escreveu o director do
Instituto de
psicologia zoológica, de Paris
[128].
3)
Cânon antropométrico da Infância
(Pelos
três anos)
A
Projecções verticais (
altura
dos
segmentos)
[129]
Partes do corpo
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Percentagem
|
Valor métrico
absoluto
|
Percentagem
|
Valor métrico
absoluto |
I. Busto
|
|
1) Cabeça
|
|
20%
|
16cm,6
|
—
|
16cm,6 |
2) Pescôço
|
|
42%
|
34cm,8 |
—
|
34cm |
3) Tronco
|
|
II. Membros |
|
Superior
(torácico) |
|
37% |
30cm,7 |
— |
29cm,9 |
Inferior
(abdominal) |
|
38%
|
31cm,6 |
— |
30cm,8 |
[95]
B
Perímetros (grossura dos
segmentos)
Partes
do corpo
|
Valores
métricos absolutos
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
I. Cabeça (Perímtro
craniano)
|
48cm
|
—
|
II. Tronco (Perímetro
torácico)
|
50cm
|
—
|
C
Diâmetros (espessura e largura dos
segmentos)
Partes
do corpo
|
Valores
métricos absolutos
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Cabeça
|
|
ântero-posterior máximo |
16cm,7 |
—
|
transverso |
13cm,4 |
—
|
D
Outras medidas:
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Densidade
(pêso)
|
|
de todo o corpo
|
11quil., 700
|
11quil., 250 |
do cérebro
|
800gr.
|
780gr.
|
do cérebro em relação ao corpo
|
7%
|
—
|
Índice
cefálico
|
80
|
—
|
Índices
torácicos
|
|
1.º
|
—
|
—
|
2.º
|
60
|
—
|
J. J. Rousseau expôs, no seu
Emílio, tôdas as
ideas essenciais
à boa organização dum
cânon psíquico da infância.
Diz êle: «Les premières sensations des enfants sont
[96]
purement affectives; ils n'aperçoivent que le plaisir et la
douleur. Ne pouvant
ni marcher ni
saisir, ils ont besoin
de beaucoup
de temps pour se
former, peu à peu,
les sensations représentatives
qui
leur montrent les
objets hors d'eux-mêmes;
mais en
attendant que ces
objets s'étendent,
s'éloignent pour
ainsi dire de leurs
yeux, et prennent
pour eux des dimensions
et des figures,
le retour des
sensations affectives
commence à les
soumettre à l'empire
de l'habitude;
on voit leurs yeux
se tourner sans
cesse vers la lumière...»
[130].
A
idade infantil
(até aos três anos)
será tôda preenchida
pela
aquisição
[97]
de hábitos, que tornem possível e rápida a
faculdade
de adaptação.
O
infante não é já sòmente
uma bôca que
absorve; mas
tambêm uma
actividade que se exerce, no sentido de
promover
e assegurar o seu
equilíbrio com o meio.
São
molas reais da
dinâmica
infantil o
prazer e a
dôr;
e a êstes
estimulantes da
evolução
orgânica, se deve quási
tôda a
fórmula psíquica da infância, que é análoga à
do
animal superior[131].
Não será, pois, de admirar que as
aquisições mentais
das crianças desta
idade se subordinem
à
lei da recorrência,
que é o grande
princípio regulador de tôda a
vida representativa[132].
Em resumo, a
psicologia da infância, longe de
confinar-se
no
mecanismo dos instintos, ultrapassa a própria
esfera da afectividade, e compreende já as
manifestações
complexas da
percepção e da
associação[133].
[98]
4)
Cânon antropométrico da Puerícia
(Pelos
sete anos)
A
Projecções verticais (
altura
dos
segmentos)
[134]
Partes do corpo
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Percentagem
|
Valor métrico
absoluto
|
Percentagem
|
Valor métrico
absoluto |
I. Busto
|
|
1) Cabeça
|
|
16%
|
18cm,3
|
—
|
16cm,9 |
2) Pescôço
|
|
40%
|
45cm,8 |
—
|
42cm,4 |
3) Tronco
|
|
II. Membros |
|
Superior
(torácico) |
|
42% |
48cm |
— |
44cm,5 |
Inferior
(abdominal) |
|
44%
|
50cm,4 |
— |
46cm,7 |
B
Perímetros (grossura dos
segmentos)
Partes
do corpo
|
Valores
métricos absolutos
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
I. Cabeça (Perímtro
craniano)
|
50cm,8
|
—
|
II. Tronco (Perímetro
torácico)
|
50cm,3
|
—
|
[99]
C
Diâmetros (espessura e largura dos
segmentos)
Partes
do corpo
|
Valores
métricos absolutos
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Cabeça
|
|
ântero-posterior máximo |
17cm,6 |
—
|
transverso |
14cm |
—
|
|
Tronco
|
|
ântero-posterior |
14cm,4 |
—
|
transverso |
20cm |
—
|
D
Outras medidas:
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Densidade
(pêso)
|
|
de todo o corpo
|
18quil., 900
|
16quil., 450 |
do cérebro
|
1quil., 100
|
950gr.
|
do cérebro em relação ao corpo
|
5%
|
—
|
Índice
cefálico
|
79
|
—
|
Índices
torácicos
|
|
1.º
|
138
|
—
|
2.º
|
51
|
—
|
Na
progressiva diferenciação funcional da criança, a
puerícia ocupa um lugar proeminente, porque é nesta
idade
que a
espontaneidade mental, servida pela
experiência,
abre novos horizontes à
vida representativa; e gera
a
idea
do eu, que vai ser a
base da
personalidade[135].
[100]
O psicólogo Baldwin caracterizou a
puerícia,
chamando-lhe:
«
período de
percepção dos objectos,
e de correspondentes
reacções,
por
sugestão e
imitação»
[136].
Efectivamente, o
que mais domina,
nesta época, são os
interêsses perceptivos
e glóssicos[137];
alêm de que, o desenvolvimento
da
atenção espontânea
e o início da
atenção
voluntária (condições
essenciais do
raciocínio) tambêm
são suas características.
Sintéticamente, a
puerícia representa,
na
vida evolutiva da
criança, a
idade média,
ou o
período de
transição (ainda não
[101]
influenciado pela
lei dos sexos) entre a
impulsividade dos
instintos, temperada já por uma certa
autonomia da
consciência,
e a
idade crítica do crescimento, que será aquela,
em que se operar a transformação definitiva do
corpo da criança no
organismo do adulto.
5)
Cânon antropométrico da Puberdade
(Pelos
quinze anos)
A
Projecções verticais (
altura
dos
segmentos)
[138]
Partes do corpo
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Percentagem
|
Valor métrico
absoluto
|
Percentagem
|
Valor métrico
absoluto |
I. Busto
|
|
1) Cabeça
|
|
14%
|
21cm,6
|
—
|
21cm,2 |
2) Pescôço
|
|
39%
|
60cm,4 |
—
|
59cm,3 |
3) Tronco
|
|
II. Membros |
|
Superior
(torácico) |
|
44% |
69cm,7 |
— |
68cm,4 |
Inferior
(abdominal) |
|
47%
|
72cm,8 |
— |
71cm,5 |
B
Perímetros (grossura dos
segmentos)
Partes
do corpo
|
Valores
métricos absolutos
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
I. Cabeça
|
54cm
|
51cm
|
II. Tronco
|
72cm,6
|
71cm,5
|
III. Braço
|
24cm,3
|
—
|
IV. Antebraço
|
20cm
|
—
|
V. Côxa
|
44cm
|
—
|
VI. Perna
|
29cm
|
—
|
[102]
C
Diâmetros (espessura e largura dos
segmentos)
Partes
do corpo
|
Valores
métricos absolutos
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
I. Cabeça
|
|
ântero-posterior |
18cm,6 |
—
|
transverso |
14cm,8 |
—
|
|
II. Tronco
|
|
ântero-posterior |
19cm,1 |
—
|
transverso |
26cm |
—
|
|
III. Bacia
|
|
ântero-posterior |
16cm,5 |
—
|
transverso |
22cm |
—
|
D
Outras medidas:
|
Sexo masculino
|
Sexo feminino
|
Densidade
(pêso)
|
|
de todo o corpo
|
46quil., 300
|
49quil., 435 |
do cérebro
|
1quil., 300
|
1000gr.
|
do cérebro, em relação ao corpo
|
3%
|
—
|
Índice
cefálico
|
79
|
—
|
Índices
torácicos
|
|
1.º
|
136
|
—
|
2.º
|
46
|
—
|
Índice
pélvico
|
75
|
—
|
A
adolescência constitue uma época de
instabilidade
orgânica, que prepara a
criança para os
desequilíbrios da
puberdade.
«Nenhum período da vida, escreve Mendousse, é mais
fecundo em surprêsas de todo o género, porque, ao lado
das
faculdades novas que começam a desenhar-se,
persistem
os
hábitos antigos, que não querem desaparecer»
[139].
Daqui, um
conflito de energias, que lança o
adolescente
[103]
em
perplexidades, cuja
eficiência, por vezes, lhe
pode ser funesta.
Stanley Hall redigiu
o
catálogo dos
contrastes e das
flutuações
mentais e
morais da adolescência,
pelo qual se
vê que, de facto, a
criança desta
idade
possue uma
vida
inadaptada, que é
a fonte dos seus
êrros e da maior
parte dos seus
sofrimentos[140].
Quando a
puberdade
se aproxima,
então, a
anarquia
e o
choque das
tendências, ainda é
maior.
A
criança, solicitada
por
fôrças
estranhas, cujos
efeitos desconhece,
sofre dum
desequilíbrio,
que lhe não
permite adaptar-se,
desde logo, às
condições
do meio; e
passarão alguns
anos, antes que se
[104]
organizem, em direcções definidas, os
novos hábitos
mentais,
que as
novas circunstâncias exigem.
A
puberdade é o
centro do
crescimento; a
idade crítica,
por excelência; aquela, em que se decide a
sorte,
todo o
futuro da
criança[141].
Época das
grandes transformações do organismo; e,
sob a influência da
diferenciação, estádio decisivo da
constituição
específica de cada sexo, a
puberdade
marca, na marcha
da
evolução, o momento preciso, em que a
Natureza
entra de preparar o
ser humano para o
exercício da função,
de que depende a
perpetuidade da espécie.
Esta é a sua
característica fundamental e
diferencial,
o
eixo sôbre que gira toda a
complexa e
contraditória
psicologia do adolescente.
CAPÍTULO V
Processo bio-químico do «crescimento»: osteogénese
1.—Como fenómeno do
metabolismo funcional, o
«crescimento»
é uma resultante da
síntese assimiladora do
organismo, operada sob a influência das
leis
físico-químicas,
que a regulam
[142].
Essa
síntese, porêm, não se realiza, da mesma
maneira
e nas mesmas condições, em relação a todos os
tecidos do
organismo; antes cada
elemento somático
cresce, a seu
modo, consoante a
estrutura que possue e a
função a que
se destina.
Ora, sendo provável que à
acção osteogénica se
subordine
o
crescimento de todos os
tecidos
do organismo, tanto
em
macroplastia (crescimento vertical), como em
euriplastia
(crescimento horizontal), é do
crescimento ósseo
que nos devemos ocupar.
2.—Principiando pelo
crânio, todos sabem que a sua
morfologia se modifica constantemente, desde a
vida embrionária,
até à
velhice.
No início da
gestação, o
crânio é
cartilaginoso e
membranoso;
depois, no
estado fetal, adquire grande número
de
pontos de ossificação, de textura diversa, que se
vão
mutuamente soldando, de modo que, à
nascença, o seu
número é já muito limitado.
Não é, pois, de admirar que a
abóbada craniana do
[106]
recêm-nascido e a do
infante se
componham, desde logo,
de
ossos, ligados uns aos outros, por
suturas e
fontanelas[143],
cujas principais, em
norma superior, são a
obélica
e a
brègmática (vulgo, a
moleirinha, que fecha completamente,
pelos quinze meses); e, em
norma lateral, a
astésica[144].
A ossificação, porêm, dêsses
espaços membranosos,
faz-se com tamanha rapidez que, pelos meados da
infância,
não existem já senão
suturas, as quais, por sua vez,
tambêm vão desaparecendo, pela vida adiante, e de tal
sorte que, na
extrema velhice, o crânio reduz-se a
uma
massa óssea, quási tam contínua e homogénea, como o
era o
crânio membranoso do embrião[145].
3.—Onde, todavia, se revela melhor o
mecanismo do
«crescimento», é na evolução da
coluna vertebral (a
princípio,
tôda ela cartilaginosa) e, sobretudo, no crescimento
dos
ossos longos do organismo.
Na extremidade de cada
diáfise óssea existe uma
espécie
de apêndice, chamado
epífise, que se liga àquela,
por uma cartilagem, de natureza particular, que os antropólogos
designam pelo nome de
cartilagem de conjugação.
Emquanto dura o
período de «crescimento» (entre os
vinte e os vinte e cinco anos), as
epífises,
normalmente,
permanecem separadas da
massa óssea que lhes
corresponde
(diáfises), pela respectiva
faixa cartilaginosa,
cuja
estrutura é sede de uma
transformação
histo-quimica[146];
[107]
mas, quando aquele período se encerra, em obediência à
lei da hereditariedade, é porque as
epífises se soldaram
às
diáfises, ou a
ossificação
invadiu, em tôda a sua
espessura, as
cartilagens de conjugação.
[108]
As duas
figuras que, a seguir, publicamos, extraídas
da Obra de Launois, já citada, são
radiografias da
mão e
do joelho dum indivíduo de
estatura gigantesca, que,
pelos
trinta anos, continuava a
crescer. Nessas
radiografias, se
observa nìtidamente a
persistência
daquelas
cartilagens,
a separar, por exemplo, as
diáfises do cúbito e do
rádio
(
figura, n.º 16) e as
diáfises do fémur, da tíbia e do
peróneo
(
figura, n.º 17) das
epífises, que lhes pertencem.
Segundo Topinard, são reùnidas ao
corpo do respectivo
ôsso, pelos quinze anos, as
extremidades
superiores
do
rádio e do
cúbito (epífeses);
pelos dezassete,
as dos
dedos;
pelos dezoito,
as do
fémur, e as
inferiores da
tíbia e
[109]
do
peróneo; pelos dezanove,
as
dos
metatársios, e
a superior
do
humerus; finalmente, pelos vinte,
as dos
mètacárpios,
e as das
extremidades inferiores do
fémur, do
rádio,
do
peróneo e do
cúbito[147].
CAPÍTULO VI
Fórmulas antropométricas do «crescimento» normal, nas idades
de evolução. Anomalias do «crescimento»; sua determinação,
pelo processo antropométrico.
1.—Como se depreende dos
quadros expostos no
capítulo IV, cada
idade de evolução possue suas
características
antropométricas essenciais.
Estas
características derivam, não sòmente das
assinaladas
dimensões verticais e horizontais e doutros
elementos
do
sólido humano, em cada uma daquelas
idades,
como tambêm e principalmente das
formas e
cubagens
dos respectivos
órgãos.
Ora, tanto as
formas (que resultam do
desenvolvimento
relativo das diversas partes dum
órgão),
como as
cubagens (que atestam o seu
volume
específico), podem exprimir-se,
por meio de
fórmulas (a que chamam
índices),
que denunciam sintéticamente as
relações
ariméticas de
determinadas
dimensões com outras, que se tomam por
unidades[148].
Os
índices que, em ordem ao fim que nos propômos,
mais importa considerar, são:
|
(
|
D. T. C. ×
100
|
)
|
1) o índice
cefálico
|
|
|
D. A. P. C.
|
|
(
|
D. T. T. × 100
|
|
P. T. × 100
|
)
|
2) os índices torácicos
|
|
e
|
|
|
D. A. P. T.
|
|
A.
|
[111]
|
(
|
B. × 100
|
)
|
3) o índice do tronco
|
|
|
A.
|
|
(
|
Ab. M.
|
)
|
|
4) o índice muscular
|
|
; e, finalmente,
|
|
P.
|
|
|
(
|
C.
|
)
|
5) o índice cérebro-visceral
|
|
|
V.
|
O
índice cefálico (expressão da relação centesimal
do
diâmetro ântero-posterior máximo do crânio com o seu
diâmetro transverso máximo) é, em Portugal, segundo
as
notações registadas, de 80, desde a
recêm-nascença até à
infância; e de 76-79, desde a
puerícia, até à
puberdade.
No
adulto, êste
índice,
desprezando fracções, fixa-se em
76
[149].
O
primeiro índice torácico (expressão da relação
centesimal
do
diâmetro ântero-posterior máximo do tórax
(espessura do peito) com o seu
diâmetro transverso
máximo
(largura do peito), é de 100, na
recém-nascença; de
138, na
puerícia; de 136, na
puberdade; e de 139, na
idade
adulta[150].
O
segundo índice torácico (expressão da relação do
perímetro torácico multiplicado por cem, com a
altura do
corpo) decresce gradualmente, com a idade (66, na
recêm-nascença;
60, na
infância; 51, na
puerícia), até à
puberdade,
em que baixa a 46. O
índice do adulto (s. m.) 50,
(s. fem.) 55.
O
índice do tronco (fórmula da relação centesimal
que
existe entre as dimensões verticais do
busto e as da
estatura)
tem servido de
critério para agrupar as
crianças em
três categorias, consoante são
braquísquelas (pernas
curtas),
[112]
macrósquelas (pernas longas) ou
mesatísquelas (pernas
médias).
A
braquisquelia normal é a
forma
antropométrica,
peculiar da
recêm-nascença, da
infância e ainda da
puerícia.
O número médio, que exprime o respectivo
quociente,
oscila, segundo os nossos cálculos, entre 55 e 80.
A
macrosquelia manifesta-se, na
adolescência e, sobretudo,
no
período peri-pubertário. O
índice que lhe corresponde
varia de 50 a 55.
Finalmente, a
mesatisquelia (característica da
idade
adulta), em circunstâncias normais, por isso mesmo que
exprime a
forma definitiva do
sólido
humano, só se
esboça, a partir da
puberdade.
O
quociente respectivo é 52
[151].
Resta o
índice muscular (relação do
perímetro máximo
do antebraço com o
pulso) para cuja
avaliação carecemos
de elementos suficientes; e o
índice cúbico
crânio-visceral
(
C⁄V), do qual
C representa o
volume aproximado
do cérebro, determinado pelo cálculo da
capacidade
craniana
(dupla multiplicação dos
diâmetros ântero-posterior
máximo,
transverso máximo,
e vertical); e
V, a
capacidade
do tronco, onde se acham encerradas as
vísceras (tambêm
dupla multiplicação dos
diâmetros ântero-posterior
máximo,
e
transverso máximo do tórax, e
vertical do
tronco).
Êste
índice (
C⁄V) que exprime,
portanto, a
relação
proporcional que existe entre o
encéfalo
(centro da
vida
mental) e as
vísceras (centro da
vida vegetativa), varia
enormemente, desde o
nascimento até à
idade
adulta,
numa
ordem decrescente, que desce de 74 a 20.
2.—Como, noutro lugar dissemos, o «crescimento»,
[113]
cujas
fórmulas antropométricas acabamos de sumariar,
pode ser
retardado ou
acelerado,
por virtude de múltiplices
influências, sem que, por êsse facto, deixe de
considerar-se
como
normal.
Se, porêm, o
limite das oscilações do «crescimento»
fôr
ultrapassado, então, sem dúvida que se tratará de
«crescimento
anormal», ou de
anomalias do
«crescimento».
Estas
anomalias, consoante as circunstâncias,
poderão
revestir diferentes
formas; mas as principais são
redutíveis
a três:
1)
suspensões;
2)
desvios;
3)
desequilíbrios do «crescimento».
As
suspensões do «crescimento» dão origem ao
nanismo,
ao
raquitismo, ao
infantilismo,
etc.
[152].
Os
desvios e os
desequilíbrios
podem gerar o
virilismo,
o
feminismo, o
gigantismo, a
acromegalia, o
senilismo;
e, alêm doutras anomalias, o simples
retardamento ou
atraso físico[153].
Tôdas estas
doenças, por via de regra, derivam de
estados orgânicos, a que os médicos chamam
distrofias
(do grego Δυστροφοϛ); havendo-as do
pâncreas, das
cápsulas
supra-renais, do
fígado, das
glândulas genitais, do
timus, e, sobretudo, do
corpo
tiroide, glândula de secreção
interna, situada na parte externa do
canal
laringo-traqueal[154].
A
insuficiência tiroidiana (hipotiroidia), é a
principal
causa do maior número das
anomalias do
«crescimento».
Porquê? Laumonier responde: porque essas
anomalias
[114]
andam sempre ligadas (como o
efeito à sua
causa) à
carência das
substâncias (que o
corpo
tiroide, normalmente,
segrega) capazes de neutralizar a acção dos
venenos
produzidos pelo próprio
organismo, e de tornar os
elementos nervosos refractários a êsses venenos
[155].
O
mixòedêma, por exemplo, em tôdas as suas formas,
deriva de perturbações orgânicas, que teem a sua origem
na
atrofia ou no desaparecimento do
corpo
tiroide; mas o
gigantismo, a que já nos referimos, resulta
precisamente
dum vício oposto, a que se poderá chamar
hipertiroidia,
e que consiste em conservar, aos
ossos, por uma
superabundância
de
secreção específica, alêm de todo o limite, o
poder osteogénio, ou a
capacidade de
crescer[156].
Como nota final dêste capítulo, cumpre estabelecer que
se torna necessário não confundir as
anomalias do crescimento
físico com as
perturbações do
desenvolvimento
[115]
mental (idiotia, imbecilidade, psicastenias, etc.),
cujas
causas
se devem procurar, antes, em
lesões do sistema
nervoso,
determinadamente do
cérebro, do que em
afecções
somáticas; e que é no confronto das
proporções
normais
do corpo, nas
idades de evolução, com as
do
organismo
que se pretende avaliar, que consiste o
processo
antropométrico
da determinação das
anomalias físicas.
CAPÍTULO VII
Doenças das crianças, nas idades de evolução. A mortalidade
infantil, em Portugal. Crescimento desequilibrado; suas
conseqùências.
1.—Há certas
doenças que parecem
específicas das
crianças, como a
coqueluche, por exemplo, as
infecções
obstétricas, etc.; e outras que, conquanto extensíveis ao
adulto, todavia, atacam, de preferência, as
crianças, como
a
difteria (determinadamente, o
garrotilho), por exemplo,
a
escarlatina, o
trasorelho, o
sarampo, etc.
[157].
São conhecidos vários ensaios de classificação, por
idades,
das doenças infecciosas das
crianças; tendo-se
procurado tambêm, entre nós, organizar, em bases sérias,
a
estatística nosológica infantil[158].
Em face das últimas
publicações do Instituto central
de higiene[159], verifica-se que, em Portugal, as
doenças
mais freqùentes da
recêm-nascença e da
infância são
aquelas que derivam da
debilidade congénita, dos
vícios
de conformação, e das
infecções do tubo
digestivo (gastro-enterite);
as da
puerícia afectam, com singular pertinácia,
[117]
o
aparelho respiratório; e as da
adolescência e
puberdade, incidem, determinadamente, sobre os
pulmões
e sobre o
sistema nervoso[160].
2.—Em relação à
mortalidade infantil portuguesa,
reputamos suficientemente averiguado o cálculo que a
eleva à enorme cifra de
duzentos, por mil, com menos
de dois anos de idade, isto é, a um quinto dos
nados-vivos
e
sobreviventes, até àquele limite
[161]. O seguinte
gráfico (
figura n.º 18) exprime resultado análogo,
pelo que respeita à cidade de Coímbra
[162].
Só, em Lisboa, Pôrto e Coímbra, morrem, em média,
por ano, mais de
oito mil crianças, dambos os sexos;
e, em todo o país, de tôdas as idades, até aos vinte anos,
nada menos do que, em média, um total, verdadeiramente
apavorante, de
cinqùenta e cinco mil, ou seja a
metade
da mortalidade geral da população!
3.—Nenhuma, porêm, destas
afecções pode ser
considerada
como
doença propriamente do «crescimento», isto
é, como
processo mórbido, que tenha origem exclusiva
nos
fenómenos da
evolução somática.
Êsses procedem sempre dum
crescimento desigual ou
desencontrado dos tecidos do organismo.
Sem dúvida que se não trata da
desigualdade, que
resulta
da
lei fisiológica da alternância; mas de
perturbações
ou
acidentes do crescimento, que possam afectar o
equilíbrio funcional do
sólido humano, ou
alterar-lhe a
constituição anatómica.
Estes
acidentes (cuja natureza é irredutível às
anomalias,
de que falámos no capítulo anterior, por isso mesmo
que, como ficou estabelecido, teem a sua etiologia na
falta de paralelismo do crescimento) manifestam-se, de
preferência,
durante a
fase peri-pubertária.
[118]
[119]
Por essa ocasião, as crianças sofrem, muitas vezes, de
dôres nos
ossos, nas
articulações, nos
músculos; teem
cefalalgias,
freqùentes; padecem de
cloro-anemia, de
neurastenia,
de
perturbações cardiacas; experimentam
mutações
bruscas de temperamento e de carácter; sentem
impulsividades mórbidas; etc., etc.
[163].
Ora, tôda esta
sintomatologia constitui aquilo a que
chamaremos o
sindroma do crescimento desigual, cujas
causas profundas se devem procurar, concretamente,
em
factos, de natureza análoga à dos dois que vamos
indicar:
1) a coincidência da
suspensão ou abrandamento
(aliás,
normal)
do crescimento cutâneo, por ocasião da
puberdade,
com o
aumento, alêm de tôda a medida, dos ossos
longos, por virtude dalguma
infecção do
organismo[164], ou
de qualquer outra
causa,
de ordem
bio-química; 2) o
crescimento
desencontrado do eixo cinzento (medula) e do
canal ósseo que lhe serve de baínha (coluna
vertebral)
[165].
CAPÍTULO VIII
Higiene do «crescimento»; exercícios físicos: jogos e gimnástica
1.—É evidente que para
crescer bem, não basta
deixar
agir a natureza (embora
isso seja
essencial); mas tambêm
é necessário
auxiliar o crescimento, isto é,
colocar o organismo
em condições que sejam favoráveis à sua evolução
normal, e impedir ou contrariar a acção dos factores,
que possam ser prejudiciais a essa evolução.
Entre as
práticas que a
higiene
aconselha, em ordem
ao
objectivo designado, ocupam primacial lugar os
jogos
infantis, e a
gimnástica.
Os
jogos são agentes naturais e instintivos do crescimento
físíco e do desenvolvimento mental, sendo
por virtude
da sua eficiência que a
hipertrofia do organismo se
realiza com maior persistência e eficácia
[166].
Sem querermos arriscar um
conceito definitivo acêrca
da
natureza intrínseca da actividade lúdica, diremos,
entretanto,
que nos parece ser o
jôgo um
efeito natural
das
leis biológicas, a que todos os organismos se submetem,
nas suas relações com o
meio, em que carecem de
subsistir.
O
jôgo é uma
forma de adaptação,
um
prè-exercício
[121]
(como lhe chamou Karl Groos), um
ensaio ou uma
preparação
para a vida[167].
Os
instintos herdados, com a organização e a ela
inerentes (instintos fundamentais) e, principalmente, os
instintos derivados dêstes (instintos adquiridos)
não aproveitariam
tam perfeitamente à
vida dos organismos,
como lhes aproveitam, pela eficiência dos
jogos, que
não
se destinam, senão a
desenvolver,
radicar e
robustecer
essas
energias latentes, de cuja
acção depende aquela
vida[168].
Mas, alêm desta
função primordial (tornar apto o
ser
para o
fim, a que o destinam as
leis da
vida), servem
ainda os
jogos:
1) para
desenvolver actividades novamente
adquiridas;
2) para
estimular o «crescimento»;
3) para
reduzir e canalizar tendências nocivas;
4) para
criar e manter hábitos sociais;
5), finalmente, para
corrigir a fadiga e regenerar as
energias,
gastas pelo trabalho orgânico.
Os
jogos são muitos, e variam, de país para país e,
dentro de cada nação, de província para província e até de
localidade para localidade, consoante o
género de
vida,
as
tendências, as
aptidões, os
usos e costumes, e as
necessidades
físicas,
morais e sociais das respectivas
populações.
Tem-se procurado
classificar os
jogos; mas, em virtude
da multiplicidade dos
critérios adoptados, falta
unidade
de vistas, e não há acôrdo nas
classificações[169].
Entre nós, tambêm o problema não tem sido descurado,
[122]
embora os
trabalhos empreendidos sejam raros e
incompletos
[170].
Nós, reconhecendo que,
sob o aspecto pedagógico, os
jogos constituem outros tantos meios, admiravelmente
eficazes,
de
auxiliar o «crescimento»;
desenvolver a
inteligência;
aguçar a sensibilidade;
robustecer e
disciplinar a
vontade; e
formar o carácter, agrupamos os
jogos, nas
seguintes categorias:
1)
jogos motores (ou
somáticos,
porque desenvolvem o
organismo);
2)
jogos sensoriais (porque
educam os
sentidos e
promovem
a destreza e precisão dos movimentos);
3)
jogos experimentais (porque
aperfeiçoam
a inteligência,
e
satisfazem o instinto de curiosidade das
crianças);
4)
jogos afectivos (ou
emocionais, porque
fomentam
a cultura da sensibilidade);
5)
jogos inibitórios (porque
despertam a
atenção e
educam
a vontade); e, finalmente,
6)
jogos estéticos (ou
artísticos, porque
estimulam os
sentimentos desinteressados da criança).
O seguinte
esquema resumirá o nosso
ensaio
de classificação
(segundo o
critério adoptado) dos
jogos
portugueses,
mais conhecidos e praticados, em todo o país.
2.—Do mesmo modo que os
jogos, também a
gimnástica
interessa ao
«crescimento»; não, porêm, a
gimnástica
pedagógica (útil apenas à
formação do
carácter), e muito
menos a
gimnástica atlética, que
perturba e
pode comprometer
até a
marcha e o
equilíbrio do
«crescimento»[171];
mas a
gimnástica higiénica, e desta, a
gimnástica respiratória,
cuja prática é de manifesta vantagem à
saúde do
corpo
e à
dinâmica da sua evolução[172].
[123]
|
|
|
|
|
|
marcha; carreira; salto;
dança; luta;
natação; patinagem; escorregamento; etc. |
|
|
|
|
gerais
|
|
|
|
|
|
|
motores
|
|
|
|
|
|
|
|
escondidas; cantinhos; barra; eixo; péla; arco; baloiço; papagaio;
rodas e rondas infantis; guerras; jôgo dos patos; etc.
|
|
|
especiais
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
tiro ao alvo; malha ou
fito; jogos de
equilíbrio; etc.
|
|
|
|
gerais
|
|
|
|
|
sensoriais
|
|
|
|
|
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homem; semana; botão; ferrinho; pião; cabra-cega; forquilha; funda;
inco, bilharda; das cinco pedrinhas; o recorte; etc.
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especiais
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damas;
gamão; dominó; xadrez; todos os actos de curiosidade; etc.
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gerais
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exprimentais
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paciências;
adivinhas; anel; disparates; colecções; etc. |
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|
especiais
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Jogos |
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jogos de
imitação, e de imaginação; jogos de fantasia; etc.
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|
gerais
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afectivos |
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a
boneca; todos os actos de auto-ilusão consciente; etc.
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|
especiais
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todos os
actos de domínio sôbre si próprio; auto-imposições e auto-repressões;
etc.
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gerais
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inibitórios
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fazer de
estátua; atitudes de imobilidade, diante do espelho; etc.
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|
especiais
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construções
em terra, areia, neve, etc.; modelagem; pintura, e desenho de objectos;
jogos dramáticos; etc.
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gerais
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estéticos
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combinações
de côres; repassagem de desenhos coloridos; etc.
|
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|
especiais
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|
[124]
São os seguintes os efeitos da
respiração profunda,
que a
gimnástica respiratória promove e assegura:
1) activa as
trocas gasosas, combinando uma maior
quantidade de
oxigénio com a
hemoglobina do
sangue;
2) descongestiona os
órgãos internos, sobretudo, o
cérebro;
3) regulariza as
funções digestivas;
4) desenvolve a
musculatura do tórax e do abdómen;
5) permite o arejamento das
partes do pulmão, em que
o ar não penetra, senão com dificuldade; finalmente,
6) auxiliando a
assimilação e a
desassimilação, facilita
a
atenção, roboriza a
vontade,
assegura a
disciplina[173].
CAPÍTULO IX
Evolução geral da mentalidade; fases desta evolução;
e leis que a regulam.
Os factores bio-psíquicos do «crescimento»
1.—A
vida mental da criança (psiquismo infantil)
não
pode isolar-se, em nenhuma das
fases do seu
progressivo
desenvolvimento, da
evolução do sistema nervoso,
cuja
trajectória segue, desde o
útero.
É absolutamente incontestável que,
sem cérebro, não
há consciência[174], e que a
consciência se
afirma sempre,
na razão directa da
complexidade e da plasticidade do
cérebro[175].
Certamente que não ousamos atribuir a
causalidade da
consciência à pura
organização, como fazem os
materialistas;
mas apenas reconhecemos o
facto averiguado da
perfeita correlação e da
coexistência
necessária da
actividade
psíquica com a
energia cerebral[176].
Nos
animais vizinhos dos vegetais (infusórios,
pólipos,
espongiários, etc.), do mesmo modo que (segundo parece)
tambêm nos
vermes, não existe ainda a
consciência, mas
tam sòmente
irritabilidade e, quando muito,
sensibilidade
[126]
diferencial[177]; à medida, porêm, que se organiza o
sistema
nervoso, as
excitações (causas
físico-químicas das
reacções) vão-se convertendo em
impressões, e estas em
sensações que, pela sua
diferenciação, acabam por gerar
a
consciência, e, depois, a
auto-consciência, ou a
capacidade
de conhecer os próprios estados e respectivas
modificações[178].
Só a partir dos
vertebrados, é que, por intermédio
do
cérebro, se torna possível a
vida
consciente e, com ela, a
atenção, a
memória, a
imitação, a
associação; numa
palavra,
as chamadas
operações intelectuais[179].
2.—Conquanto, porêm, na
criança que vem de nascer,
exista já um
cérebro completo, dum modo geral,
em tôdas
as suas partes essenciais, contudo, tanto a
estrutura,
dessas
partes, como a
aptidão
para o
seu funcionamento
é que distam ainda muito daquele
grau de perfeição,
que
se torna indispensável para a
integralidade da vida
mental[180].
Estudos recentes, empreendidos por investigadores
eméritos
[181], permitem estabelecer que, no
encéfalo do
recêm-nascido,
a
substância cinzenta do cérebro é constituída
por
células ainda imperfeitas; e que carecem de
consistência e de fixidez as
fibras nervosas que
ligam os
[127]
hemisférios aos
gânglios da base do
cérebro, às
camadas
ópticas, e aos
corpos estriados, dum modo
geral, aos
centros sub-corticais[182].
Alêm disso, sabe-se hoje que, sòmente a partir do primeiro
mês de
vida extra-uterina, é que se acentuam e
desenvolvem as
circunvoluções, cuja
estrutura se vai complicando,
à medida que a
superfície do cérebro aumenta
de
extensão e de
volume[183]; e,
finalmente, tambêm é positivo
que a
mielinização do encéfalo, conquanto seja
iniciada
no
útero, todavia, só se acaba, pela vida adiante,
em
fases já relativamente avançadas da
evolução[184].
Quer tudo isto dizer que, mesmo sob a relação do
pêso
e do
volume, o
cérebro não nasce
perfeito e
completo;
embora, comparado com o resto do
corpo, traga, à
nascença,
um desenvolvimento que, numèricamente, se poderá
computar na
quarta parte (25%)
do seu
volume total.
O
diagrama que, a seguir, publicamos (
fig. n.º 19),
representa
o
crescimento do cérebro, desde o início da
vida
intra-uterina, até à
puberdade, em que
atinge o seu
máximo
desenvolvimento, sob a relação do pêso e volume—absolutos.
Mostra êste
gráfico que o
pêso absoluto do
cérebro
aumenta, com a idade, ao passo que o seu
pêso
relativo
diminue.
À medida que o
organismo cresce, o
cérebro, sem
deixar de acompanhar êsse
crescimento, até à
puberdade,
contudo, cada vez,
cresce, com menor intensidade
(como
se verifica pelos
aumentos, relativos a cada idade de
evolução); e, ao mesmo tempo, acusa uma
progressiva
diminuição, nas proporções que mantêm com o corpo[185].
[128]
Donde resulta que, sob a relação da
quantidade, a
evolução
cerebral realiza-se e consuma-se antes da
evolução
somática, embora, sob o ponto de vista
qualitativo, o
cérebro
continue a desenvolver-se.
O seguinte
gráfico (
figura n.º 20), completa o
anterior,
por isso mesmo que continua a
curva da evolução para
alêm da
puberdade, no intuito de figurar,
quantitativamente,
tôda a
vida do cérebro, desde que o
homem nasce,
até que morre.
Para compreensão, todavia, de todos os fenómenos da
bio-dinâmica mental, torna-se necessário considerar
o
elemento
[129]
qualitativo do crescimento cerebral, isto é,
a sua
capacidade fisiológica.
Esta
capacidade (que tambêm não exclue o
elemento
quantitativo) compreende ou abrange a
eficiência de
tôdas
[130]
as causas que possam concorrer para a organização
da vida cerebral. Dentre essas
causas
(algumas pouco conhecidas,
ainda), indicaremos, como mais importantes, as
seguintes: 1) a
composição química; 2) a
quantidade de
substância cinzenta; 3) o
número e a complexidade
das
circunvoluções; 4) a
morfologia do
encéfalo; 5) a
relação
do cérebro com as outras partes do encéfalo; 6) as
relações do mesmo órgão com a altura e, em geral, com
a massa activa do corpo; 7) o
exercício
cerebral; 8) a
experiência
do indivíduo; 9) o
arranjo molecular das células
cerebrais; 10) as
associações dinâmicas dos
elementos
nervosos, etc., etc.
[186].
Ora, se considerarmos todos êstes
factores, desde
logo,
teremos de reconhecer a existência de uma outra
curva: a
da
aptidão funcional do cérebro, cuja trajectória
não coincide
com aquela que exprime a sua
evolução quantitativa,
porque, como se verifica neste
diagrama (
figura n.º
21) o
cérebro continua a crescer, depois da puberdade (15
anos);
e até
com muito maior intensidade, a partir dos
vinte
anos; para só
se deter, aos cinqùenta, em que
estaciona
(por tempo de dez anos, em circunstâncias normais), antes
de
decrescer, como sucede, depois dos sessenta
[187].
[131]
Se compararmos, porêm, agora, esta
curva da bio-dinâmica
cerebral com a
curva da consciência
(
figura n.º
22), notaremos que, desta vez, entre as duas
curvas,
há
um
paralelismo perfeito, o que explica e ilustra
estas palavras
concludentes e profundamente autorizadas de A.
Marie: «A sciência demonstra,
de uma maneira absolutamente
certa, o facto da
simultaneidade e da correlação
constantes e necessárias da actividade nervosa com a actividade
mental, fazendo dessas actividades
dois
fenómenos
[132]
inseparáveis, os quais nunca deixam de se
manifestar
conjuntamente,
e nem se pode conceber que um se produza,
sem o outro[188].
3.—O estudo (embora rápido) que vamos fazer das
fases da mentalidade, confirmará plenamente o nosso
conceito da evolução da consciência, pois mostrará
que,
entre a
inconsciência, em que a criança se gera, e a
inconsciência, em que o individuo acaba, se
escalonam
vários
graus de consciência, cada qual
representativo
de seu
progresso, e todos ligados a
estados
orgânicos,
até a um
limite, cuja
transposição importa, sempre e
em tôdas as circunstâncias, a
decadência e, com ela,
a
desorganização e a
morte.
A
consciência crepuscular, que o
gráfico (
fig. n.º 22)
regista, como pertencendo ao
período êmbrio-fetal da
evolução humana, sem dúvida que não representa
qualquer
estado psíquico que possa diferenciar-se da pura
cenestesia.
O
feto, conquanto, em verdade, constitua
um
reactivo mais enérgico até, do que a própria mãe[189], contudo,
carece de
vida consciente, porque, com um
cérebro
ainda incipiente e
sentidos apenas
esboçados, não é susceptível
das
operações orgânicas, que condicionam aquela
vida.
A expressão—
psicologia embriológica—(de que, por
vezes, usam os autores) nada mais pode significar, do que
a
espécie de semi-consciência, que se atribue ao
nascituro,
essa
consciência onírica, sui generis, que se
manifesta por
um «
sôno, sem sonhos», e à qual nós
chamamos
consciência
crepuscular[190].
Para que haja
verdadeira consciência (embora ainda
[133]
embrionária ou
rudimentar) é
necessário que o
indivíduo
humano deixe a
vida parasitária, em que
persistiu,
durante a
gestação; e, pelo
nascimento, adquira a
vida
independente, que usufruirá, até à morte.
Passiva, chamamos nós à
consciência do
recém-nascido,
para significar que ela se reduz às
sensações, que as
impressões
sensoriais determinam no seu cérebro ainda virgem;
e aos instintos que deve à hereditariedade.
E será esta, depois do
período êmbrio-fetal, a
primeira
[134]
fase da
vida psíquica da criança,
na sua
evolução para
a
idade adulta.
Durante êste primeiro mês, o
recêm-nascido sofrerá a
crise grave, que deriva da
mudança de
meio, a que foi
coagido, pelas
energias do crescimento, e ensaiará
as primeiras
adaptações às novas condições de vida[191].
Os
progressos, todavia, serão rápidos. Desde o fim
do
primeiro mês, até aos cinco anos (
infância e
primeira fase
da
puerícia), a actividade da
consciência não cessará de intensificar-se,
adquirindo a criança
faculdades e
aptidões,
que lhe assegurarão (cada vez, com maior persistência e
eficácia) o
equilíbrio, de que carece, com o
novo meio,
em que tem de viver.
Por isso, atribuímos
consciência activa ao
organismo,
que se encontra neste estádio da
evolução psíquica;
isto
é,
qualidades,
energias e
possibilidades, que se traduzem
por
actos neuro-psíquicos, de complexidade
crescente, à
medida que decorre a
infância, e se entra na
puerícia,
a época inicial da
auto-consciência, ou seja das
operações
superiores da vida mental.
Assim, com a
puerícia (época do
pensamento
espontâneo,
ou
idade preguntadora, de Sully), alêm do
desenvolvimento
da linguagem (substituição gradual da
palavra
concreta, pelo
conceito geral ou
abstracto)
[192], aparece
[135]
o
espírito de curiosidade (tam peculiar às
crianças
desta idade); radica-se a
atenção espontânea, e
esboça-se
a
atenção voluntária; imperam as
tendências que se inspiram
nos
interêsses perceptivos e glóssicos; surgem os
primeiros ensaios da personalidade; e afirmam-se já,
embora com carácter rudimentar, as
leis
bio-psiquicas
da
vontade consciente.
Depois, com a
adolescência, e com a
puberdade, a
curva da dinâmica mental subirá sempre e, cada vez,
com maior celeridade, para nunca mais se deter, senão na
idade madura, em que, havendo atingido o
máximo de
intensidade, aí perdurará, até à
decadência[193].
O
quadro (
n.º 6) que, a seguir, publicamos, resume
as
características das idades de evolução,
distribuindo-as,
pela
ordem cronológica do seu aparecimento, e
mantendo
a
subordinação em que se encontram, umas em relação
às outras.
[136]
Idades de
Evolução
|
|
Caracteristicas
essenciais
|
|
Recêm-nascença
(Durante o 1.º mês) |
|
Vida
vegetativa, e puro automatismo (a princípio) nas relações do
indivíduo com o meio. Reacções mecânicas a excitações
exteriores. Necessidade máxima: nutrição. Primeiras adaptações. |
|
Infância
(Desde o segundo mês até aos três anos)
|
|
1) Até aos doze
meses
|
|
Vida afectiva simples: prazer
e dôr física. Adaptações sensorio-motoras. Linguagem balbuciada.
Interesses perceptivos.
|
|
2) Dos doze meses até aos très
anos
|
|
Vida afectiva complexa: acção
emocional. Aquisição de hábitos. Espontaneidade mental. Imitação
passiva. Linguagem rudimentar.
|
|
Puerícia
(Desde os très aos sete anos) |
|
1) Dos très aos cinco anos
|
|
Atenção voluntária.
Imaginação incipiente. Desenvolvimento da memória orgânica.
Curiosidade. Interesses glóssicos. Puerícia.
Sugestibilidade. Imitação activa. Linguagem racional.
|
|
2) Dos cinco aos sete
anos
|
|
Organização da vida mental.
Poder de análise. Memória psíquica. Diferenciação das funções
psíquicas. Interesses gerais. Linguagem integral.
Actividade lúdica intensa.
|
|
Adolescência
(Desde os oito aos doze anos)
|
|
1) Sexo masculino
|
|
Fixação e expansão da
personalidade. Egocentrismo. Sociabilidade. Desenvolvimento da
vontade. Dinamogenia dos sentimentos. Interesses morais e
estéticos.
|
|
2) Sexo feminino
|
|
Período sentimental.
Plasticidade orgânica e psíquica. Exuberância de movimentos.
Espírito de iniciativa, e de emulação. Pudor.
|
|
Puberdade
(Dos doze aos dezasseis anos) |
|
1) Sexo masculino
|
|
Instinto sexual.
Instabilidade psíquica. Impulsões do temperamento. Formação
definitiva do carácter. Concentração mental; e diferenciação de tòdas
as faculdades. Interesses éticos e sociais.
|
|
2) Sexo feminino
|
|
Exaltação do sentimento.
Imaginação viva. Diferenciação sexual. Aquisição dos hábitos
característicos da mulher. Perfeita adaptação ao seu fim
fisiológico. Coquetismo. Interesses éticos e sociais.
|
[137]
4.—O
estudo sintético, que temos feito da
evolução mental,
revela, nessa evolução, do mesmo modo que no
«crescimento»
físico, a existência, tanto de
leis gerais (relativas
à
dinâmica psíquica, considerada
in
totum), como de
leis
especiais (privativas de cada
função).
Entre aquelas, ocupam primacial lugar as duas seguintes:
1) O
processo bio-psíquico da evolução mental
depende,
em grande parte, do
crescimento físico, e acompanha
sempre o
desenvolvimento do sistema nervoso[194];
2) O
conteúdo da consciência (quantidade de
conhecimentos,
e valorização de
funções) está na razão directa da
complexidade das relações da criança com o meio.
Quanto às
leis especiais, indicaremos estas, apenas:
1) a
atenção é a condição primária da
consciência;
2) a
memória depende da
plasticidade do
cérebro;
3) entre o
pensamento e a
vida das imagens
cerebrais
a relação é a mesma que existe entre a
conclusão e
as
premissas dum
raciocínio;
4) as
formas de expressão derivam de
actos
reflexos,
e passam dos
gestos às
palavras,
e destas aos
sinais, que
as exprimem.
5.—Para conclusão dêste capítulo, resta enumerar ainda
os
factores bio-psíquicos do «crescimento»; isto é,
tôdas
aquelas
energias, e todos aqueles
meios de
acção, que
podem influir no
processo da evolução (tanto
somática,
como
psíquica). Êsses
factores,
condensá-los hemos, no
seguinte
esquêma:
[138]
|
|
|
|
ancestrais (hereditariedade).
|
|
|
|
|
Factores da
evolução orgânica
|
|
naturais
|
|
|
actividade lúdica (jogos).
|
|
|
|
pessoais
|
|
|
passiva.
|
|
|
|
imitação
|
|
|
|
exercícios físicos.
|
|
|
activa.
|
artificiais
|
|
|
|
|
|
|
|
|
gimnástica.
|
|
|
|
|
Apêndices
APÊNDICES
I
Elementos para a organização de uma caderneta pedológica,
destinada a sistematizar o estudo do «crescimento»
1)
Indicações prévias relativas ao exemplar de estudo:
1) Nome e pronomes
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Nome
|
|
|
Pai
|
Idade
|
|
|
Estatura
|
2) Filiação
|
|
|
|
|
|
|
Nome
|
|
Mãe
|
Idade
|
|
|
|
Estatura
|
|
|
|
|
|
3) Naturalidade
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
4) Residência
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
económicas[195]
|
|
|
5) Condições do meio em que
vive
|
morais[196]
|
|
|
|
sociais[197]
|
|
|
|
|
|
|
|
6) Ensino que recebe[198]
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
7) Antecedentes hereditários[199]
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
8) Antecedentes pessoais[200]
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
9) Particularidades[201]
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
10) Aspecto geral[202]
|
|
|
|
|
[138]
2)
Exame fisiológico e clínico:
|
TRIMESTRE
|
|
1.º
|
2.º
|
3.º
|
4.º
|
5.º
|
6.º
|
7.º
|
8.º
|
1) Data da observação |
|
|
|
|
|
|
|
|
2) Pele e couro cabeludo[203] |
|
|
|
|
|
|
|
|
3) Ossos e articulações[204] |
|
|
|
|
|
|
|
|
4) Aparelho digestivo[205] |
|
|
|
|
|
|
|
|
5) Aparelho respiratório[206] |
|
|
|
|
|
|
|
|
6) Aparelho circulatório[207] |
|
|
|
|
|
|
|
|
7) Aparelho
génito-urinário[208] |
|
|
|
|
|
|
|
|
8) Aparelho locomotor[209] |
|
|
|
|
|
|
|
|
9) Sistema nervoso[210]
|
|
|
|
|
|
|
|
|
10) Malformações[211]
|
|
|
|
|
|
|
|
|
11) Deformações[212]
|
|
|
|
|
|
|
|
|
12) Fôrça física[213]
|
|
|
|
|
|
|
|
|
13) Fadigabilidade[214]
|
|
|
|
|
|
|
|
|
[144]
Mensurações do corpo humano
V. Vértex.
C. Canal auditivo.
F. Fúrcula esternal.
A. Acromion.
E. Epicôndilo.
I. Crista ilíaca.
T. Grande trocânter.
P. Púbis.
M. Médio.
J. Joelho.
Mal. Tornozêlo.
|
Pontos de Referência
|
[145]
3)
Exame antropométrico[215]:
|
|
MEDIDAS
|
TRIMESTRES
|
|
|
|
1.º
|
2.º
|
3.º
|
4.º
|
5.º
|
6.º
|
7.º
|
8.º
|
|
|
1) Data da observação
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
2) Pêso
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Projecções
Verticais (10)
|
|
3) Vértex (em pé)
|
|
|
|
|
|
|
|
|
4) Vértex (assentado)
|
|
|
|
|
|
|
|
|
5) Canal auditivo
|
|
|
|
|
|
|
|
|
6) Fúrcula esternal
|
|
|
|
|
|
|
|
|
7) Acromion
|
|
|
|
|
|
|
|
|
8) Cotovêlo
|
|
|
|
|
|
|
|
|
9) Médio
|
|
|
|
|
|
|
|
|
10) Grande trocânter
|
|
|
|
|
|
|
|
|
11) Joelho
|
|
|
|
|
|
|
|
|
12) Tornozêlo
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Diâmetros (5)
|
|
13) Diâmetro bi-acromial
|
|
|
|
|
|
|
|
|
14) D. ântero-posterior do tórax |
|
|
|
|
|
|
|
|
15) D. transverso do tórax
|
|
|
|
|
|
|
|
|
16) D. ântero-poster. do crânio
|
|
|
|
|
|
|
|
|
17) D. transverso do crânio
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
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Circunfer. (4)
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18) Perímetro craniano
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19) Per. xifo-esternal (repouso)
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20) Per. xifo-ester. (inspiração)
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21) Antebraço (máx. e mínimo)
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Outr. medidas |
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22) Compr. e largura do pé
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23) Compr. e largura da mão
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24) Envergadura
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[147]
4)
Exame psicológico:
OBSERVAÇÕES
|
TRIMESTRES
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1.º
|
2.º
|
3.º
|
4.º
|
5.º
|
6.º
|
7.º
|
8.º
|
1) Data da
observação |
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Olhos |
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côr do íris
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2) Órgãos dos
sentidos
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côr da auréola
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ôlho dir.
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acuidade visual
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ôlho esq.
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Sentido
cromático |
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ouvido dire.
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Acuidade auditiva
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ouvido esqu. |
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Acuidade
olfactiva
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Acuidade
gustativa
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Acuidade
táctil
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Sentido
álgico
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Sentido
estereognóstico
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3) Atenção
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espontânea |
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voluntária |
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4) Memória
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análise
qualitativa |
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análise
quantitativa
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|
5) Inteligência
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|
Notas: 1) A
acuidade visual deve ser medida, com o
auxílio
da
escala optométrica de Monoyer; e o
sentido cromático, com as
tábuas pseudo-isocromáticas, de Stilling.
2) A
acuidade auditiva mede-se, pelo
processo do relógio, e
pela
voz segredada.
3) A
acuidade olfactiva avalia-se pelo
olfactómetro; e a
gustativa,
pelo
gueusímetro.
4) A
acuidade táctil determina-se, pelos
estesiómetros; a
álgica,
pelos
algesimetros; e o sentido
estereognóstico, pelo
processo de
reconhecimento das curvaturas.
5) A
atenção aprecia-se, pelos
tempos de
reacção, e por
processos
didascálicos.
6) A
memória mede-se, por diferentes
processos, consoante a
função que se pretende considerar.
7) A
inteligência avalia-se, pela aplicação dos
tests de Binet e
Simon.
[148]
5)
Exame etológico e psiquiátrico:
OBSERVAÇÕES
|
TRIMESTRES
|
1.º
|
2.º
|
3.º
|
4.º
|
5.º
|
6.º
|
7.º
|
8.º
|
1) Data da
observação |
|
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2)
Humor habitual
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3) Temperamento
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activo |
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nervoso
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emotivo
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apático
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voluntarioso
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impulsivo
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equilibrado
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4) Sugestibilidade
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5)
Sensibilidade moral
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6)
Capacidade de trabalho |
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7)
Conduta
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8)
Aptidões
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9) Defeitos
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Fobias |
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Timidez
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Cólera |
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Mentira |
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Preguiça
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10)
Síntese—Carácter
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[149]
6)
Síntese da evolução—Fórmulas:
NOTAÇÕES
|
TRIMESTRES
|
1.º
|
2.º
|
3.º
|
4.º
|
5.º
|
6.º
|
7.º
|
8.º
|
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|
1) Relações e
proporções
dos segmentos
|
|
E/B[216]
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C/V[217]
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O/V[218]
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S=2E (D+d)[219]
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|
2) Fórmulas da
Puberdade
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P1 ou P2[220]
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P2+1[221]
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P5+A3-5[222]
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cefálico
|
( |
D. tr.x100 |
)[223]
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3) Índices
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D. ant. p. m. |
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torácico
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(
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D. transv.×100
|
)[224]
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D. ant. post.
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pélvico
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(
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D. s. p. b.×100
|
)[225]
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Dist. Cr.
Ilíacas
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4) Simbolos
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H. (humor)
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T. (temperamento)
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M. (musculatura)
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O. (ossatura)
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5)
CR.=E-
|
(P+
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Per. T.
insp.+exp. |
)[226]
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2
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II
(Sumário da «tese» apresentada, discutida e integralmente adoptada
pelo «Congresso Nacional de Educação física», realizado
em Lisboa, por iniciativa do «Gimnásio Club Português»,
nos dias 9-12 de junho de 1916.)
A CRIANÇA PORTUGUESA
Relator: Dr. Alves dos Santos, professor
de Filosofia e director do Laboratório
de Psicologia Experimental, da Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra;
professor de Psicologia Infantil, na Escola
Normal Superior; e director da Biblioteca
da mesma Universidade; sócio efectivo da
Academia das Sciências de Portugal.
INTRODUÇÃO
1) A Criança; sua concepção bio-psíquica e social.
2) Sciências da Criança: Pedologia; Psico-pedagogia;
Pedagogia experimental.
3) A vida da Criança; fases que atravessa, durante o
«Crescimento», ou idades de evolução do sólido humano:
infância, puerícia, adolescência, puberdade, nubilidade.
4) Características de cada uma destas idades, sua importância
e influência na marcha do «Crescimento».
5) Divisão dêste estudo em três partes, versando a primeira
sobre o Corpo da Criança; a segunda, sobre a Mentalidade
[152]
da Criança; e a terceira, sobre a Personalidade
da Criança.
6) Elementos e subsídios, de que podemos dispor para
a constituição de uma Pedologia nacional: observações,
mensurações, e experiências realizadas em estabelecimentos
de ensino, e noutros meios infantis, assim como no
Laboratório de psicologia experimental, de Coimbra. Resumo
das aquisições de factos, em primeira mão, que permitem,
a nosso ver, desde já, algumas generalizações sobre
o modo de crescimento da criança portuguesa.
PRIMEIRA PARTE
O corpo da criança
CAPÍTULO I
Noção do «Crescimento». Fenómenos que o constituem.
Causas que o determinam. Leis que o regem. Influências
que o modificam.
CAPÍTULO II
Método a empregar no estudo dos fenómenos do
«Crescimento».
CAPÍTULO III
Manifestações do «Crescimento» em altura, largura, espessura,
grossura e densidade; ou projecções verticais, diâmetros,
circunferências, cubagens, e pêso do sólido humano.
CAPÍTULO IV
«Crescimento» absoluto ou global, e «Crescimento» relativo
ou segmentar.
Ritmo do «Crescimento» absoluto da
Criança portuguesa. Fundamentos da Curva que exprime
êsse ritmo.
[153]
CAPÍTULO V
Insuficiência das medidas sintéticas (estatura, perímetro
torácico, e pêso) para a avaliação rigorosa dos fenómenos
do «Crescimento».
CAPÍTULO VI
«Crescimento» relativo, ou proporções métricas do
corpo da Criança, desde o nascimento até à idade adulta.
NOTA:
O relator apresentará ao Congresso as fórmulas do «Crescimento»
ou os cânones antropométricos das idades de evolução da
criança portuguesa; e exporá os fundamentos dessas fórmulas.
SEGUNDA PARTE
A mentalidade da criança
CAPÍTULO I
Origem e evolução da mentalidade infantil. Leis que a
regulam; influências que a modificam. Curva desta evolução.
Relações do desenvolvimento somático com o desenvolvimento
psíquico.
CAPÍTULO II
Os sentidos e a inteligência. Estudo experimental da
inteligência. A atenção; a memória, e a imaginação das
crianças.
CAPÍTULO III
Comparação do psiquismo animal com a psicologia das
primeiras idades da evolução.
NOTA:
O relator apresentará ao Congresso as conclusões dos seus
estudos sôbre a medida do trabalho mental, pelo método de Kraeplin,
assim como sôbre a análise quantitativa e qualitativa da
Memória; e sôbre a psicometria da atenção.
[154]
TERCEIRA PARTE
A personalidade da criança
CAPÍTULO I
Noção da «personalidade». O carácter; seus elementos
constitutivos e manifestações. Noção bio-psíquica e moral
do carácter. Formação do carácter, princípios em que
deve assentar.
CAPÍTULO II
Estados mórbidos da personalidade: a mentira; a preguiça;
a timidez; a cólera; as fobias das crianças. Patologia
da vontade.
CAPÍTULO III
Os vícios da educação tradicional; necessidade de
uma reforma na processologia da educação. Resumo e
conclusões.
NOTA:
O relator apresentará ao Congresso os resultados dos seus
trabalhos experimentais, realizados no Laboratório de psicologia,
sôbre a sugestibilidade das crianças; e o valor do testemunho
infantil.
CONCLUSÕES GERAIS
I
Crescimento físico
1) Existem em Portugal, em relação ao sexo masculino,
elementos mais do que suficientes para a organização
de uma tabela de médias, baseada nas observações e
[155]
mensurações, que exprimem o «Crescimento» absoluto
da Criança portuguesa, isto é, nas medidas sintéticas da
altura, do perímetro torácico, e do pêso.
2) Mas o simples conhecimento do ritmo do «Crescimento»
é insuficiente para a perfeita inteligência da natureza
física da Criança, e das leis do seu desenvolvimento
integral.
3) Donde resulta a necessidade de prosseguir activamente,
em nossos meios didascálicos e infantis, pela aplicação
do método auxanológico, na colheita de elementos
(mensurações segmentares do sólido humano), que permitam
generalizações seguras sobre as proporções métricas
do corpo das crianças, nas idades de evolução.
4) Emquanto, porêm, não existir, entre nós, um número
suficiente de observações e mensurações daquela natureza,
que justifiquem a adopção definitiva das fórmulas antropométricas
do «Crescimento» da Criança Portuguesa, podemos
e devemos adoptar provisóriamente cânones antropométricos,
cujos fundamentos se encontram, em parte,
nas medidas que são comuns ao «Crescimento» absoluto;
e, em parte, nas percentagens que resultam das médias
de mensurações obtidas em crianças de países estrangeiros,
que reúnem maior número de afinidades com as nossas
crianças.
II
Desenvolvimento mental
1) Não há diferença de natureza entre o psiquismo dos
animais superiores e a mentalidade infantil das primeiras
idades.
2) A curva do desenvolvimento mental coincide, em
quási tôda a sua extensão, com a curva do «Crescimento»
físico; e, em todo o caso, acompanha sempre a trajectória
da evolução do cérebro.
[156]
III
Formação do carácter
1) Os factores da educação moral devem ser os mesmos
da educação física, porque a disciplina em que se
baseiam ambas estas educações tem as mesmas origens
orgânicas, e produz análogos efeitos psíquicos.
2) Os estados mórbidos da Personalidade são mais
eficazmente combatidos pela higiene, do que pela autoridade.
III
Programas de Pedologia e de higiene escolar; prescrições de
higiene dentária; e instruções sôbre Pedometria, destinadas
às novas escolas normais primárias. (Regulamento e programas
para execução da lei n. 233, publicados no «Diário
do Govêrno» n.º 24, de 10 de fevereiro de 1916.)
PROGRAMA DE PEDOLOGIA
Pedologia.—Sua definição e importância. Movimento
pedológico.
Pedologia e pedotecnia.
Psicologia e pedagogia.
Pedagogia experimental e pedagogia geral. Psicopedologia
e psicopedagogia.
Relação da pedologia com a pedagogia.
Pedologia somática e pedologia psíquica.
Métodos da
pedologia somática.
Os caracteres descritivos e os caracteres métricos.
Noções elementares de antropometria escolar.—Estudo
dos principais caracteres métricos. Relação entre o pêso,
a altura e o perímetro torácico.
Coeficientes de robustez.
Mensurações nos alunos segundo a «Ficha individual».
O crescimento durante a idade escolar.—Ideas gerais
sôbre os métodos do estudo do crescimento.
Proporções métricas do corpo da criança desde o nascimento
à idade adulta.
[158]
Influências que actuam no crescimento. Leis do crescimento.
Crescimento visceral.
A criança, o adolescente e o adulto.
Crescimento irregular. Perturbações orgânicas que produz e suas
consequências pedagógicas.
A puberdade.—Sua definição.
Características fisiológicas e psicológicas da puberdade.
Duração do período da puberdade.
Pedologia psíquica.—Definição. Métodos.
Desenvolvimento intelectual e psíquico em geral.
Factores dêste desenvolvimento e diferentes estádios.
Desenvolvimento sensorial.—Visão. Audição. Olfacto.
Gôsto. Tato. Os sentidos estereognósticos. O sentido cinestésico.
A atenção. A associação. A imaginação. A memória e
o hábito. A percepção. O juízo e o raciocínio.
Desenvolvimento dos sentimentos.—Os movimentos.
Os sentimentos em geral. As emoções e as tendências. Os
instintos. Os interesses infantis; seu papel na educação.
A vontade. O carácter.
A linguagem, os gestos, a fisionomia e os costumes das crianças.
Medida do desenvolvimento psíquico nas diferentes
idades.
Tests
mentais.
Relações entre o crescimento físico e o crescimento
psíquico.
Influências psíquicas imediatas da escola.
Herança psicológica e educação.
Crianças visuais, auditivas e motoras.—Os tipos
mixtos.
Fadiga intelectual.
Generalidades.
Noções gerais dos processos de medição da «fadiga
intelectual»:
a) Processos directos. Ditado, leitura, cálculo, cópia,
memoriação, etc.
[159]
b) Processos indirectos. Estesiometria, algesimetria,
dinamometria, ergografia, etc.
Influência de diversos factores sôbre a fatigabilidade.
Influência do trabalho físico sobre a fadiga mental.
Sobernal.
O repouso.
O sono.
Dextrismo, sinistrismo e ambidextrismo.
Alunos preguiçosos.
Ideas gerais sôbre as crianças anormais.
Sua diagnose
e classificação.
As relações do professor com o médico.
Puericultura.—Puericultura intra-uterina. Primeiros
cuidados a dispensar aos recêm-nascidos. Alimentação do
0 aos 2 anos. Noções gerais da higiene da primeira infância.
PROGRAMA DE HIGIENE ESCOLAR
História da higiene escolar.—Evolução da higiene
escolar em Portugal.
Edifício escolar.—Suas condições higiénicas. Salas
de
classe e anexos, recreios, etc.
Mobiliário escolar.—Bases fisiológicas do
mobiliário
racional. Diferentes tipos de mobiliário.
Iluminação das escolas.—Iluminação natural e
artificial.
Fotometria escolar.
Aquecimento.
Ventilação das escolas.—Diferentes processos de
ventilação.
Higiene da vista.—Higiene da leitura e da escrita.
Os
livros e os cadernos escolares. Condições higiénicas da sua
impressão.
Higiene do ouvido.
Higiene do nariz e da bôca.
Higiene da garganta.—Fisiologia da voz. Afecções de
laringe. Profilaxia das perturbações da fonação. Defeitos
de pronúncia. Sua profilaxia e correcção.
[160]
Atitudes viciosas.—Suas conseqùências.
Doenças escolares não contagiosas.
Doenças contagiosas.—Profilaxia das doenças
contagiosas,
na escola. Desinfecção. Vacinações e revacinações.
Relações recíprocas entre alunos e professores, sob
o
duplo ponto de vista das doenças contagiosas e das influências
morais.
Educação física.—Bases
fiisiológicas desta educação.
Princípios a que deve obedecer a elaboração dum
horário.
Repartição das horas do trabalho e do repouso.
Cantinas escolares.
Colónias escolares.
Escolas e classes
ao ar livre.
Internatos e externatos.
Passeios e
excursões escolares.
PROGRAMA DE HIGIENE ESCOLAR
I
Antes te esqueças de lavar a cara do que a bôca e os
dentes.
II
Habitua-te, tam cedo quanto possível, à higiene dentária.
Aquele que é desleixado em criança, dificilmente se
corrige mais tarde.
III
A conservação e o bem-estar dos dentes de leite é tam
importante, como o dos dentes permanentes.
IV
Não abuses de doces e de alimentos muito moles. O
melhor meio natural de evitar a cária é mastigar com
fôrça pão com côdea espêssa.
[161]
V
Nunca te esqueças de lavar a bôca, à noite.
VI
A limpeza mecânica dos dentes, feita com uma escôva e
com um palito, constitue a base de tôda a higiene dentária.
VII
As lavagens da bôca com líquidos antisépticos inofensivos
e um bom pó ou pasta dentifrícia são muito eficazes
para completar a higiene dentária e bocal. Os dentifrícios
que são cáusticos para a mucosa, ou que descalcificam os
dentes, devem ser rejeitados. O sabão é um bom dentifrício.
VIII
Faze inspeccionar os dentes, uma ou duas vezes por
ano, por um dentista, a fim de que êle descubra os focos
mórbidos e os faça desaparecer, antes que sejam muito
extensos.
IX
O tártaro (pedra) deve ser extraído, de tempos a tempos.
X
Os dentes e as raízes que não possam ser conservados
e tratados, devem ser extraídos, sejam dolorosos ou não.
INSTRUÇÕES SOBRE PEDOMETRIA
Condições gerais:—As modificações morfológicas,
fisiológicas e psíquicas, produzidas pelos exercícios de
educação física (exercícios neuro-musculares e de adaptação
[162]
aos meios) podem ser medidas ou apreciadas e formarem
dois grupos principais: somático e físico-psíquico.
As mensurações constituem o processo mais racional
de verificar os efeitos dos exercícios, se nelas se observarem
as indicações seguintes:
O observador possuìrá a técnica de medir e conhecerá
a razão e o fim de cada medida. Tomará as medidas à
mesma hora, de preferência de manhã, antes de qualquer
exercício ou refeição e tanto quanto possível nas mesmas
condições e em períodos bem determinados, ex.: em Outubro
e Junho.
Estas medidas e observações serão apontadas em colunas
individuais no livro das mensurações, donde se tirarão
tôdas as notas para a organização das médias e dos índices
de classificação individual somática e fisiológica.
Os alunos serão medidos e observados de torso nu e
descalços e as alunas só com os fatos de gimnástica.
Para se assegurar bem da medida deverá esta repetir-se,
acto contínuo, as vezes que forem necessárias.
Nota.—As mensurações obtidas gráficamente por
bons instrumentos oferecem mais confiança.
TÉCNICA:
Para medir a altura:—O examinando colocar-se há
na craveira na atitude de sentido.
Para medir o pêso:—Torna-se necessário uma balança
decimal bem tarada e de fácil manejo. Os alunos
serão pesados em ceroulas; as alunas com os seus fatos
de gimnástica.
Para medir a capacidade vital:—É necessário
utilizar
um espirómetro, como o de Charles Verdin, colocá-lo a
conveniente altura, usar duas tubuladuras de borracha com
as competentes embocaduras de vidro para se poderem
substituir a cada exame e desinfectar convenientemente.
[163]
Modo de medir:—O examinando, em face do aparelho,
toma o tubo de vidro (embocadura) na bôca, depois de ter
enchido quanto pode o pulmão, cerra os lábios sôbre o
tubo para não perder ar e expira suavemente todo o ar
que possa, o que será registado pelo espirómetro.
Para medir a mobilização torácica:—O examinando,
de calcanhares juntos, mantêm os braços laterais e horizontais.
Fazem-se 3 provas e tira-se a média.
Diâmetros xifoìdianos:—É necessário um compasso de
espessura como o grande de
Collin.
Modo de medir:
Diâmetro transverso:—Aplicam-se as pontas do
compasso
nos pontos mais laterais do tórax e no nível do
ponto esterno-xifoìdiano; o examinando faz, então, a maior
inspiração e logo a seguir a mais completa expiração e
toma-se nota dos diâmetros máximo e mínimo.
Diâmetro ântero-posterior:—Aplica-se uma das pontas
do compasso no ponto esterno-xifoìdiano e a outra na linha
das apófises espinhosas e ao nível daquele ponto; no
resto procede-se como no transverso.
Perímetros xifoìdianos:—Na falta dum instrumento
que nos dê com precisão e facilidade gráficamente o perímetro
torácico é mais prático usar, com o devido cuidado,
a fita métrica inextensível.
Modo de medir com a fita:—Aplica-se esta
horizontalmente
ao nível do ponto esterno-xifoìdiano, o examinando
faz a máxima inspiração e logo a seguir a máxima expiração
e o observador toma nota dos perímetros máximo e mínimo.
Perímetro umbilical:—Procede-se como no perímetro
torácico.
Nota.—Os perímetros tomam-se só aos alunos.
[164]
Para medir a fôrça de pressão e de tracção:—Para a
de pressão é necessário um dinamómetro como o de
Collin;
para a de tracção um dinamómetro como o de
Andrew.
Modos de medir:—Na pressão toma-se o dinamómetro
na concha da mão e cerra-se esta com a máxima fôrça,
repete-se duas vezes e toma-se a prova maior; na
tracção tomam-se os anéis das cadeias, um em cada mão,
tiram-se para os lados, repete-se e toma-se a maior prova.
Para se obter o ritmo respiratório:—Na falta de um
adequado pneumógrafo, o número e o ritmo podem obter-se
pela palpação; o observador, colocado por detrás do
examinando, aplica as mãos sôbre os seus ombros, estendendo
os quatro dedos sôbre as clavículas e as primeiras
costelas e os polegares estendidos para o dorso, ou em
face do examinando, aplica-lhe as mãos nos lados do tórax
e em presença de um relógio observa o ritmo e conta as
respirações num minuto.
Para tomar o ritmo cardíaco:—Na falta dum
esfigmógrafo
de uso e de precisão, o professor, tomando o pulso,
obterá o número, o ritmo, a forma e apreciará a pressão
em repouso e depois dum escolhido exercício, ex.: uma
pequena carreira.
Para classificar os desvios ósseos da coluna
vertebral:—Na
falta dum raquiógrafo conveniente, o professor
pode chegar por uma observação inteligente: dos movimentos
da coluna, da sua forma na atitude de sentido, das
atitudes das espáduas e da cabeça, da forma torácica, etc.,
a conhecer os desvios.
Do tórax:—Na falta dum toracógrafo o observador
pode usar o cirtómetro de chumbo ou ainda, o compasso
de espessura tirando os diâmetros necessários para o que
o examinando tomará a atitude de sentido com os braços
laterais e horizontais.
DECRETO N.º 4:900
Sendo urgente codificar e regulamentar tôdas as disposições
legais em vigor, relativas às Escolas Normais
Superiores das Universidades de Coimbra e Lisboa;
Atendendo à autorização concedida pelo § único do
artigo 42.º do decreto com fôrça de lei n.º 4:649, de 13 de
Julho de 1918;
Usando da faculdade que me confere o n.º 3.º do artigo
47.º da Constituição Política da República Portuguesa;
Hei por bem, sob proposta do Secretário de Estado da
Instrução Pública, decretar o seguinte:
Artigo 1.º É aprovado e mandado pôr em execução o
Regulamento das Escolas Normais Superiores das Universidades
de Coimbra e Lisboa, que faz parte integrante
dêste decreto, e vai assinado pelo Secretário de Estado da
Instrução Pública.
Art. 2.º Ficam, pelo presente regulamento, codificadas
tôdas as disposições legais em vigor, relativas às Escolas
Normais Superiores, substituídos os decretos regulamentares
n.º 2:117, de 27 de Novembro de 1915, n.º 2:509, de
14 de Julho de 1916, n.º 2:646, de 26 de Setembro de
1916, n.º 2:943, de 18 de Janeiro de 1917, n.º 3:012, de
6 de Março de 1917, n.º 3:097, de 18 de Abril de 1917, e
n.º 3:330, de 3 de Setembro de 1917, e regulamentados os
decretos com fôrça de lei, de 21 de Maio de 1911 e n.º
4:649, de 13 de Julho de 1918.
Art. 3.º Fica revogada a legislação em contrário.
O Secretário de Estado da Instrução Pública o faça publicar.
Paços do Govêrno da República, 5 de Outubro de
1918.—
Sidónio Pais—
José Alfredo Mendes
de Magalhães.
V
Índice Analítico do 2.º Volume desta Obra:
(NO PRELO)
PEDOLOGIA PSÍQUICA
(A mentalidade da Criança)
CAPÍTULO I
1) Órgãos dos sentidos: sensibilidade cutânea; sua discriminação.
2) Sensações tácteis, de pressão, térmicas, álgicas.
3) Sentido cinestésico e sentido estereognóstico. 4) A cinestesia.
5) Acuidade do tacto; sua medida. 6) Estesiometria.
7) Educação dos sentidos cutâneos.
CAPÍTULO II
1) A visão; anatomia e fisiologia do bolbo ocular; mecanismo
da visão. 2) Emetropia, ametropia e hipermetropia. 3) Medida
da acuidade visual. 4) Sentido cromático; suas anomalias.
5) Medida dêste sentido; tábuas pseudo-isocromáticas
de Stilling.
CAPÍTULO III
1) A audição; mecanismo das sensações auditivas. 2) Medida
da acuidade auditiva. 3) Sentido otolítico.
CAPÍTULO IV
1) Os sentidos químicos: olfacto e gôsto. 2) Morfologia e funcionamento
dos respectivos órgãos. 3) Olfactometria e
gustometria.
[167]
CAPÍTULO V
1) A atenção; suas espécies. 2) Patologia da atenção. 3) Medida
da atenção. 4) Educabilidade da atenção.
CAPÍTULO VI
1) A memória; suas operações fundamentais. 2) Patologia da
memória. 3) Análise qualitativa da memória: processos;
experiências. 4) Análise quantitativa da memória. 5) Educação
da memória.
CAPÍTULO VII
1) A inteligência; sua noção. 2) Nível intelectual e nível escolar.
3) Medida da inteligência: processos; escala métrica
da inteligência. 4) Estudo scientífico do trabalho mental.
5) A fadiga física e a fadiga mental: sua medida.
CAPÍTULO VIII
1) Noção da personalidade. 2) O carácter; seus elementos constitutivos
e manifestações. 3) Formação do carácter; princípios
sobre que deve assentar. 4) Os estados mórbidos
da personalidade: a mentira, a preguiça, a timidez, a cólera,
as fobias das crianças. 5) Patologia da vontade.
6) Os vícios da educação tradicional. 7) Educação moral
e cívica das crianças, segundo os princípios da pedagogia
moderna. 8) A moral na escola.
VI
O estudo do «crescimento», no Colégio Moderno de Coimbra,
pela aplicação do método auxanológico
O estudo do «crescimento», pelo
método auxanológico,
faz-se presentemente, sob a nossa direcção, em alunos
internos do
Colégio Moderno, de Coimbra.
As primeiras
mensurações foram realizadas, durante
os meses de maio e junho, do ano de 1918.
Em maio e junho, dêste ano de 1919, ao prefazerem-se
doze meses completos, continuou-se êste
serviço
antropométrico,
que não pôde ser executado em novembro e dezembro
(fim do 1.º semestre), como convinha, mercê das
ocorrências políticas, que perturbaram a
vida nacional.
Foram
observados e
mensurados (e
continuá-lo hão a
ser) 115 alunos, de
idades que se acham
compreendidas
entre os dez e os dezoito anos.
As
medidas são tomadas, sempre, sobre o
corpo nu
do aluno; o
material pedométrico empregado
é aquele que
indicámos, a página 145 (
nota); e a
técnica regula-se, pelas
instruções do D.
r Paulo Godin, publicadas, a página
243 e
seguintes, do seu livro: «
La Croissance pendant l'âge
scolaire»,
Paris, 1913.
Alêm das
medidas segmentares, relativas ao
crescimento
físico, colhemos, nas
observações, todos
os elementos
necessários para o estudo da
puberdade. E nem
sómente
nos preocupou a
pedometria somática, mas tambêm
iniciamos trabalhos, que aproveitem à
pedometria
psíquica,
isto é, à
medida da acuidade sensorial, e ao
exame psíquico,
etológico e psiquiátrico dos alunos.
[169]
Nesta primeira exposição, limitar-nos hemos a divulgar
os
resultados antropométricos obtidos,
condensando-os,
nos seguintes mapas: 1) das
projecções verticais;
2) do
pêso; 3) da
puberdade.
I
Projecções Verticais Sintéticas
(médias)
|
Idades (anos)
|
Número de indivíduos
|
Altura (milímetros)
|
Busto (milímetros)
|
Bx100
——————[227]
A
|
10
|
9
|
1,273
|
0,680
|
53
|
11
|
5
|
1,382
|
0,716
|
51
|
12
|
7
|
1,412
|
0,724
|
51
|
13
|
14
|
1,474
|
0,737
|
50
|
14
|
32
|
1,496
|
0,765
|
51
|
15
|
25
|
1,587
|
0,800
|
50
|
16
|
15
|
1,614
|
0,810
|
50
|
17
|
7
|
1,649
|
0,850
|
51
|
18
|
1
|
1,635
|
0,844
|
51
|
Total
|
115
|
—
|
—
|
—
|
[170]
Verifica-se, pela
leitura dêste primeiro
mapa, que o
«crescimento» dêstes alunos do
Colégio Moderno não
se
afasta sensivelmente dos
resultados gerais, a que
chegámos,
em relação à
criança portuguesa.
Assim, a
macrosquelia (característica da
adolescência
e da
puberdade) é evidente, do mesmo modo que tambêm
é normal o
índice
do tronco, que,
como se vê, oscila
entre 50 e 53.
II
Pêso (médias)
|
Idades (anos)
|
Número de indivíduos
|
Quilogramas
|
10
|
9
|
26
|
11
|
5
|
33
|
12
|
7
|
34
|
13
|
14
|
38,5
|
14
|
32
|
40,5
|
15
|
25
|
42
|
16
|
15
|
43
|
17
|
7
|
54,5
|
18
|
1
|
52
|
Total
|
115
|
—
|
E, quanto a
crises
do «crescimento»,
a conformidade
com a
curva,
que traçámos
[228] é
absoluta: veja-se
como o
ritmo, em
geral, se mantêm,
e como o
paralelismo
das acelerações
e das acalmias
(relativas) se
acusa, em todo o
percurso da
escala.
Sobre
pêso,
apenas há a observar
que, de conformidade
com as
conclusões a que
se tem chegado, a
marcha do «
crescimento»
é regular;
e que tambêm
de harmonia com
[171]
a
curva do
gráfico
respectivo
[229], a
fisionomia desta é
análoga.
Segue-se o
mapa da puberdade, cuja
leitura será, de
grande interêsse e importância, para todos quantos se interessem
pelos estudos de pedologia, entre nós.
Puberdade (sinais físicos)
|
Idades (anos)
|
Número de indivíduos
|
P1, 2, 3 ou 4[230]
|
P3 A1[231]
|
P5 A5[232]
|
10
|
9
|
0
|
0
|
0
|
11
|
5
|
0
|
0
|
0
|
12
|
7
|
1
|
0
|
0
|
13
|
14
|
5
|
1
|
0
|
14
|
32
|
12
|
3
|
2
|
15
|
25
|
5
|
13
|
4
|
16
|
15
|
5
|
4
|
5
|
17
|
7
|
0
|
1
|
6
|
18
|
1
|
0
|
0
|
1
|
Total
|
115
|
—
|
—
|
—
|
[172]
Verifica-se, em presença dêste
mapa que, sem dúvida
por influência do
internato, a
puberdade, entre os alunos
do
Colégio Moderno, manifesta-se, um pouco
tardiamente,
em relação a perto de 50% dêstes alunos.
Efectivamente, antes dos catorze anos, em trinta e cinco
alunos, apenas sete, de mais de doze anos, apresentam
vestígios dos
sinais físicos, característicos da
puberdade.
Aos catorze anos, de trinta e dois alunos, só dezassete
entram na
fase pubertária; e torna-se necessário
ultrapassar
essa
idade, para que todos se submetam à eficiência
da
lei.
Importa, porêm, notar que, dentre aqueles, em quem o
«crescimento» se afirma normal, a
puberdade aparece,
de
facto, pelos catorze anos, de conformidade com o que se
acha estabelecido, em relação à
criança portuguesa;
instala-se,
aos quinze; e encerra-se, pelos dezassete anos.
ÍNDICE
|
Páginas
|
Nota Preambular
|
7
|
Introdução
I—A criança; sua concepção bio-psíquica
e social
|
11
|
II—Sciências da criança: Pedologia, Psico-pedagogia,
Pedagogia experimental; outros ramos da Pedagogia
|
14
|
III—A vida da criança; fases que atravessa, durante o
«crescimento», ou idades da evolução do organismo humano
|
18
|
IV—Elementos e subsídios, de que podemos dispor, para
a constituição de uma Pedologia nacional
|
25
|
V—Bibliografia portuguesa de assuntos relativos à
psicologia e à pedologia
|
29
|
PEDOLOGIA SOMÁTICA
O CORPO DA CRIANÇA
Capítulo I—Fases da vida dos organismos. «Crescimento»;
suas espécies, e modos de o estudar.
Leis do «crescimento», e factores que o
modificam
|
35
|
Capítulo II—«Crescimento» absoluto; sua determinação,
em relação à criança portuguesa; tabelas de
médias, e respectivas curvas. O ritmo do
«crescimento», em Portugal
|
39
|
[174]
Capítulo III—Insuficiência do estudo do «crescimento» absoluto,
para a solução de todos os problemas
antropométricos. «Crescimento» relativo ou
segmentar; sua determinação, tanto sintética,
como analítica, pelo confronto dos respectivos
elementos
|
59
|
Capítulo IV—Medidas segmentares, para avaliação do
«crescimento» relativo, ou das proporções
do corpo, nas idades de evolução. Cânones
antropométricos da criança portuguesa
|
69
|
Capítulo V—Processo bio-químico do «crescimento»:
osteogénese
|
105
|
Capítulo VI—Fórmulas antropométricas do «crescimento»
normal, nas idades de evolução. Anomalias
do «crescimento»; sua determinação, pelo processo
antropométrico
|
110
|
Capítulo VII—Doenças das crianças, nas idades de evolução.
A mortalidade infantil, em Portugal. «Crescimento»
desequilibrado; suas consequências
|
116
|
Capítulo VIII—Higiene do «crescimento»; exercícios físicos:
jogos e gimnástica
|
120
|
Capítulo IX—Evolução geral da mentalidade; fases desta
evolução e leis que a regulam. Os factores
bio-psíquicos do «crescimento»
|
125
|
APÊNDICES
I
Elementos para a organização de uma caderneta
pedológica,
destinada a sistematizar o estudo do
«crescimento»
|
141
|
II
A criança portuguesa (sumário da tese apresentada,
discutida
e integralmente adoptada pelo I Congresso nacional de
educação física, realizado em Lisboa, em
1916)
|
151
|
III
Programas de Pedologia, e de higiene escolar; prescrições
de higiene dentária; e instruções sôbre pedometria, constantes
do decreto, n.º 2.213, publicado no «Diário do Govêrno»
n.º 24 de 10 de Fevereiro de 1916, que aprovou o
regulamento e programas para execução da lei n.º 233 de
7 de Julho de 1914 sôbre o ensino normal
primário
|
157
|
IV
Decreto n.º 4.900, que reformou as escolas normais
superiores
|
165
|
V
Índice analítico do 2.º volume desta
obra
|
166
|
VI
O estudo do «crescimento», no Colégio Moderno, de Coimbra,
pela aplicação do método auxanológico
|
168
|
Livrarias Aillaud e Bertrand
LISBOA—73, Rua Garrett, 75
ANTOLOGIA PORTUGUESA
Cada volume brochado |
1$20 |
Cada volume encadernado |
1$60 |
A série da ANTOLOGIA PORTUGUESA,
que virá a constar de uns trinta
volumes, pelo menos, não será apresentada
ao público com numeração editorial. Cada
possuidor a ordenará como entenda, ou cronológicamente,
ou por poetas e prosadores,
segundo o seu critério e vontade.
Volumes no prélo e prestes a saír:
Manoel Bernardes, 2 volumes.
Alexandre Herculano, 2 volumes.
Frei Luís de Sousa, 2 volumes.
Guerra Junqueiro, 1
volume.
Em preparação:
Camões lírico, Antonio Vieira
Fernão Lopes, Eça de Queiroz, Bocage,
Lucena, Damião de Góis, Castilho,
Antéro de Figueiredo,
Sá de Miranda, João de Barros,
Camilo,
Os Cancioneiros, Fernão Mendes Pinto,
Gil Vicente, Garrett,
Garcia de Rezende, etc., etc.
Notas:
[1] Cf. o
índice analítico, no fim dêste
livro.
[2] Cf. Ch. Richet,
Essai de psychologie
générale, Paris, 1912;
G. Bohn,
La nouvelle psychologie animale, Paris,
1911; P. H. Souplet,
De l'animal à l'enfant, Paris, 1913.
[3] Cf. John Dewey,
L'école et l'enfant,
Paris, 1913.
[4] Cf. Dewey,
Interpretation of the savage mind,
apud Psychol. Review, 1902, pág. 217 e segs.
[5] Cf. Th. Ruyssen,
Essai sur l'évolution
psychólogique du jugement, Paris, 1904.
[6] Cf. G. Persigout,
Essais de Pédologie
générale, Paris, 1909.
[7] E. Claparède,
Psychologie de l'enfant et
Pédagogie expérimentale, Paris, 1916.
[8] Cf. Preyer,
Physiologie de
l'embryon, Paris, 1885; Ch. Letourneau,
La Biologie (origine et lois de la vie), Paris,
1912; A. Soulié,
Précis d'anatomie topographique, Paris,
1911.
[9] Cf. E. Claparède,
Psychologie de l'enfant
et Pédagogie expérimentale,
Paris, 1916.
[10] Cf. Pérez,
La psychologie de l'enfant,
Paris, 1878; Preyer,
L'âme de l'enfant, Paris, 1881.
[11] Cf.
The psychology of child
development, Chicago, 1903.
[12] Para o estudo de todos êstes
problemas,
cf. E. Roehrich,
Philosophie de l'éducation (essai de pédagogie
générale), obra
premiada pelo
Instituto de França, Paris, 1910; L.
Cellerier,
Esquisse
d'une science pédagogique, Paris, 1910; J. Dubois,
Le problème
pédagogique, Paris, 1911; L. Dugas,
Le problème de
l'éducation,
Paris, 1911; J. de la Vaissière,
Psychol. Pédag.,
Paris, 1916.
[13] Cf. Paul Barth,
Principi di Pedagogia e
didattica, trad.
ital., Milão, 1917.
[14] Cf. J. Carré et Roger Liquier,
Traité de
Pédagogie scolaire,
Paris, 1905.
[15] Cf. E. Brouard,
Inspection des écoles
primaires, Paris, 1887.
[16] Cf. E. Claparède,
Ob. cit.; G. Persigout,
Ob. cit.; E.
Blum,
La pedologie, apud
L'année psychologique,
5.º Vol., Paris, 1899.
[17] A criança
pensa e
age, segundo
leis diferentes, à medida
que
evoluciona da
infância à
puerícia e daí à
puberdade. Cf.
Dr. Alves dos Santos,
O Ensino primário em Portugal
(nas suas relações com a história geral da Nação), Pôrto, 1913, pág. 201.
[18] Cf. J. M. Baldwin,
El desenvolvimiento mental en
el niño y en la raza, trad. esp. , Barcelona, 1910; J. Wilbois,
Les nouvelles méthodes d'éducation, Paris, 1914; P. Hachet-Souplet,
De l'animal à l'enfant, Paris, 1913.
[19] Cf. Th. Ribot,
L'hérédité
psychologique, Paris, 1910; Davidson,
The recapitulation theory and human infancy,
New-York,
1914; Jacques Loeb,
Fisiologia comparata del cervello e psicologia
comparata, trad. ital., Milão, 1908.
[20] Há outros
critérios de classificação
das
idades do crescimento;
por exemplo: o
critério psico-biológico da aparição dos
interesses;
o
critério psicológico da adaptação sensorial; o
critério
didascálico; etc.; etc. Cf. E. Claparède,
Ob. cit.;
G. Stanley Hall,
Adolescence its psychology and its relations to physiology, anthropology,
sociology, sex, crime, religion and education, New-York,
1911.
[21] Cf. Dr. Alves dos Santos,
O crescimento da
criança portuguesa, Coimbra, 1917.
[22] Cf.
Année psychologique, 1911, pág. 48;
Th. Ruyssen,
Essai
sur l'évolution psychologique du jugement, Paris, 1904, pág.
71 e segs.; Ch. Letourneau,
La psychologie ethnique,
Paris, pág. 25 e segs.; E. Apert,
Les maladies des enfants, Paris,
1914.
[23] Cf. E. Cramaussel,
Le premier éveil intellectuel
de l'enfant, Paris, 1911.
[24] A
evolução dentária é um
fenómeno contínuo, que tem a
sua origem no segundo mês da
vida intra-uterina,
embora a
erupção
dos dentes só principie, pelo sexto mês, depois do
nascimento.
Os primeiros dentes são os
incisivos inferiores
medianos;
entre os oito e os dez meses, irrompem os
incisivos superiores
medianos; pelo décimo mês, os
incisivos superiores
laterais; do
décimo até ao décimo segundo mês, os
incisivos inferiores
laterais.
Depois do
primeiro ano, aparece todo o
grupo dos oito incisivos.
Até aos quinze meses, saem os
quatro primeiros
prè-molares;
pelos dois anos, os
quatro caninos; pelos dois anos
e meio, os
quatro últimos prè-molares.
[25] Cf. Th. Ruyssen,
Ob. cit.; Ch.
Letourneau,
La psychologie ethnique, cit.
[26] Cf. B. Perez,
Les trois premières années de
l'enfant, Paris,
1911, pág. 289 e segs.
[27] Tôda a criança que, aos dezasseis mêses,
não
andar, deve
ter-se por suspeita de
raquitismo, ou de
afecções crónicas do sistema
nervoso. Cf. E. Apert.
Les maladies des
enfants, cit., pág. 16.
[28] Os
vinte dentes do leite começam a
caír, pelos
sete anos,
sendo substituídos, sucessivamente, pela mesma ordem da sua aparição,
por
dentes definitivos. Os
incisivos
medianos são substituídos,
dos sete para os oito anos; os
laterais, dos oito
para os nove;
os
primeiros prè-molares, pelos dez anos; os
caninos, pelos onze;
os
segundos prè-molares, dos doze para os treze
anos. Ao mesmo
tempo, completa-se o
sistema dentário, pela erupção
dos
grandes
molares, nos espaços ainda livres das maxilas: pelos seis
anos, os
quatro primeiros grandes molares; pelos doze anos,
os
segundos
grandes molares; finalmente, pelos vinte anos, os
últimos grandes
molares (
dentes do siso). Cf. Apert.,
Ob. cit., pág. 14.
[29] G. Compayré,
L'adolescence, Paris,
1909, pág. 187.
[30] La Croissance pendant l'âge scolaire,
Paris, 1913, pág. 114.
[31] Cf. Dr. Alves dos Santos,
O «crescimento» da
criança portuguesa,
Coimbra, 1917; e
apèndice ao presente livro.
[32] Cf. Dr. Alves dos Santos,
Ob. cit.,
pág. 64, nota 3.ª
[33] Esta
escola tem uma
aula de
educação dos sentidos, e publica,
actualmente, um
Boletim, que é a continuação da
Revista
de Pedagogia (
Educação), da qual saíram
doze números.
[34] Esta
Instituição publica
estudos e
trabalhos sobre as
crianças,
numa
Revista mensal, que tem por título «
A
Tutoria».
[35] Esta
Sociedade tem por órgão um
Boletim trimestral (
Revista
de Educação Geral e Técnica), onde são publicados os
resultados
das investigações, a que procede, sobre «
o desenvolvimento
físico e, psíquico da criança».
[36] Cf. Dr. Alves dos Santos,
Psicologia e
Pedologia (relatório
uma
missão de estudo, no
estrangeiro), Coímbra, 1913.
[37] Cf. V. Houssay,
La forme et la vie,
Paris, 1900.
[38] Cf. Dr. Alves dos Santos,
O «crescimento» da
criança portuguesa
(subsídios para a constituíção de uma pedologia nacional),
Coímbra, 1917, pág. 63 e segs.
[39] Cf. Dr. Alves dos Santos,
Ob. cit.;
P. Godin,
La croissance
pendant l'âge scolaire, Paris, 1913; E. Apert,
Maladies des enfants,
Paris, 1914; J. Comby,
Traité du rachitisme, Paris,
1901; J. Philippe,
Les anomalies mentales chez les
écoliers, Paris, 1905.
[40] Cf. Dr. Alves dos Santos,
O «crescimento» da
criança portuguesa, cit., pág. 7 e segs.
[41] Cf. Dr. Alves dos Santos,
O «crescimento» da
criança portuguesa, Ob. cit., pág. 10 e segs.
[42] Anuários do
Rial Colégio
Militar: anos de 1899-1900; 1900-1901; 1901-1902; 1902-1903; 1903-1904; 1904-1905.
[43] La gymnastique médicale au collège de
Campolide, 1910.
[44] Cf. Memória do
Terceiro Congresso
Pedagógico, promovido
pela
Liga Nacional de Instrução, Lisboa, 1913, pág.
211 e segs.:
Contribuição ao estudo do crescimento da criança
portuguesa.
[45] Cf. Alfredo da Costa,
Quelques renseignements
statistiques sur la maternité provisoire de Lisbonne, Lisboa, 1906.
[46] Cf.
Relatórios dos serviços médicos e
farmacêuticos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, anos económicos de
1907-1908 a 1912-1913, seis fascículos.
[47] Sobre as
medidas pedométricas, a que se
referem os n.
os 6, 7, 8, 9 e 10, cf. o nosso livro, cit.
O crescimento da criança
portuguesa.
[48] Cf. E. J. Marey,
La méthode graphique dans les
sciences expérimentales, Paris, 1885; E. Claparède,
Psychologie de l'enfant
et pédagogie expérimentale, Genève, 1916.
[49] Cf.
Anthropométrie ou mésure des différentes
facultés de l'homme, Bruxelles, 1871.
[50]TAILLE MOYENNE DES PORTUGAIS CONTEMPORAINS,
DISTRIBUÉS PAR PROVINCES
Provinces
(Caractères
démonstratifs)
|
TAILLE
|
Hommes
|
Femmes
|
Moyenne
Millimètres
|
Basse
|
Moyenne
|
Haute
|
M=Minho
|
1627.95
|
Jusqu'à
1520
|
De
1521mm
jusqu'à
1620
|
Au
dessus
de
1621mm
|
TM=Trás-os-Montes
|
1645.53
|
D=Douro
|
1652.64
|
BA=Beira Alta
|
1630.15
|
BB=Beira Baixa
|
1646.83
|
E=Estremadura
|
1634.55
|
A=Alentejo
|
1625.34
|
Alg=Algarve
|
1633.20
|
IA=Ile des Açores
|
1651.45
|
IM=Ile de Madère
|
|
33.33%
|
54%
|
12.67%
|
Moyenne
générale
|
1639
|
|
Envergure générale
|
1673
|
100.00
|
[51] Cf. Th. Ruyssen,
Essai sur l'évolution
psychologique du
jugement, Paris, 1904, pág. 72.
[52] Cf.
Psychologie de l'enfant et pédagogie
expérimentale,
cit., pág. 419.
[53] Cf. Dr. A. Aurélio da Costa Ferreira,
O peso do
corpo da criança (lição de encerramento do curso de pedologia, na
escola normal de Lisboa no ano lectivo de 1914-15) apud
Archivo de
anatomia e anthropologia, Lisboa, 1915, vol. 3.º, n.º 2.
[54] O
perímetro torácico ultrapassa, em
média, a metade da
altura, no
adulto; e fica
inferior a essa metade, na criança, cuja
idade se ache compreendida entre os sete e os dezasseis anos.
[55] Cit. por Stanley Hall,
ob. cit., vol.
1, pág. 99.
[56] Cf. Pierre Mendousse,
L'âme de
l'adolescent, Paris, 1911;
A. Marro,
La puberté chez l'homme et chez la femme,
Paris, 1901.
[57] Cf. P. Godin,
La croissance pendant l'âge
scolaire, cit.; E. Apert,
Les enfants retardataires, Paris, 1902.
[58] Cf. Dr. E. Apert,
Les enfants
retardataires, Paris, 1902, páginas
10 e segs., donde se extraíu esta fotogravura.
[59] Cf. Pierre Mendousse,
L'âme de
l'adolescent, cit., P. Godin,
ob. cit., Stanley Hall,
ob. cit.
[60] Étude sur les rapports anthropométriques en
général et sur les principales proportions du corps (
Mém. de la
Soc. d'Anthrop. de Paris, 1902, vol. II, 3.ª série, fasc. 3.º).
[61] Cf.
Der Körper des Kindes, Stuttgart,
1909.
[62] Segundo Deniker, a
puberdade faz a sua
aparição, nos
países
quentes, entre os onze e os catorze anos; nos
países
frios, entre
os quinze e os dezoito; e nos
países temperados,
entre os treze
e os dezasseis; acrescentando, porêm, que é mistér contar com as
influências étnicas,
género de
vida,
regime alimentar, etc. Cf.
Les
races et les peuples de la terre, pág. 132.
[63] P. e A. exprimem a
eclosão pilar do
púbis e das
axilas. A
mudança
da voz e, no sexo feminino, o
fluxo
menstrual tambêm são
características da
puberdade. Os expoentes
referem-se à
quantidade.
[64] Confrontem-se os
dados antropométricos
inscritos na
figura n.º 12, com as
tabelas que exprimem as
médias de quatro
mil
mensurações feitas por Variot e Chaumet, em
escolas e creches
da cidade de Paris. Cf, págs. 54 e 58 dêste
trabalho.
[65] Aida nasceu em 14 de dezembro de 1903. Estatura do
pai, 1,474; da mãe, 1,579. Doenças: 1)
sarampo (aos
2
1⁄2 anos);
2)
coqueluche (aos 3 anos); 3)
bronquite
aguda (aos 3
1⁄2 anos);
4)
enterites freqùentes (dos 6 até aos 11 anos); 5)
variola benigna
(aos 8 anos); 6)
trasorelho (aos 8 anos); 7)
escarlatina (aos 11
1⁄2
anos). Duas
quedas, aos 5 anos. Como o
gráfico indica, o
crescimento, em altura, a partir dos seis anos,
diminue de intensidade, para não
recrudescer, senão, pelo aparecimento da
puberdade.
Aos onze anos (dezembro de 1914),
desenvolvimento dos
seios,
e P.
1. Em 10 de março de 1915,
primeiras regras, e
P.
2. Em setembro,
do mesmo ano, P.
3 A.
1.
[66] Na organização dos
cânones
antropométricos, temos de
acumular esta lacuna, considerando, provisòriamente,
valores
estrangeiros,
que serão substituídos por
valores nacionais, quando
os houver apurados.
[67] Cf. Prof. Alfredo da Costa,
Quelques
renseignements, etc.,
cit., pág. 96, donde são extraídos os
elementos
desta
tabela.
[68] O F designa o
diâmetro
occipito-frontal (ântero-posterior
máximo, da
glabela à
parte posterior
occipital).
B P significa o
diâmetro
bi-parietal (a maior distância que
separa transversalmente as duas
bossas parietais).
S O F representa a
circunferência do
crânio, à altura das
bossas frontais.
[69] Cf.
ob. cit., pág. 95.
[70] Cf. Mies,
Le poids du cerveau des
nouveau-nés, apud
Revue
d'anthropologie, 1889. Dr. G. Paul-Boncour,
Anthropologie anatomique,
§ 3.º.
Volume et capacité du crâne.
Indice
cubique, pág. 261
e segs.
[71] Cf.
Quelques considérations sur les dimensions de
la tête du foetus à terme, apud
Compte-rendu du Congrès
intern. de méd.,
Lisbonne, pág. 277 e segs.
[72] O
índice cefálico varia, durante a
infância e na
puerícia:
a sua
fixidez não se estabelece, senão a partir dos
nove anos. «Ordináriamente,
ao nascer, diz J. Deniker, as crianças parecem mais
dolicocéfalas, do que os adultos da sua raça; mas, a partir do primeiro
mês, a cabeça cresce mais de-pressa, em largura, do que em
comprimento...». «As nossas investigações pessoais convencem
de que a cabeça do infante aumenta, a princípio, em largura, para
chegar, em seguida, gradualmente, à forma definitiva, que se
estabelece,
pelos dez, doze ou quinze anos, segundo as raças».
Races
et peuples de la terre, Paris, 1900, págs. 88 e 89.
[73] Cf.
Contribuição para o estudo da bacia na mulher
portuguesa,
Pôrto, 1916, pág. 72 e segs.
[74] Cf. C
ontribuição para o estudo da
bacia, etc.,
cit.
[75] Cf.
Elementos elucidativos sôbre a relação dos
índices cefálicos
e da estatura com a capacidade craniana, apud
O
Instituto,
1900, mês de setembro.
[76] Cf.
Crânios portugueses, Coímbra,
1906.
[77] Índices cefálicos dos portugueses,
Coímbra, 1898.
[78] Estudo de antropometria portuguesa,
Lisboa, 1898.
[79] Notas sôbre Portugal, Lisboa, 1908,
tomo I.
[80] Cf. Fonseca Cardoso,
ob. cit., pág. 66.
Cf. tambêm sobre êste
assunto, Bento Carqueja,
O Povo Português, págs. 47
e segs.
[81] Em França, H. Muffang, professor do liceu de Saint-Brieuc,
procedeu, em vários estabelecimentos de ensino do seu país, a
investigações
cefalométricas, no intuito de verificar, se as
leis
da
antropo-sociologia são ou não aplicáveis a
determinados grupos de
população; e se existe alguma relação entre as
aptidões intelectuais
das crianças e as suas dimensões cranianas, ou seu índice
cefálico. As conclusões que formulou são as seguintes: «Il
semble
qu'il existe une rélation entre les formes du crâne et certaines
tendances,
novatrices ou conservatrices, en matière d'enseignement,
et une rélation entre les succés scolaires et les dimensions absolues
du crâne. Une plus forte longueur cranienne semble coïncider
soit avec plus d'énergie, soit avec plus d'aptitude intellectuele».
Cf.
Études d'anthropo-sociologie, Paris, 1897, págs.
2 e 3.
[82] Cf.
L'homme dans la nature, Paris,
1891, pág. 149.
[83] Cf. G. de Lapouge,
Les lois de
l'anthropo-sociologie, apud
Revue Scientifique, fasc. de outubro de 1897.
[84] Êste diâmetro é o
sacro-púbico.
[85] Cf. H. Vierordt,
Anatomische, physiologische und
physikalische
Daten und Tabellen, Iena, 1906.
[86] Alêm das
mensurações, que temos
indicado, existem outras,
pertencentes à
Escola de alunos marinheiros do
Norte, sobre
perímetros
do braço, do
antebraço, da
côxa, da
perna, do
pescôço,
da
bacia; sobre a
distância
inter-mamilar, e outras; sobre a
capacidade
vital;
fôrça muscular, etc.
[87] O
índice torácico, que calculamos para
cada
idade, é o que
exprime
a relação do diâmetro transverso máximo, multiplicado
por 100, com o diâmetro ântero-posterior máximo.
[88] Em
Campolide, tambêm se empregava esta
mesma
técnica.
No
livro das mensurações, a oitava coluna tinha a
seguinte rubrica:
«
Diâmetros xifoidianos (transversal e
ântero-posterior) tomados
durante a inspiração, a expiração e o tempo médio.»
[89] Cf. A. Soulié,
Précis d'anatomie topographique,
Paris,
1911, pág. 8-12; Godin,
ob. cit., P. Topinard,
L'anthropologie,
págs. 311 e segs.
[90] Proporções de Topinard.
[91] Os
valores métricos absolutos dos
segmentos são referidos à
estatura (1
m,66, no
homem;
1
m,54, na
mulher).
[92] Do
Vértex ao
Queixo.
[93] Do
Queixo à
Fúrcula
esternal.
[94] [95]
e
[96] Da
Fúrcula esternal à
base da Bacia.
[97] (
Espádua,
braço e
cotovêlo) do
acrómion ao
cotovêlo; (
antebraço,
punho e
mão) do
cotovêlo à
apófise estilóide.
[98] (
Anca,
côxa e
joelho) da
base da bacia ao
centro do joelho;
(
Perna e
tornozêlo) do
joelho ao
tornozêlo; (Pé) do
tornozêlo ao
solo.
[99] Circunferência máxima.
[100] Perímetro
xifoidiano.
[101] [102]
[103] [104]
Sobre estas
medidas, cf. P.
Godin,
ob. cit., págs. 252
e 253.
[105] No plano compreendido entre o
ponto
metópico e a
convexidade
occipital (a parte mais saliente).
[106] Entre os
parietais, ubicumque
inveniatur, de modo a obter
o máximo afastamento das pontas do
compasso.
[107] Ao nível da extremidade inferior do esterno. É o diâmetro
esterno-vertebral.
[108] Ao nível da 8.ª
costela.
[109] Sacro-púbico.
[110] Biilíaco (distância entre as cristas
ilíacas).
[111] Fórmula do índice pélvico:
|
Diâmetro sacro-púbico da
Bacia x 100
|
Índice =
|
|
|
Distância entre as cristas ilíacas
|
[112] Cf.
L'homme dans la nature, cit., pág.
126.
[113] O desenho destas figuras pertence ao sr. Eduardo Ferraz,
que o executou, sob a nossa direcção.
[114] Cf. António
Arroio,
O povo português,
apud
Notas
sôbre Portugal, t. II,
págs. 73 e segs.; Marques
Braga,
Ensaio
sôbre a psicologia do
povo português, Coimbra,
1902.
[115] Cf. J. Augusto Coelho,
Evolução geral das
sociedades ibéricas,
Lisboa, 1908, t. II.
[116] As
percentagens e os
valores
métricos são referidos à
altura
média do recêm-nascido (0
m,50).
[117] Quási a quarta parte da
altura.
[118] Quási dois terços da
altura.
[119] Braço, antebraço, mão.
[120] Côxa, perna, pé. Pouco mais de um têrço da
altura.
[121] Êste
índice exprime a relação do
diâmetro transverso, multiplicado
por 100, com o
diâmetro ântero-posterior.
[122] Êste 2.º
índice exprime a relação do
perímetro torácico,
multiplicado por 100, com a
altura do corpo.
[123] Ambos os
sexos.
[124] Cf. Charlton
Bastian,
Le cerveau
organe de la pensée,
t. II, cap. 1.º.
[125] Cf. Ch. Letourneau,
La psychologie
ethniqne, Paris, págs.
25 e segs.
[126] Cf. Bernard
Perez,
Les trois premières
années de
l'enfant, Paris, 1911,
págs. 10 e segs.
[127] Cf. P. Hachet-Souplet,
De l'animal à
l'enfant, Paris, 1913,
pág. 127 e segs.
[128] Cf. P. Hachet-Souplet,
ob. cit., pág.
127.
[129] Altura total do corpo: 83
cm (s. m.); 81
cm (s. fem.).
[130] J. J. Rousseau,
Émile, ou de l'éducation,
4 vols., La Haye,
1762.
[131] Cf. Th. Ruyssen,
Essai sur l'évolution
psychologique du
jugement,
cit., págs. 67 e segs.
[132] Cf. P. Hachet-Souplet,
ob. cit., págs.
70 e segs.
[133] Cf. Ed. Cramaussel,
Le premier éveil intellectuel
de l'enfant,
Paris, 1911.
[134] Altura total do corpo: 114
cm,5 (s. m.); 106
cm (s. fem.).
[135] Cf. M.
me Necker de Saussure,
L'éducation
progressive, L. II,
cap. IV; Fr. Queyrat,
La logique chez l'enfant,
Paris, 1907; B. Perez,
L'enfant de trois a sept ans,
Paris, 1907.
[136] Cf.
Le développement
mental chez
l'enfant et dans la race,
trad. fr., págs. 15
e 16.
[137] Cf. E. Claparède,
Psychologie de l'enfant
et pedagogie expérimentale,
Paris,
1916, págs. 515 e segs.
[138] Altura total do corpo: 154
cm,8 (s.
m.); 152
cm (s. fem.)
[139] Cf.
L'âme de l'adolescent,
cit., pág. 21.
[140] Cf.
Adolescence,
etc.,
cit., t. II, págs.
75 e segs.
[141] «
L'adolescence est l'âge de la
puberté, l'âge où la sexualité
s'établit définitivement, où le garçon devient homme, où la fille
devient femme. Et personne ne saurait contester que la puberté
marque une étape importante et décisive dans le cours de la vie
humaine». Cf. G. Compayré,
L'adolescence, Paris,
1909, pág. 5.
[142] Cf. J. Laumonier,
La physiologie
générale cit.
[143] Cf. Paul-Boncour,
Anthropologie
anatomique, cit., pág. 56
e segs.
[144] Cf. Topinard,
L'anthropologie, cit.;
Quételet,
Anthropométrie,
Paris, 1871; Paul-Boncour,
Ob. cit., pág. 60.
[145] Cf. J. Deniker,
Les races et les peuples de la
terre, Paris, 1900.
[146] Lannois depois de explicar essa
transformação, pelo estudo
das
modificações estruturais que a
lâmina
cartilaginosa sofre, a
partir do seu centro para o
ôsso diafisiário, desde
o
tecido hialino
típico, até à
zona osteóide ou de
ossificação, escreve: «assim se
forma o tecido ósseo, primitivamente esponjoso, que se juxtapõe e
assimila ao do corpo e da extremidade dos ossos. O modo de ossificação
indicado é activo e contínuo, prosseguindo, durante a infância,
e exagerando-se na adolescência, muitas vezes, por forma
brusca, determinando um crescimento mais ou menos rápido; que,
todavia, definitivamente se extingue, dos vinte aos vinte e cinco
anos. Se, então, examinarmos a região que corresponde à faixa
cartilagínea juxta-epifisiária, nenhuns vestígios encontraremos
dela: a cartilagem substituíu o ôsso, sendo completa a fusão da
epífise com a diáfise». Cf.
Études biologiques sur les
géants, cit.,
págs. 333, 334 e 335.
[147] Cf.
L'Anthropologie, cit., pág. 143;
cf. mais: Papillaut,
L'homme moyen à Paris, apud
Bull. et Mém. de la Soc.
d'Anthrop.,
1902; P. E. Launois,
Causes et consèquences de la prolongation
de l'ossification des cartilages de conjugaison, apud
Compt.
rendus de l'association des anatomistes, Liège, 1903; Alexis
Julien,
Loi de l'apparition du premier point épiphysaire des os
longs,
1892.
[148] Cf. Dr. G. Paul-Boncour,
Anthropologie
anatomique, cit,
pág. 117 e seg.
[149] Cf. Alves dos Santos,
O Crescimento da
Criança portuguesa,
cit., pág. 78-80 e 90; 71-77.
[150] As
notações que apresentamos,
representativas aliás de
grande número de
mensurações, divergem muito do
índice torácico
de Weisgerber, pelo que respeita ao
adulto, pois que
o fixa em 118. Cf. P. Topinard,
L'homme dans la nature,
cit., pág. 260.
[151] Cf. Dr. L. Manouvrier,
Étude sur les rapports
anthropométriques
en général et sur les principales proportions du corps,
apud
Mém. de la Soc. anthr., Paris, 1902, T. II.
[152] Cf. Dr. E. Apert,
Les enfants
retardataires, Paris, 1902; J.
Comby,
Traité du rachitisme, Paris, 1901.
[153] Cf. E. Regis,
Précis de psychiatrie,
Paris, 1914; Baréty,
De l'infantilisme, du sénilisme, du féminisme, du masculisme
et du facies scrofuleux,
Nice médical,
1876.
[154] Cf. L. Testut,
Traité d'anatomie
humaine, Paris, 1911,
T. III, 6.ª ed., págs. 762 e segs.
[155] Cf.
La physiologie générale, cit.,
págs. 424-426.
J. Héricourt atribue tambêm à insuficiência funcional da
glândula
tiroide outros acidentes e perturbações, que pertencem ao
reumatismo crónico: dôres nervosas e musculares,
retracções
aponevróticas, cefalalgias, moléstias de pele, etc.
Cf.
L'hygiène moderne, Paris, 1907, pág. 12.
[156] O sr. Dr. A. Aurélio da Costa Ferreíra, num artigo
publicado
na
Medicina Moderna (fevereiro de 1917) atribue a
gaguez a
excessos de secreção da
glândula tiroide. Cf.
Anuário da Casa-Pia,
1916-1917, pág. 544-546; cf. tambêm do mesmo autor,
Dois
sphygmogramas de gagos, Lisboa, 1918.
Sobre as relações do
corpo tiroide com as
perturbações da
ossificação, cf. C. Denis,
De l'influence
de la glande thyròide sur
le développement du squelette, Lyon, 1896; Boullenger,
De l'action
de la glande thyròide sur la croissance, Paris, 1896;
Rogowitch,
Effets de l'ablation du corps thyròide, apud
Arch. de Physiol.,
nov. de 1888; Gley,
Sur les fonctions du corps
thyròide, apud
Arch.
de physiol. norm. et pathol., Paris, 1892; P. E. Launois,
Études
biologiques sur les géants, cit., págs. 340 e segs.;
Iunta para ampliacion
de estudios...
Anales, T. XVII,
memoria 3.ª, Investigaciones
acerca de la inervación del páncreas como glándula de
secreción interna, por José Maria de Corral, Madrid, 1918.
[157] Cf. E. Apert,
Maladies des enfants,
cit., M. Springer,
Études
sur la croissance et son rôle en pathologie, Paris, 1890; J.
Comby,
Traité des maladies de l'enfance, Paris,
1899;
Maladies
de croissance, apud
Arch. de Médéc.,
1890.
[158] Cf. Dr. Álvaro F. de Novais e Sousa,
Assistência
e Maternidade,
Coímbra, 1915; Sobral Cid,
Mortalité infantile en Portugal—XV
Congrès International de Médicine, Lisboa, 1906.
[159] Cf.
Boletim mensal de estatística
demográfico-sanitária,
Lisboa, Impr. Nacional.
[160] Cf.
Anuário estatístico de Portugal
(vol.
es de 1903 a 1916),
Lisboa, Impr. Nac.
[161] Cf. Dr. Novaís e Sousa,
ob. cit., págs.
5 e segs.
[162] Êste
gráfico foi-nos amavelmente cedido
pelo snr. Dr. Novais
e Sousa, que o publicou, pela primeira vez, na
Assistência e
Maternidade, cit.
[163] Cf. Pierre Mendousse,
L'âme de
l'adolescent, cit.
[164] Cf. Paul Godin,
ob. cit., pág. 143 e
segs.
[165] Cf. Paul Godin,
ob. cit., pág. 152 e
segs.
[166] Cf. Dr. E. Claparède,
Psychologie de
l'enfant, etc., cit., pág.
429 e segs.; Fréd. Queyrat,
Les jeux des enfants,
Paris, 2.ª ed.,
1908; Dr. Alves dos Santos,
O ensino primário em
Portugal, cit.;
Stanley Hall,
Adolescence, etc., cit.; Colozza,
Psychol. und Pädagogik
des Kinderspiels, Altenburg, 1900.
[167] Cf. J. Wilbois,
Les nouvelles méthodes de
l'éducation, Paris,
1914.
[168] Cf. P. Hachet-Souplet,
De l'animal à
l'enfant, Paris, 1913;
Th. Ribot,
L'hérédité psychologique, Paris, 1910.
[169] Cf. para conhecimento dessas
classificações, Dr. E. Claparède,
ob. cit., págs. 462 e segs.; Queyrat,
Les
jeux de l'enfant,
Paris, 1905.
[170] Cf. António Alfredo Alves,
Jogos
infantis, apud
Revista de
educação, Lisboa, julho de 1912; F. Adolfo Coelho,
Jogos e rimas
infantis, Pòrto; Augusto Pires de Lima,
Jogos e
canções infantis,
Pòrto, 1916.
[171] Pertencem a Mosso estas palavras concludentes: «Até há
pouco tempo, os educadores e os fisiologistas limitavam-se a dizer
que a gimnástica alemã era inútil e perigosa; começa-se a dizer
agora que essa gimnástica é prejudicial. Cf.
Éducation physique de
la jeunesse, Paris, 1895, pág. 256. E Cellérier acrescenta:
«A gimnástica
não passa de uma abstracção do jôgo; tiraram-lhe os
atractivos dêste para lhe conservarem apenas o esfòrço e a fadiga,
que importa». Cf.
Esquisse d'une science
pédagogique, Paris, 1910,
págs. 192 e 193.
[172] O homem nasce, vive e morre, num
meio
aéreo; por isso,
o
ciclo da vida compreende-se entre uma
inspiração inicial e uma
expiração final. A vida é, portanto, uma
oxidação, assegurada
pelo jôgo elástico dos pulmões e do coração. Donde resulta que
tôda a
gimnástica (para ser racional) deve facilitar
aquele jôgo, isto
é,
ser respiratória. Cf. Dr. Tissié,
Précis
de gymnástique rationelle,
Paris, 1900.
[173] Cf. Dr. Desfossés,
La gymnastique respiratoire
chez les enfants,
Paris, 1900. Cf. Tambêm P. Barth,
Pedagogia e
Didatica,
trad. ital., Turim, 1917, pág. 453 e segs.
[174] Cf. Dr. E. Toulouse,
Le Cerveau, Paris,
1901; Th. Ribot,
Les
maladies de la mémoire, Paris, 1900; Ch. Richet,
Essai de psychologie
générale, Paris, 1912.
[175] Cf. Claude Bernard,
La science
expérimentale, Paris, 1878,
págs. 367-403; K. Pearson,
La grammaire de la
science, trad.
franç. do inglês, Paris, 1912, pág. 49 e segs.
[176] Cf. R. Turro,
La méthode objective,
apud
Revue philosophique,
n.
os 10 e 11, de out. e nov. de 1916.
[177] Cf. G. Bohn,
La nouvelle psychologie
animale, cit., pág. 17
e segs.
[178] Cf. Jacques Loeb,
Die Bedeutung der Tropismen für
die
Tierpsycholog.; E. Gley,
Études de psychologie
physiol. et pathol.,
Paris, 1903.
[179] Cf. Ch. Richet,
Dictionnaire de
physiol., pal.
cerveau; W.
James,
Principii dí psicologia, trad. ital., Milão,
1909, pág. 10-91.
[180] Cf. James Sully,
Études sur l'enfance,
trad. franç., Paris,
1898; Ch. Letourneau,
La psychologie éthnique,
Paris, 1900.
[181] Cf.
Traité International de Psychologie
Pathologique, Paris,
1911-1912, T. I, cit.; P. Flechsig,
Études sur le
cerveau, trad.
franç., Paris, 1898; J. P. Morat,
Traité de
physiologie (Fonctions
d'innervation), Paris, 1902; W. Bechterew,
La psychologie
objective,
Paris, 1913; Meumann,
Experimentelle Pädagogik,
1907;
W. James,
Principii di psicologia, cit.
[182] Cf. Ch. Letourneau,
La psychol. éthn.,
cit.
[183] Cf. J. Deniker,
Les races et les peuples de la
terre, cit., pág.
119 e segs.
[184] Traité Intern. de psychol. pathol.
T. I, cit., pág. 472.
[185] As
notações que o
diagrama (
fig. n.º 19) exprime, pertencem
aos
cânones
antropométricos, expostos a páginas 85-104.
[186] Cf. J. Deniker,
Ob. cit., pág. 123;
Traité intern. de psych.
pathol., cit. T. I, págs. 297-314; H. Höffding,
Esquisse d'une psychologie
fondée sur l'expérience, Paris, 1909, págs. 39-94; 118-122;
W. James,
Ob. cit.; Preyer,
L'âme de
l'enfant, págs. 298—304.
[187] Os
elementos que consideramos para a
concepção desta
curva, assim como os da
curva da
consciência (
fig. n.º 22) são
hauridos dos
testemunhos dos psicólogos e dos
fisiologistas, dispersos
pelos
livros de sciência, e tambêm
da
observação e da experiência
pessoal. A
forma gráfica dessa concepção é
absolutamente
original.
[188] Cf. o pref. do T. II do
Traité international de
psychologie
pathologique, cit.
[189] Cf. Ch. Feré,
Sensation et mouvement,
Paris, 1900, pág. 94
e segs.
[190] Cf. B. Perez,
Les trois premières années de
l'enfant, Paris,
1911, com pref. de James Sully; págs. 1-9.
[191] Cf. páginas 18 e segs. Cf. Preyer,
L'âme de
l'enfant, trad.
franç. cit; B. Perez,
Les trois premières années de
l'enfant, Paris,
1911; A criança, quando
nasce, exerce duas espécies
de
actividades
(ambas inconscientes): 1)
reacções, consecutivas a
excitações
(reflexas); 2)
actos hereditários, necessários à
manutenção
da vida (instintos). Os
centros nervosos dêstes
movimentos encontram-se
no
eixo cinzento (medula) e nos
centros
sub-corticais.
[192] A
linguagem é função do
sistema nervoso. Depois dos
centros
nervosos hereditários, e dos
centros corticais
sensoriais, o primeiro
centro que se organiza é o da
linguagem
falada; mas esta
só existirá verdadeiramente, quando existir uma perfeita
imagem
cerebral, isto é, uma
idea ou um
símbolo, de que seja expressão.
Aos
sons inarticulados do
recêm-nascido (puras
reflexas do
sistema nervoso), segue-se a
linguagem imitativa e
balbuciada
do
infante; depois a
palavra
rudimentar da criança que atinge o fim
do
primeiro ano; e só, por último, é que surge a
linguagem propriamente
dita, isto é, a
linguagem, como expressão do
pensamento.
Cf. Dr. Alves dos Santos,
Elementos de Filosofia
scientífica,
2.ª ed., Lisboa, 1918, pág. 221 e segs.;
Revue
Philosophique,
Jan. de 1918, fasc. n.º 1.
[193] Pertencem à
adolescência e ao
período peri-pubertário,
como características, que lhes são
específicas:
1)
espírito combativo e
audaz;
2)
optimismo;
ingenuidade;
consciência do próprio valor;
3)
coragem;
luta contra o mêdo;
4)
egotismo ou
egocentrismo
(expansão da
personalidade;
amor de si);
5)
sociabilidade;
6)
instabilidade (mental e moral);
7)
superactividade e dinamogenia dos sentimentos;
etc.,
etc.
Cf. Pierre Mendousse,
L'âme de
l'adolescent, Paris, 1911; G. Compayré,
L'adolescence, Paris, 1909.
[194] A êste
paralelismo chama A. Marie:
lei da simultaneidade
e da correlação necessária entre a energia nervosa e a actividade
mental.
[195] Meios de fortuna ou
recursos
materiais dos pais ou tutores.
[196] Conduta (normal ou anormal)
da
família.
[197] Profissão dos progenitores ou tutores.
[198] Oficial, particular ou doméstico.
[199] Fisiológicos e patológicos.
[200] Dentição, marcha, fala (épocas em que
se produziram).
[201] Acidentes (doenças, quedas,
traumatismos, assimetrias).
[202] Bom, mau, péssimo; grande, pequeno, médio; nutrido, magro,
esquelético; esbelto, atarracado.
[203] Estado da
pele; sua coloração e dos
cabelos.
[204] «Crescimento» (normal ou anormal) do
sistema
ósseo.
[205] Estado da
bôca e dos
dentes.
[206] Determinação da
capacidade vital
(quantidade de ar que
podem conter os
pulmões dilatados): 3 a 4,
m3
no adulto, normal.
Freqùência de respiração: a) no
adulto, normal, 14 a 18
respirações,
por minuto; b) no
recêm-nascido, 50; c) nas
idades intermediárias,
entre 15 e 45, caminhando para êsses extremos, consoante a
criança, pela sua idade, se aproxima ou afasta da
recêm-nascença.
Cada
respiração compreende uma
inspiração e uma
expiração. A
capacidade vital mede-se com o
espirómetro.
[207] estado da
circulação sanguínea pode
apreciar-se, por
meio do
cardiógrafo (que mede ou regista as
pulsações do coração),
do
pneumógrafo (que avalia a
amplitude
torácica), e do
esfigmógrafo
(que mede as
pulsações da artéria radial
(pulso). Segundo
Mathias Duval, o número médio de
pulsações, por
minuto
(medidas com o auxílio dum
relógio,
de segundos), em regra, é:
à
nascença, 160 a 180; 2) no
fim do primeiro ano, 100 a 115; 3)
na
puerícia (pelos 7 anos), 90 a 100; 4) no
período peri-pubertário,
de 80 a 90; 5) na
idade adulta, 70 a 75.
[208] Desenvolvimento dos
órgãos genitais; e
sinais da
puberdade.
[209] Desenvolvimento da
musculatura.
[210] Tonus ou
capacidade de
reacção.
[211] Defeitos de
construção orgânica.
[212] Modificações sobrevindas,
durante o «crescimento».
[213] Fôrça muscular (das mãos, dos rins,
etc.), medida pelos
dinamómetros.
[214] Fadiga física e
fadiga
mental; sua medida, por
processos
directos e
indirectos.
[215] Observação geral: Tòdas as
medidas são tomadas sôbre a
criança nua. O
material
pedométrico é o
auxanómetro de Paul
Godin: dois
compassos de espessura (um,
mais pequeno, para
medidas
cranianas; outro, maior, para os
diâmetros
torácicos); uma
fita métrica inextensível, para as
circunferências; e uma
balança
de precisão, para as
pesagens.
O
perímetro torácico mede-se à altura da extremidade
inferior
do
esterno, na sua articulação com o
apêndice xifóide.
O
diâmetro vertical do crânio toma-se, desde o
vértex ao
anti-tragus.
O
diâmetro vertical do tronco mede-se, desde a
fúrcula esternal
até ao
grande-trocânter.
Antebraço (máximo) representa a
grossura muscular;
(mínimo)
representa a
grossura óssea (pulso).
[216] E (estatura) B (busto).
[217] C (cérebro) V (vísceras).
[218] O (ossatura).
[219] S (superfície do corpo) E (estatura) D (diâmetro
ântero-posterior
máximo do crânio) d (diâmetro bi-acromial).
[220] Eclosão pilar do púbis. Primeiros
sinais da
Puberdade.
[221] Instalação da Puberdade. P (púbis) A
(axilas).
[222] Encerramento do
período pubertário.
[223] D. tr. (diâmetro transverso do crânio) D. ant. p. m.
(diâmetro
ântero-posterior máximo do crânio).
[224] D. transv. (diâmetro transverso do tórax) D. ant. post.
(diâmetro
ântero-posterior do tórax).
[225] D. s. p. b. (diâmetro sacro-púbico da bacia) Dist. cr.
ilíacas
(distância entre as
cristas ilíacas).
[226] É a
fórmula de Pignet.—C. R.
(coeficiente de robustez
física) E (estatura) P (pêso) Per. T. (perímetro torácio) insp. (inspiração)
exp. (expiração).
[227] Índice do tronco.
[228] Cf. pág. 48.
[229] Cf. pág. 53.
[230] Aparição da
Puberdade.
[231] Instalação da
Puberdade.
[232] Encerramento da
Puberdade.
Lista de erros corrigidos
Aqui encontram-se
listados todos os erros encontrados e corrigidos:
|
Original |
|
Correcção |
#pág. 59 |
semgentares |
... |
segmentares |
#pág. 113 |
«crescimento anormal, |
... |
«crescimento anormal», |
|
|
|
|
No quadro 5, na linha 13 da última coluna, o número surge sumido na obra original.
Sendo esse número resultado da média de valores apresentados anteriormente, conclui que esse seja "133".